São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2005

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FUTEBOL

Treinador diz que falta ao time maturidade e admite perder jogadores-chave como Lugano para torneio no Japão

Autuori vê São Paulo cru para o Mundial

Fernando Santos/Folha Imagem
O goleiro Rogério exibe camisa em alusão ao seu recorde de jogos pelo São Paulo, que joga em MG


TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O atual campeão da Taça Libertadores ainda está cru para a disputa do Mundial de Clubes no Japão, em dezembro. A avaliação é do técnico Paulo Autuori, que afirma que a equipe do São Paulo precisa amadurecer em vários aspectos e tem de esquecer os louros do título continental.
Segundo ele, o Brasileiro será termômetro dessa transformação e seus atletas têm a obrigação de buscar o título enquanto houver chance. Em entrevista à Folha, Autuori disse que trabalha com a chance de perder atletas até o Mundial, como Lugano, que o time deu uma "afrouxada" após a final da Libertadores e que irá participar de uma campanha contra a paralisia infantil.
 

Folha - O São Paulo que ganhou a Libertadores está maduro para o Mundial de Clubes?
Paulo Autuori -
Maturidade você consegue com bons resultados e pensando que não é só chegar dentro de campo e ganhar. Tem uma série de coisas que envolvem isso. Sendo sincero, não considero a nossa equipe madura por ter ganho a Libertadores. Acho que ainda lhe faltam coisas.

Folha - O que falta?
Autuori -
Formar uma equipe madura é complicado. Um time maduro tem que ganhar, ter continuidade de trabalho, entrar em campo sabendo o que fazer, ter variantes de jogo para manter a estrutura mesmo com a saída de jogadores, saber superar os momentos difíceis e ter atitude quando se consegue os objetivos.

Folha - Qual o primeiro passo?
Autuori -
O Brasileiro. Vamos lutar por ele enquanto tivermos chance. A forma como o time vai ser portar durante o torneio será importante para o Mundial. Depois, temos de ver como vai chegar ao Japão, a qualidade do futebol apresentado lá, a postura.

Folha - Como você explica essa queda de produção no Nacional após o tri da Libertadores?
Autuori -
A leitura que eu faço, embora não aceite, é que o time deu uma afrouxada. Nos próximos jogos, veremos se isso foi circunstancial.

Folha - Qual foi o momento-chave para o tri da Libertadores?
Autuori -
Os dois jogos contra o River Plate. Ali senti que a equipe tinha força para ser campeã. O que o time foi nos dois jogos da final [contra o Atlético-PR] se deve muito às partidas contra o River. Mas isso acabou, já passou.

Folha - Você trabalha com a possibilidade de perder atletas?
Autuori -
Todo treinador brasileiro tem que trabalhar com isso, senão está se iludindo. Não faço drama. A realidade é essa. Agosto é complicado. É o mês que podem sair atletas. O Lugano é um deles. Ele tem forte possibilidade de ir para a Europa, e a gente tem que saber conviver com isso.

Folha - Você pediria a algum atleta para ficar no clube?
Autuori -
O treinador nem precisa falar nisso, até porque o jogador sente. Depois, é um lance pessoal e não entendo que um treinador tenha poder de influenciar na vida particular do jogador.

Folha - Você foi convidado pelo Ministério da Saúde para participar da campanha contra a paralisia infantil. Aceitou o convite?
Autuori -
Com o maior prazer. Tive paralisia aos 15 anos mesmo estando vacinado e fiquei com uma seqüela na perna. Jogava futsal e remava. Com a doença, tive o privilégio de conviver com deficientes físicos irreversíveis, que me ensinaram a superar todas as dificuldades. Agora quero dar a minha contribuição à campanha.


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