São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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FUTEBOL

Substituto de Márcio Bittencourt, que acertou contato com o Corinthians até 2006, vai receber R$ 120 mil mensais

Inflacionado, Lopes quer seguir ex-pupilo

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo técnico do Corinthians, Antonio Lopes, 64, vai ganhar quase seis vezes mais que Márcio Bittencourt e promete seguir a linha do antecessor, que deixou o clube anteontem com o melhor aproveitamento dos últimos 19 treinadores do clube desde 1990.
O acerto com Lopes foi feito no último sábado e ele vai receber R$ 120 mil mensais. Márcio, ex-auxiliar que foi efetivado como treinador em maio deste ano, ganhava cerca de R$ 23 mil.
"Eu não vou mudar radicalmente as coisas. Por isso, não quis trazer auxiliar. Quero ajuda dos colegas daqui. Não posso mudar na reta final. Seria estupidez minha", afirmou Lopes, que assinou contrato com o Corinthians até o final de 2006.
Márcio, que deixou a equipe na segunda posição do Nacional, com 50 pontos, comandou o time em 25 jogos no Nacional e conseguiu 15 vitórias, quatro empates e seis derrotas -um aproveitamento de 65,4%.
No Atlético-PR, seu ex-clube, Lopes, em 23 confrontos, obteve nove vitórias, seis empates e oito derrotas -eficiência de 47,8%.
Em sua apresentação, ele disse ser amigo de Márcio, de quem foi treinador no Internacional em 1992, e deixou as portas abertas para que ele continue trabalhando no Parque São Jorge.
"Tenho que dar seqüência ao trabalho do Márcio, que foi muito bom. Ainda não estive com ele. É uma grande figura. Mas não sei se ele vai querer continuar aqui. Acho que vai querer seguir a carreira de técnico", disse Lopes, que manterá o esquema 4-4-2.
Segundo Lopes, o aspecto financeiro não foi o que mais pesou para aceitar o convite do Corinthians. "O que me fez aceitar foi a capacidade técnica do grupo. Sinto que temos condições de vencer a competição", disse.
Apesar do retrospecto positivo, a saída de Márcio, que foi convidado para continuar como auxiliar no clube, foi definida após o empate em casa com o Atlético-MG. Na avaliação dos dirigentes, Márcio não tinha experiência para conduzir o time ao título Brasileiro. Pesou contra o técnico também o fato de não ser disciplinador, como é Lopes, que traz no currículo as conquistas do Brasileiro (1997) e da Libertadores (1998) pelo Vasco, além do pentacampeonato mundial com a seleção brasileira na função de auxiliar técnico, em 2002.
E foi com esse discurso que ele fez questão de se apresentar no clube. Delegado aposentado da Polícia Civil, ele tem fama de linha-dura e ontem afirmou que não faz questão de que "gostem dele". "Acho que minha fama se deve mais a minha criação do que ao fato de ter sido da polícia. Sou filho de portugueses, tive educação rígida e até os 18 anos não chegava em casa após às 22h. O meu pai era rígido e quando saía da linha o couro comia", contou. "Por isso, acho que o jogador tem que se aplicar, chegar no horário e levar uma vida compatível com a carreira de atleta. Quem não gostar disso não vai gostar de mim e não faço questão disso. Meu comportamento é assim: beijinho para quem merece e um tapa para quem não merece."
O meia Carlos Alberto, atleta que teve vários problemas disciplinares no clube, disse ter gostado da contratação de Lopes.
"Ele é um treinador experiente, sabe lidar com todas as situações e vai tirar o melhor da gente", declarou o jogador.


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