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Empresário culpa juízes por fraude de jogos
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nagib Fayad, 41, conhecido como Gibão, incriminou os árbitros
Edilson Pereira de Carvalho e
Paulo José Danelon no esquema
de fraude de resultados em jogos.
O empresário prestou depoimento ontem, na sede da Polícia
Federal em São Paulo, na Lapa
(zona oeste), onde está detido.
Segundo Cássio Paoletti, advogado de Gibão, o empresário era
um viciado em apostas e teria sido
procurado pelos árbitros que ofereceram negociar os resultados.
"Ele teve um prejuízo patrimonial grande por causa de apostas e
foi procurado por esses árbitros
[Carvalho e Danelon]. O Nagib
chegou a efetuar três pagamentos,
de R$ 10 mil cada um, ao Edilson,
mas esses resultados não ocorreram. Outras vezes foi prometido
jogos, mas o pagamento não foi
efetuado", afirmou Paoletti.
Apesar de pagar R$ 10 mil por
jogo, o advogado diz que seu
cliente apostava quantia menor.
"Pelas informações dele, essa
coisa de somas vultosas é descabido. Eram apostas pequenas, evidentemente acabavam por se
avolumar no curso de um determinado tempo. Eram por volta de
R$ 500 a R$ 2.000", diz Paoletti.
O empresário aceitou fazer delação premiada, pela qual colaboraria com as investigações e teria a
pena reduzida. Gibão, porém, culpou só Carvalho e Danelon, que já
foram citados nas investigações
do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público).
"O Romildo [Corrêa] não foi citado", disse Paoletti, em referência ao juiz que, segundo Carvalho,
também recebeu oferta do grupo
que fraudava resultados para fazer apostas em sites clandestinos.
Carvalho também apontou
Wanderlei, um amigo de Danelon, como responsável pelos contatos iniciais do juiz com o grupo.
Paoletti comenta que seu cliente
não conhece Wanderlei.
"Os árbitros chegaram ao Nagib
a partir de conversas entre jogadores e pessoas desse meio [apostas pela internet]", disse Paoletti.
Carvalho, que prestaria novos
esclarecimentos ontem, teve seu
depoimento adiado. O árbitro ficou sem advogado, já que a Anaf
(Associação Nacional de Árbitros), após a confissão, retirou seu
profissional do caso.
A mulher de Carvalho, Márcia,
disse ontem que deixará a casa
onde vive com o marido e a filha
de 8 anos. Ela disse ainda que não
tem contato com o marido desde
sábado, quando ele foi preso.
Ontem, Paulo Rogério Bonini,
advogado de Danelon, foi pessoalmente à PF combinar depoimento do juiz para hoje, às 14h.
"Ele conhece o Edilson, mas não
sabia do envolvimento dele com
isso. O Danelon desconhece o esquema e virá espontaneamente à
polícia falar isso. Ele está na casa
de um amigo, em Piracicaba, sob
tratamento médico, abalado com
a situação", informou Bonini.
Romildo Corrêa, 42, citado no
depoimento de Carvalho, disse
ontem temer ser afastado do quadro de arbitragem da CBF. "Estou
com medo de ser afastado do restante do Brasileiro", disse Corrêa.
O juiz disse que não sabia do esquema. "Não falei para ninguém
porque essa oferta não se consumou. Se a proposta fosse feita,
meu primeiro passo seria procurar a federação paulista para me
orientar sobre o que fazer."
Corrêa afirmou que pode entrar
na Justiça contra Edilson.
Colaboraram Rodrigo Mattos e Toni
Assis, da Reportagem Local e Fábio
Amato, da Agência Folha
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