São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Havelange também é paradigma da Rio-2016

Périplo da candidatura repete passos que levaram dirigente à presidência da Fifa

Ex-atleta olímpico e mais velho membro com direito a voto no COI, dirigente diz ter 20 votos garantidos para a proposta brasileira

DA SUCURSAL DO RIO

A busca da candidatura Rio- -2016 por votos de eleitores de países mais pobres, além de mimetizar a política externa do presidente Lula, lembra muito a estratégia adotada por João Havelange para chegar à presidência da Fifa em 1974.
Reverenciado por Carlos Arthur Nuzman, líder da candidatura brasileira aos Jogos Olímpicos de 2016, Havelange tornou-se o primeiro dirigente de fora do continente europeu a ganhar a eleição para o cargo mais alto da Fifa. Para isso, ele rodou o mundo atrás dos votos de africanos e asiáticos, continentes que, naquela época, não tinham representação na entidade mundial do futebol.
A estratégia, à época, surpreendeu o mundo da bola, mas isso dificilmente acontecerá na Dinamarca, já que todos os candidatos caçam o voto de cada membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).
"Em campanha, você tem que trabalhar duro. Vou fazer de tudo para ajudar o meu país. Não é fácil. Mas vamos bem", declarou João Havelange, antes de embarcar para a Europa, há cerca de dois meses.
Da Suíça, o dirigente trabalha em favor da candidatura brasileira. ""Já mandei cartas para todos os votantes pedindo votos para a minha cidade. Acho que vou ter sucesso", acrescentou o ex-cartola, que comandou a Fifa por 24 anos.
Havelange e Nuzman começaram a carreira esportiva no Fluminense, clube da elite carioca. Mais velho membro do COI com direito a voto na eleição de sexta, Havelange foi o responsável também pela entrada de Nuzman no comitê. Mesmo assim, os dois não votarão na Dinamarca, enquanto o Rio permanecer na disputa.
O ex-presidente da Fifa acredita que a candidatura brasileira tem pelo menos 20 votos assegurados. ""Recebi 20 respostas dos membros do COI, e todas em apoio a nossa candidatura", afirmou o ex-dirigente.
Havelange, que disputou como atleta duas Olimpíadas (1936 e 1952), gosta de mostrar sua influência no COI.
Recentemente, ele disse que elegeu o espanhol Juan Antonio Samaranch para o comando da entidade olímpica em 1980 e cobrou apoio do ex-dirigente à Rio-2016 caso Madri seja eliminada no início do pleito.
Samaranch é presidente de honra do COI, mas deixou de lado a neutralidade e vai defender a candidatura de Madri.
Além de querer os Jogos para a cidade em que mora, Havelange faz questão de lembrar de um "significado especial".
""Será uma felicidade poder comemorar o meu centenário com um evento desses na minha cidade", disse o dirigente, de 93 anos. (SERGIO RANGEL)


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