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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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Série B encerra hoje sua 1ª fase, mas só no gramado


Disputa judicial envolvendo Náutico e Joinville pode bagunçar a competição e atrapalhar a corrida dos tradicionais Botafogo e Palmeiras para voltar à elite do Brasileiro em 2004


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos gramados, a primeira fase da mais estrelada Série B da história termina hoje, com 12 jogos. Mas, no tapetão, a disputa vai longe. Uma derrota do Náutico para o Botafogo, no Rio, deve transformar a segunda divisão do Nacional em uma bagunça jurídica.
Mesmo se o clube pernambucano vencer, e passar à próxima fase, existe a possibilidade de caos.
Tudo isso por uma pendência que se arrasta desde o início da competição, no final de abril.
Logo na primeira rodada, em jogo em que venceu o Joinville, o Náutico escalou um jogador, Marcos Lucas, que não estava devidamente registrado na CBF.
Assim, o time catarinense foi ao STJD e ganhou os pontos no tapetão. Foi então que entrou em campo a Justiça comum. Dizendo-se torcedor do Náutico, o advogado Ivan Rocha, que foi um dos representantes do clube na esfera esportiva, conseguiu, com base no novo Estatuto do Torcedor, uma liminar na 12ª Vara Federal de Recife que dá os três pontos de volta aos pernambucanos.
Passados quase dois meses, a liminar continuava válida até o início da noite de ontem, mas sem ser considerada pela CBF, que diz estar amparada por uma outra liminar, obtida na Justiça do Rio, que possibilita à entidade desconsiderar disputas de pontos decretadas na Justiça comum.
Dessa forma, para a CBF, o Náutico tem hoje 32 pontos. Já o clube, com base na liminar de seu Estado, diz ter 35 pontos, marca que o garante na segunda fase.
Se perder hoje, o clube pernambucano pode ser ultrapassado por Paulista e Lusa e ser eliminado.
A vitória do Náutico também não é sinônimo de calmaria. Com 38 pontos, o time teria boas chances de terminar entre os quatro primeiros e ter vantagem de um grupo mais tranquilo na segunda fase e facilidades nos mandos.
Os principais envolvidos no caso não confiam em solução tranquila. Há quem acredite que a disputa vá parar em Brasília, no Superior Tribunal de Justiça.
Até ontem, o Joinville tentava cassar a liminar pernambucana. Além disso, procurava outro recurso, um agravo de instrumento, no Tribunal Regional Federal. "O futuro da Série B para nós é uma incógnita", declarou Otávio Schroeder, diretor do departamento jurídico do Joinville.
E, mesmo que tenha sua liminar cassada, Ivan Rocha, o advogado e torcedor do Náutico, promete não desistir. "Vou até as últimas consequências", afirmou.
O STJD também pode contribuir para deixar a confusão ainda mais confusa. O tribunal ameaça punir o Náutico pela ação na Justiça comum, já que Rocha estaria ligado ao clube de Pernambuco.
Em meio a tantas disputas jurídicas, os times entram em campo para definir as últimas vagas na segunda fase. Palmeiras, Botafogo, Brasiliense, Remo e Santa Cruz, pela classificação da CBF, já estão garantidos. As outras três vagas serão definidas por Marília, Náutico, Sport, Paulista e Lusa.
No outro lado da tabela, o União São João já foi condenado à terceira divisão do Nacional. O outro rebaixado sairá da batalha travada entre Gama e Caxias.
Com tantos times tradicionais, a Série B foi um relativo sucesso de bilheteria. Pela última parcial da CBF, o público médio da competição era cerca de 30% superior ao do ano passado. Com o apelo de Palmeiras e Botafogo, a competição tem até jogos transmitidos ao vivo em emissoras abertas.


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