|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PAN-AMERICANO
Segundo entidade que comanda atletismo, mudança que encareceu arena em R$ 21 mi era desnecessária
Iaaf nega ter pedido raia extra em estádio
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Iaaf (entidade que comanda o
atletismo) negou ontem haver
exigido que o estádio João Havelange, que irá abrigar as provas da
modalidade no Pan-Americano
do Rio-2007, tenha nove raias.
A inclusão de mais uma raia na
pista obrigou os engenheiros a fazerem alterações significativas no
projeto. O anel, a altura e a angulação das arquibancadas tiveram
que ser alterados já durante as
obras. As mudanças encareceram
o estádio em R$ 21.565.466,68.
A arena, que estava orçada inicialmente em R$ 160 milhões, não
deve custar menos do que R$ 224
milhões aos cofres do município.
Alguns gastos, porém, poderiam ter sido evitados. De acordo
com Nick Davies, porta-voz da
Iaaf, o regulamento exige um mínimo de oito raias em competições internacionais, caso do Pan.
Nos Jogos de Atenas-04, a pista
contava com nove raias. Já Pequim-08 planeja ter dez raias.
"As regras dizem que a pista deve ter no mínimo oito raias. Se tiver mais, ótimo. Mas é preciso somente oito", disse à Folha Davies.
O porta-voz da Iaaf também negou que a federação tenha enviado uma comissão para inspecionar as obras do estádio João Havelange, localizado no Engenho
de Dentro (zona norte do Rio).
"Talvez uma pessoa da Iaaf tenha feito uma visita não-oficial,
mas não uma comissão da entidade", declarou Davies, que diz não
ser esse o procedimento seguido
habitualmente pela entidade.
"Normalmente, os projetos são
apresentados à federação, que os
aprova ou não. Esse foi o caso das
cidades candidatas aos Jogos de
2012", explica o porta-voz.
Procurada ontem, a RioUrbe,
empresa da prefeitura que realiza
licitações e fiscaliza o andamento
das obras, afirmou que "a decisão
de aumentar para nove raias o trecho dos 100 m rasos atende à sugestão feita pelo diretor técnico da
Iaaf, Benoit Laruel, em reunião
realizada no dia 30 de setembro
de 2003, no auditório do COB".
A empresa ressalta que a participação do dirigente "teve como
objetivos conhecer e discutir o
projeto do estádio e, principalmente, dar consultoria quanto à
construção da pista de atletismo".
O encarecimento do estádio gerou polêmica na Câmara Municipal. O vereador Stepan Nercessian (PPS) se disse "surpreso".
""As coisas não estão indo para
um bom caminho. Temo que a
comissão permanente se transforme em comissão parlamentar
de inquérito", comentou o vereador, que é relator da comissão especial do Pan na Câmara do Rio.
Um dos coordenadores do Comitê Social do Pan, o economista
Luiz Mario Behnken, disse que ""o
caso da pista do estádio olímpico
é uma demonstração clara da falta
de planejamento e preparo da
Prefeitura do Rio para o Pan".
Ele afirmou que a entidade estuda entrar com representação no
Ministério Público Estadual por
causa do aumento dos custos.
O Comitê Social do Pan, que
reúne diversas ONGs, foi criado
para fiscalizar o orçamento e as
intervenções urbanísticas na cidade provocadas pelo evento.
Procurado pela Folha, o Comitê
Olímpico Brasileiro não se pronunciou sobre o tema. Já o Co-Rio
(comitê organizador) não respondeu recados da reportagem.
Texto Anterior: Juventude tenta embalo Próximo Texto: Frase Índice
|