São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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Empresário culpa juízes por fraude de jogos

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nagib Fayad, 41, conhecido como Gibão, incriminou os árbitros Edilson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon no esquema de fraude de resultados em jogos.
O empresário prestou depoimento ontem, na sede da Polícia Federal em São Paulo, na Lapa (zona oeste), onde está detido.
Segundo Cássio Paoletti, advogado de Gibão, o empresário era um viciado em apostas e teria sido procurado pelos árbitros que ofereceram negociar os resultados.
"Ele teve um prejuízo patrimonial grande por causa de apostas e foi procurado por esses árbitros [Carvalho e Danelon]. O Nagib chegou a efetuar três pagamentos, de R$ 10 mil cada um, ao Edilson, mas esses resultados não ocorreram. Outras vezes foi prometido jogos, mas o pagamento não foi efetuado", afirmou Paoletti.
Apesar de pagar R$ 10 mil por jogo, o advogado diz que seu cliente apostava quantia menor.
"Pelas informações dele, essa coisa de somas vultosas é descabido. Eram apostas pequenas, evidentemente acabavam por se avolumar no curso de um determinado tempo. Eram por volta de R$ 500 a R$ 2.000", diz Paoletti.
O empresário aceitou fazer delação premiada, pela qual colaboraria com as investigações e teria a pena reduzida. Gibão, porém, culpou só Carvalho e Danelon, que já foram citados nas investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público).
"O Romildo [Corrêa] não foi citado", disse Paoletti, em referência ao juiz que, segundo Carvalho, também recebeu oferta do grupo que fraudava resultados para fazer apostas em sites clandestinos.
Carvalho também apontou Wanderlei, um amigo de Danelon, como responsável pelos contatos iniciais do juiz com o grupo. Paoletti comenta que seu cliente não conhece Wanderlei.
"Os árbitros chegaram ao Nagib a partir de conversas entre jogadores e pessoas desse meio [apostas pela internet]", disse Paoletti.
Carvalho, que prestaria novos esclarecimentos ontem, teve seu depoimento adiado. O árbitro ficou sem advogado, já que a Anaf (Associação Nacional de Árbitros), após a confissão, retirou seu profissional do caso.
A mulher de Carvalho, Márcia, disse ontem que deixará a casa onde vive com o marido e a filha de 8 anos. Ela disse ainda que não tem contato com o marido desde sábado, quando ele foi preso.
Ontem, Paulo Rogério Bonini, advogado de Danelon, foi pessoalmente à PF combinar depoimento do juiz para hoje, às 14h.
"Ele conhece o Edilson, mas não sabia do envolvimento dele com isso. O Danelon desconhece o esquema e virá espontaneamente à polícia falar isso. Ele está na casa de um amigo, em Piracicaba, sob tratamento médico, abalado com a situação", informou Bonini.
Romildo Corrêa, 42, citado no depoimento de Carvalho, disse ontem temer ser afastado do quadro de arbitragem da CBF. "Estou com medo de ser afastado do restante do Brasileiro", disse Corrêa.
O juiz disse que não sabia do esquema. "Não falei para ninguém porque essa oferta não se consumou. Se a proposta fosse feita, meu primeiro passo seria procurar a federação paulista para me orientar sobre o que fazer."
Corrêa afirmou que pode entrar na Justiça contra Edilson.


Colaboraram Rodrigo Mattos e Toni Assis, da Reportagem Local e Fábio Amato, da Agência Folha

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