|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
vazios
Clubes rejeitam estádios da Copa-14
Para fugir dos vexames de campos vazios e rombo nas contas, governos tentam convencer os times a abraçar projetos
Cartolas de Pernambuco, Bahia e Distrito Federal preferem seus "alçapões"
a arenas que serão
erguidas para Mundial
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado, governos estaduais contando com jogos de
clubes nos estádios que serão
erguidos para a Copa de 2014.
Do outro, os clubes batendo o
pé, alegando que é mais vantajoso continuar em suas arenas.
No meio, o risco do surgimento
de elefantes brancos país afora.
Já ocorre em pelo menos três
sedes escolhidas para o Mundial: Brasília, Recife e Salvador.
As cidades nordestinas já
lançaram cálculos prevendo
que o retorno financeiro das
obras só acontecerá se os clubes trocarem suas tradicionais
casas pelas novas arenas.
Os planos dos governos deixariam em segundo plano sete
estádios, com capacidade para
cerca de 220 mil torcedores.
Pernambuco lançou consulta
pública para a PPP (parceria
público-privada) da sua arena,
orçada em R$ 452 milhões.
No documento, o governo diz
que uma das premissas "para o
equilíbrio financeiro" do estádio será que "os três grandes
clubes da capital do Estado
[Náutico, Santa Cruz e Sport]
deverão jogar seus melhores jogos na Arena, totalizando o número de 60 jogos por ano".
"Não será missão do governo
convencer os clubes a jogarem
no estádio, e sim de quem ganhar a concessão", diz Ricardo
Leitão, secretário da Casa Civil
do governo pernambucano.
Uma tarefa complicada.
"O Sport é contra. Como é
que vou levar para lá meus 149
camarotes, 8.400 cadeiras, 11
mil sócios? Não vou jogar em
um estádio que não seja nosso",
afirma Sílvio Guimarães, o presidente do clube rubro-negro.
"Se ganharmos só com a venda de ingressos, não vamos jogar lá. As pessoas vão ver as partidas pelo clube, não pelo estádio", declara Maurício Cardoso, o presidente do Náutico.
Situação similar ocorre em
Salvador. O edital da PPP para a
reconstrução da Fonte Nova
prevê 56 jogos de Bahia e Vitória em um ano. Cada clube faria
metade das partidas. Em tese.
"É uma previsão para fechar
a conta do estádio. Os jogos dos
clubes são essenciais na operação", afirma o secretário de
Trabalho, Emprego e Cidadania da Bahia, Nilton Vasconcelos, que deixará a negociação a
cargo da empresa vencedora.
Pelo edital, quanto menor for
a lucratividade da Fonte Nova,
maiores serão os desembolsos
do Estado para o vencedor da
licitação -a reforma está orçada em R$ 550 milhões.
Mas os clubes também pensam no bolso e rejeitam a possibilidade. O Vitória, por exemplo, tem o estádio Barradão,
que é superavitário e pode receber 35 mil pagantes. "É um
absurdo. Como um governo
põe no edital que temos de jogar lá?", afirma Jorge Sampaio,
vice-presidente do Vitória.
O Bahia tem jogado no estádio do Pituaçu, que é do Estado.
A intenção do governo é usá-lo
para esportes amadores e induzir o clube a ir para a Fonte Nova. Mas a agremiação pretende
obter a concessão do Pituaçu.
No Distrito Federal, o governo não incluirá na licitação nenhuma previsão de Gama e
Brasiliense atuarem no reformado Mané Garrincha, que receberá 70 mil pessoas. Mesmo
assim, já imagina dificuldades.
"O problema é que os clubes
dizem que o Mané Garrincha é
neutro e que seus estádios são
caldeirões", diz o secretário de
Esportes, Aguinaldo de Jesus.
O Estado já bancou a reforma
do Bezerrão (R$ 55 milhões),
que ficou com o Gama. O Brasiliense atua na sua casa, a Boca
do Jacaré, que deverá receber
dinheiro público para ser CT na
Copa. Os clássicos locais
atraem cerca de 10 mil pessoas.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Milionária: Pernambuco prevê que arena pode faturar até R$ 86 mi/ano Índice
|