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FUTEBOL
Procon-SP silencia, mas envolvidos podem ser acionados pelo Ministério Público por infrações contra consumidores
Inquérito civil busca responsabilizar CBF
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A manipulação de resultados
dos jogos de futebol deixou de ser
só uma investigação criminal.
Chegou ontem à esfera civil.
Enquanto o Ministério Público
do Rio ia determinar, ainda ontem, a abertura de inquérito civil
para avaliar infrações dos direitos
dos consumidores pelo esquema,
em São Paulo, Marco Antonio Zanellato, coordenador das promotorias do consumidor paulistas,
afirmou que estudaria a hipótese
de uma ação de ressarcimento
por danos morais coletivos dos
torcedores dos clubes afetados
pelas manipulações.
"Pedirei as informações da investigação criminal de SP, mas,
pelos elementos que já temos, é
possível instaurar um inquérito.
Sem dúvida, a prestação de serviço de organização do campeonato foi defeituosa, causando danos
material e moral, que devem ser
reparados", afirmou Rodrigo Terra, da promotoria de defesa do
consumidor fluminense.
Para ele, a CBF, na qualidade de
organizadora do Brasileiro, também tem responsabilidade civil
pela lesão aos torcedores.
Outro que acredita na implicação da entidade é o procurador de
São Paulo. Segundo Zanellato, a
CBF e a Federação Paulista pecaram na devida vigilância sobre a
atuação de Edilson Pereira de
Carvalho. "Já pesava contra ele
uma suspeita anterior [a de ter
apresentado um diploma adulterado]. Logo, quem o indicou teria
contribuído também."
Para ele, a qualidade do serviço
prestado ao torcedor foi comprometida pela fraude confessada
por Carvalho. "O reflexo atingiu
os consumidores, os torcedores
lesados, que enfrentam dissabores por causa dos jogos. A massa
consumidora foi ludibriada."
Apesar das posições das promotorias de defesa do consumidor, o Procon-SP (Fundação de
Proteção e Defesa do Consumidor paulista) não adotará medida
judicial em favor dos torcedores.
Por meio de sua assessoria de
comunicação, a entidade informou que a diretoria de fiscalização do órgão considera o escândalo de manipulação de resultados uma questão de polícia. Disse
que estão sendo apurados crimes
e arrematou atestando que considera não haver uma relação de
consumo direto lesada pela manipulação dos resultados.
Alberto Carmo Frazatto, presidente da comissão de direito do
consumidor da OAB-SP (seção
paulista da Ordem dos Advogados do Brasil), qualificou como
"tímida" a posição do Procon-SP.
"De acordo com a lei, o Procon
tem legitimidade para promover
processos e aplicar sanções em
casos como este. Ele precisaria ser
mais arrojado", comentou o advogado, para quem as torcidas
uniformizadas também têm legitimidade para acionar a Justiça.
Frazatto destacou ainda que o
Código do Consumidor contempla crimes contra a relação de
consumo e que o constrangimento dos fãs (incluindo os que
acompanharam as partidas fraudadas pela TV ou rádio) poderia
ser tipificado nesses delitos.
Já Ricardo Adriano, presidente
da ONG Torcida Ativa, afirmou
que sua entidade entrará na Justiça caso o STJD não anule os jogos
em que houve manipulação.
Colaborou Ricardo Perrone,
do Painel FC
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