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FUTEBOL
Contra EUA, Brasil perde medalha inédita no esporte, mas festeja 1º pódio feminino
Mulheres castigam trave, raspam no ouro e caem no final da prorrogação
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS
Mônica já sabe o que dirá ao filho Felipe, 6, quando pisar em São
Carlos, no dia 2. "Mamãe queria
te dar o ouro. Mas só conseguiu a
prata. Toma, ela é sua."
Mamãe joga na Ferroviária e é
zagueira da seleção. E ontem foi
vencida pela americana Abby
Wambach a nove minutos do fim
da prorrogação da final olímpica.
Após cobrança de escanteio, a
atacante subiu mais do que Mônica e, de cabeça, encobriu a goleira
Andréia: 2 a 1 para os EUA.
Foi o fim do sonho de 18 brasileiras. Que chutaram duas bolas
na trave e que tentaram fazer o
que os homens do país do futebol
nunca conseguiram: conquistar
uma medalha de ouro nos Jogos.
Ontem, o Brasil disputou a terceira final olímpica no futebol.
No pódio, cada uma com sua
prata e com a bolinha de tênis dada pelo técnico Renê Simões em 8
de março e que simbolizava a medalha olímpica. Houve choro. No
banco, o treinador também não
agüentou: "Prometi me segurar.
Mas elas ali, com a coroa de folhas
de oliveira... Lembrei da minha filha, Beatriz, que vai se casar em
novembro. Aí não agüentei".
Foi a primeira medalha olímpica da seleção feminina do Brasil.
Nas outras duas participações,
Atlanta e Sydney, o time não havia saído da quarta colocação.
O título, pela segunda vez, ficou
com as americanas. Bicampeões
mundiais (91 e 99), ouro em
Atlanta e prata em Sydney, os
EUA sofreram. E fizeram, com o
Brasil, o melhor jogo de toda a
competição feminina.
Uma partida que, apesar do público de apenas 10.416 pessoas no
estádio Karaiskaki, começou
quente. Aos 3min, o Brasil aplicou
o primeiro susto nos EUA.
Rosana recebeu de Marta, passou por duas americanas e chutou
de fora da área, resvalando o travessão. Dois minutos depois,
Marta mais uma vez avançou,
chutou, e a bola sobrou para Elaine disparar. A goleira Scurry jogou para escanteio.
Os EUA retrucaram aos 9min.
Lilly serviu Wambach que disparou ao gol. Andréia defendeu.
Com os dois times no ataque, o
jogo ficou aberto. E, a exemplo do
que ocorreu na fase de classificação, com alguns lances violentos.
Aos 20min, a melhor jogada do
primeiro tempo. Marta passou
por cinco adversárias, levantou o
estádio, mas tocou para Cristiane,
em posição de impedimento.
O primeiro gol saiu aos 39min
após um erro da juíza. E foi americano. Boxx tocou com a mão na
bola e passou para a meia Tarpley,
que chutou no canto e fez 1 a 0.
No segundo tempo, nervoso, o
Brasil só conseguiu acertar a primeira jogada aos 11min. Com Daniela, que recebeu bom passe de
Marta, mas chutou para fora.
O lance empolgou a seleção brasileira. Que empatou após uma
bela jogada de Cristiane, aos
27min. Ela avançou pela esquerda, se livrou de Markgraf e Fawcett e cruzou rasteiro. Scurry desviou nos pés de Pretinha: 1 a 1.
E então começou a saga das bolas na trave. Aos 32min, Cristiane,
em jogada individual, chutou de
fora da área, e bola explodiu na
trave com Scurry já vencida. Aos
42min, Marta serviu Pretinha,
que limpou a defesa e chutou. Pela segunda vez, na trave dos EUA.
"Não era para entrar. Hoje [ontem] não era", disse a atacante,
veterana de três Olimpíadas.
Com o 1 a 1, a prorrogação. Que
foi acirrada como todo o jogo até
que, aos 6min do segundo tempo,
Wambach cabeceou. A bola encobriu Andréia e ainda resvalou
em Juliana antes de entrar. Resultado: Felipe vai ganhar a prata.
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