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Relatório da Fifa já ameaça o apoio político pró-CBF
Senadores de Estados mal avaliados pela entidade máxima do futebol articulam-se para pressionar Ricardo Teixeira
Políticos ligados às seis cidades cujo transporte
foi apontado como falho prometem evolução e mais pressão no Congresso
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório da Fifa sobre a
candidatura do Brasil à Copa-2014, que apontou falhas em 6
das 18 cidades, põe em risco a
costura política feita pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para apoio incondicional no
Congresso ao Mundial.
O documento dos inspetores
da entidade máxima do futebol
apontaram como insuficiente
para o Mundial o transporte urbano de seis cidades: Maceió,
Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Rio Branco e Natal.
Não houve visita da equipe
de inspeção a esses municípios,
nem a outros sete. Basearam-se
nos projetos dos governos.
Parlamentar petista de Estado reprovado inicialmente pela
Fifa disse à Folha que, se romper com a CBF, o partido saberá como constranger o cartola.
O instrumento seria apoiar a
instalação da CPI do Corinthians -para investigar lavagem de dinheiro. Teixeira vinha usando o projeto da Copa para barrar a comissão, alegando prejuízos à candidatura.
Agora, o parlamentar petista
já fala em aprofundar investigações para chamar Teixeira e
até pessoal da Fifa a depor.
A senadora Ideli Salvatti
(PT-SC) já dissera que o Congresso poderia chamar o cartola da CBF para explicar critérios da escolha das cidades.
Ontem, Teixeira tentou apagar o incêndio com a senadora,
mas mandou um recado.
Em dois telefonemas, disse
que o relatório da Fifa não era
definitivo, desclassificando
Florianópolis. Depois, afirmou
ter recebido dossiê com irregularidades no projeto da cidade
e que o enviaria à senadora.
Na oposição, também há a
intenção de fiscalizar os critérios de escolha dos municípios.
"Não acredito que esse relatório seja excludente. E não vejo por que uma CPI para tratar
disso. Mas há outros métodos e
maneiras de fiscalizar. Acho
que tem que ter um controle",
defendeu a senadora Marina
Serrano (PSDB-MS).
O senador Delcídio Amaral
(PT-MS), que já recebeu doação de campanha da CBF, foi
mais incisivo na reclamação.
"Para minha surpresa, já colocaram um carimbo de inadequada em algumas. Vamos
atuar no governo federal, vou
falar com o ministro [do Esporte], vamos levar essa questão
ao presidente. Não podem nos
matar no ninho", afirmou.
Do Rio Grande do Norte, o
senador José Agripino (DEM-RN) disse que Natal pode ter
falhas no transporte. "Tem que
haver uma resposta técnica,
aliado a uma pressão política."
O secretário de Esporte do
Acre, Cassiano Marques, entende que a decisão não é política, mas técnica. "Não dá para
fazer pressão. Mas o apoio político é fundamental. Os parlamentares estão com o projeto."
Seu Estado conta com o presidente interino do Senado, Tião
Viana (PT-AC), na bancada.
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