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BASQUETE
Indy 4
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Em jogo, em Indianápolis,
não está apenas a sorte da seleção masculina, que há anos
busca recuperar seu status nas
quadras. O Mundial põe em xeque uma filosofia que virou hegemônica, que moldou gerações de
atletas, que dobrou a mídia e até
a história do basquete no país.
Na década de 80, o torcedor começou a cobrar da equipe nacional mais "disciplina tática" -defesa agressiva, rotação defensiva,
equilíbrio no ataque, precaução.
Mérito, então, do jovem treinador, que dava sequência ao trabalho pioneiro de Pedroca e coletava títulos no interior paulista.
À medida que os troféus da geração Oscar escasseavam, a escola francana ganhava popularidade e força política. E foi assim, em
nome da renovação espiritual e
tática, com palavras de ordem
triunfalistas e meta estabelecida
(Atenas-2004), que Hélio Rubens
assumiu a seleção em 1997.
O país relevou o fiasco no Mundial de 1998 (10º lugar, somente
um acima do de 1994). O projeto,
é claro, apenas engatinhava.
Considerou a eliminação no
Pré-Olímpico de 1999 um acidente de percurso. O objetivo do trabalho, afinal, era mesmo os Jogos
de 2004, e não os de 2000.
Atenuou o sumiço da supremacia continental em todas as faixas
etárias. "A distância para os argentinos é tênue", justificou-se.
O Mundial-2002, até que enfim,
encerra essa transição, pois dele
sai o número de vagas das Américas na Olimpíada de Atenas: uma
está garantida; outras dependem
de quantas seleções americanas
terminem até a 6ª posição.
Dada a competitividade do basquete internacional, seria injusto
exigir de Hélio Rubens que classifique o Brasil entre os seis primeiros. Mas ficar na faixa do 10º, 11º
colocados será inaceitável, sinal
de que não houve progressos.
O time enfrenta seis adversários
na primeira fase: Líbano, Turquia, Porto Rico e, provavelmente, Iugoslávia, Espanha e Canadá.
Para avançar às quartas-de-final,
deve vencer no mínimo três vezes.
Como os rivais, analisados aqui
nas últimas semanas, o Brasil encarou transtornos na preparação.
Muitos atletas tiveram de conciliar (ou abreviar) os treinos para
cuidar das carreiras. Marcelinho,
o mais talentoso, quase ficou fora.
O time perdeu seu melhor ala-pivô, Nenê, recém-contratado pela NBA, vítima de uma distensão
na virilha. E perdeu seu melhor
armador, Valtinho, que misteriosamente se contunde toda vez que
soa o chamado de Hélio Rubens.
A breve excursão à Europa evidenciou as falhas na convocação.
O alerta foi dado pelo Canadá,
que, mesmo sem seus jogadores
da NBA, apoderou-se do garrafão
brasileiro -capturou 21 rebotes
ofensivos, contra 15 rebotes defensivos do Brasil, distorção absurda.
Rafael Araújo, o Baby, pivô que
não era observado desde que se
mudou para os EUA em 2000,
acabou convidado às pressas. Conheceu ontem a comissão técnica.
O anúncio do grupo ocorrerá na
quarta-feira, véspera da estréia.
Será, de todo modo, um time baixo (média de 2,00 m) e inexperiente. Helinho e Marcelinho, os
líderes (palavra do treinador), jamais disputaram torneios dessa
envergadura como titulares.
Hélio Rubens é conhecido pelo
discurso empolgante, envolvente,
motor de um currículo de vitórias
sem paralelo no basquete brasileiro. Mas, aos 61 anos, terá de cantar de galo em terreiro alheio -e
provar, enfim, que seus métodos e
gritos têm alcance internacional.
Pré-Mundial 10
A vizinha Argentina ganhou 14 dos 18 duelos mais recentes. A Rússia, prata nas duas últimas edições, talvez tenha o conjunto mais
entrosado do Mundial. A Alemanha possui o melhor jogador da
competição, o ala-pivô Dirk Nowitzki. E os EUA... Vai ser muito,
muito difícil o Brasil avançar em um eventual mata-mata.
Pré-Mundial 11
A ESPN Brasil aumentou de cinco para oito os jogos que exibirá no
primeiro "round" da fase de classificação (os de Brasil, EUA e Argentina). Mas continuou fora da grade o Grupo A, de onde sairão
os rivais brasileiros no segundo "round". A emissora não conseguiu nenhum anúncio para viabilizar mais transmissões.
Pré-Mundial 12
Guilherme Junqueira, do www.basket.com.br, preparou uma boa
análise do torneio e despachará diariamente de Indianápolis.
E-mail melk@uol.com.br
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