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Supertécnicos do Nacional duelam pela sobrevivência
Após atingirem em seus times índices inigualados de eficiência no torneio, Leão e Chamusca disputam um dos últimos "mata-matas" deste Brasileiro
EDUARDO ARRUDA
MÁRVIO DOS ANJOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se perguntarem a você, leitor,
quem é o técnico mais eficiente do
Brasileiro-2004 em um só clube,
provavelmente a resposta remeterá a Vanderlei Luxemburgo ou
Levir Culpi, os homens que comandam o Santos e o Atlético-PR, líderes do Nacional.
Os números do Datafolha, porém, levam imediatamente ao andar de baixo desses dois. Emerson
Leão, 55, do São Paulo, e Péricles
Chamusca, 38, do São Caetano,
que se enfrentam hoje, às 20h30,
no Morumbi, são os supertécnicos do Brasileiro até o momento.
E duelam numa partida que pode
tirar o derrotado da luta pelo título -ambos começaram a rodada
com quatro pontos de desvantagem para o líder Atlético-PR.
É bom que se diga que Culpi
(34) e Luxemburgo (32) fizeram
mais jogos em seus clubes atuais
do que Leão (9) e Chamusca (19).
Mas ninguém neste Nacional é
mais eficiente do que o são-paulino, que carrega fama de chato, e
do que o técnico do "Azulão", que
apregoou o futebol chato. Ambos
optam pelo 3-5-2 em seus times.
Sob a batuta do primeiro, o São
Paulo decolou. Conseguiu reduzir
em 11 pontos a diferença para os
líderes. Com Leão, o time venceu
seis partidas, empatou duas e perdeu só uma no torneio -com um
aproveitamento de 74,1%.
Os gritos do treinador arrumaram o sistema defensivo (o time
tem a segunda melhor defesa do
campeonato) e o ataque, que
marcou 19 vezes.
"Nós estamos com uma repetição muito grande de treinamentos nos fundamentos. Se não está
certo, eu grito, mas não só para
um ouvir, mas para todos. A eficiência é importante, principalmente quando se enfrenta um adversário direto", explica o técnico.
Leão venceu as últimas cinco
partidas e está a apenas duas de
igualar a série do Santos, a maior
do Nacional, do desafeto Luxemburgo, a quem chamou de celebridade. Mas e você, Leão, é uma
celebridade? "Eu gostaria de ser, o
mais rápido possível. Mas só se
consegue isso com conquistas e
ainda não conquistamos nada",
diz ele, de forma modesta.
Leão define o rival de hoje em
uma palavra: "chato". "É assim
porque exige muito do adversário
e joga no erro dele. É um time formado há mais de três anos. Troca-se o técnico, mas a base fica e esse
é o segredo do sucesso deles."
Com essa base, Chamusca tem
conseguido manter a eficiência do
time e já é o técnico do São Caetano com melhor aproveitamento
de pontos em Brasileiros.
Campeão da Copa do Brasil
com o Santo André nesta temporada, ele pode alcançar feito de
Luxemburgo se conquistar o Nacional: vencer as duas competições interclubes mais importantes do país num mesmo ano.
Sob as ordens de Chamusca,
que é entusiasta da psicologia no
futebol, o atual campeão paulista
lidera o segundo turno do Nacional, com 32 pontos.
Mais: o São Caetano é o time
menos vazado do torneio -levou
só 30 gols. Assim, os jogos do time
tem quase 20% a menos de gols
que a média do campeonato.
O "jeitão Chamusca" já o pôs
em saia justa ao dizer que quem
quisesse ver espetáculo que fosse
ao show da cantora Ivete Sangalo,
à época de jogo com o Coritiba.
"Por ser uma partida difícil, tínhamos que abrir mão do espetáculo para vencer. Quis falar algo
que saísse da mesmice do futebolês e agora tenho que explicar um
pouquinho disso a cada dia", ri.
"Quem me conhece sabe que
não poderia ter dito aquilo daquela maneira. As minhas equipes
têm histórico de jogar para a frente." Isso é verdade, mas não se
aplica ao São Caetano.
O Santo André de Chamusca
ganhou a Copa do Brasil fazendo
e levando muitos gols. Foram 26 a
favor (2,36 de média) e 18 contra
(1,64) em 11 jogos.
Hoje em dia, as vitórias são freqüentes, porém magras. No Brasileiro, o São Caetano com Chamusca tem média de 1,58 gol pró e
sofre só 0,79. Ao mesmo tempo,
soma 14 vitórias em 19 jogos.
Os eficientes números do treinador, entusiasta do 3-5-2 desde a
época do Santo André, certamente não agradariam muito a um de
seus "professores": o ex-jogador e
técnico holandês Johan Cruyff.
Em 1995, Chamusca foi ao Barcelona para um estágio com o então técnico do time espanhol, defensor do futebol ofensivo e bastante chegado num 4-3-3.
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