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JUCA KFOURI
Na cesta do lixo
O basquete brasileiro conseguiu a proeza de se comportar pior no Japão do que o futebol na Alemanha
NÃO SOU saudosista.
Vi Pelé e Mané e acho que
jamais verei algo igual.
Mas me diverti bastante com Zico
Falcão e Sócrates, assim como com
Romário, Rivaldo e os Ronaldos, que
me divertem até hoje e, tomara, ainda me divertirão mais.
Não acho, portanto, que o futebol
de hoje seja incomparavelmente
pior do que o de ontem, embora, reconheça, que a minha geração deu
uma sorte danada por ter podido ver
o que viu, e vê, ontem, e hoje.
Se penso assim em relação ao nosso futebol, ou ao jogador brasileiro
de futebol, infelizmente não dá para
dizer o mesmo do basquete.
Tive a sorte de ver Amaury Passos,
Wlamir Marques, Rosa Branca, Ubiratã, Edson, tantos bicampeões
mundiais. Não só vi das arquibancadas e pela
TV, como, modestamente, pude vê-los de maneira bem mais privilegiada, de dentro da quadra.
Sim, não terei o atrevimento de dizer que joguei contra eles. Mas, em
meus distantes 18 anos de idade, estive dentro da quadra do Paulistano
num jogo contra o Corinthians, pelo
Campeonato Paulista de 1968. Pude, portanto, vê-los bem de perto, numa partida que foi um massacre, coisa de 135 a 60 se a memória
não me falha. Naquela noite, resolvi que o basquete não era minha praia, tamanha
a diferença. Basquete, para mim, passou a ser
aquilo que eles faziam, com competência, seriedade e graça.
Vi, em 1964, por exemplo, no ginásio do Parque São Jorge, o Corinthians desses gênios vencer o campeão europeu Real Madrid por 118 a
109, no primeiro jogo disputado no
Brasil em que os dois times passaram da contagem centenária. Foi
também a primeira vez que vi uma
ponte aérea, com Wlamir arremessando bolas nas laterais para Bira
enterrá-las.
Como tudo acaba, aquela geração
fabulosa acabou, e nem seria o caso
de exigir que surgisse uma outra
igual. Seria demais mesmo.
Mas a turma de Oscar, Marcel e
Marquinhos correu atrás e não deixou a bola grande cair ao manter o
bom nome de nosso basquete, por
exemplo, com a inesquecível conquista nos Jogos Pan-Americanos
de Indianápolis, menos pelo título
em si, mais pela vitória diante da seleção norte-americana repleta de
futuros astros da NBA. E os norte-americanos, é sabido,
detestam três coisas na vida: hambúrguer frio, cerveja quente e perder no basquete. Mas como as coisas mudaram para pior!
E bote pior nisso. Um lixo.
O vexame nacional no Mundial do
Japão conseguiu ser pior do que o do
futebol na Alemanha. Também, pudera!
A CBB é uma farsa, comandada
por um cartola que se elegeu contra
o continuísmo, mas que se eterniza
no poder e não sai de lá nem com reza brava, como, aliás, é comum no
mundo esportivo.
Ora, se não podemos com um Grego, que dirá com a seleção da Grécia,
gozaram os torcedores. Só que não tem graça nenhuma,
porque um comando dividido divide
tudo, inclusive o time. E o COB, cúmplice, se cala, porque
uma mão lava a outra.
O nosso basquete parou no tempo. Não marca, sofre de ejaculação precoce, não pensa, não nada. Lance livre, então, é um terror, deveria ser abolido da regra, porque
nossos jogadores erram os que têm
de acertar e acertam os que têm de
errar, como aconteceu.
Temos um time tão ansioso que,
contra a Austrália, na estréia, o quinteto conseguiu a proeza de fazer 25
ataques sem nem sequer arremessar a bola à cesta, coisa típica de
equipes pré-mirins.
Quer saber?
Nesta seleção até eu jogaria.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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