São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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JUCA KFOURI

Crise e oportunidade


Para os chineses, crise é oportunidade. Mas o que dirão os nossos cartolas sobre esta crise mundial?

A CRISE está aí, e não adianta fingir que não está.
E temos, no mínimo, uma Copa do Mundo para fazer em 2014, além de jogar dinheiro fora com uma campanha para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
E os cartolas de nosso futebol, o que têm a dizer a respeito? Por enquanto, ao menos, não disseram nada, ou quase nada. E provavelmente, não têm mesmo o que dizer, porque continuarão a fazer o que sempre fizeram, nos momentos de bonança, inclusive: mendigar dinheiro público. Se a Timemania já é um retumbante fracasso e se tornará um problema gigantesco no ano que vem, como ficam alguns projetos, de novas arenas, por exemplo, com as construtoras em busca de socorro no BNDES?
E os bancos, que precisam deixar de emprestar, para não falar daqueles em vias de quebrar, alguns até associados justamente com construtoras com arenas a levantar?
Quem tem, afinal, patrocinadores não alcançados pela crise financeira mundial? Como falar em aumento de cotas?
No plano externo, estamos vendo que a AIG, do Manchester United, quebrou. Que o russo bilionário Roman Abramovic perdeu US$ 20 bilhões nos últimos dias, motivo de óbvia preocupação para o Chelsea.
Nem os mais otimistas observadores afastam a inevitabilidade de uma recessão, o que significa desemprego, que tem a ver diretamente com menos gente nos estádios. Ou não?
Há quem argumente que o mundo não irá acabar e que o contrato do futebol com a TV está assinado, e é verdade que está.
Verdade que, no entanto, de acordo com o andar da carruagem em direção ao brejo, pode mudar. Porque catástrofes mundiais levam às renegociações, como aliás, os clubes brasileiros já viram, sem até que a crise fosse mundial, mas apenas da TV.
Para quem, há anos, vive de exportar pé-de-obra, são sombrios os próximos tempos. Como fechar o balanço sem os dólares de fora?
Ora, estes já vinham rareando e a perspectiva é a de que rareiem ainda mais. O que fazer?
Fazer da crise, oportunidade, do limão, limonada.
Para tanto, no entanto, é preciso ser criativo e ter os pés no chão.
Quem for capaz de transformar uma provável estabilidade de jogadores no país, a ponto de permitir que as escalações dos times de grandes clubes sejam novamente conhecidas de cor e salteado, poderá se sair bem, se andar de acordo com o tamanho de suas pernas.
Porque a hora é a de distinguir as crianças dos homens. Pena que tenhamos tão poucos, se é que os temos, em nosso maltratado futebol. Quem sabe se a crise não os engole e vira parteira de uma nova classe dirigente para o nosso esporte?
Aí, ao menos, teria valido a pena.

Kirrata
"Vacilo ou pegadinha?", me perguntam sobre o time de outubro, com 12, ontem aqui. "Vacilo que transformarei em pegadinha". Ou alguém acha que com tantos craques dava para escolher apenas 11? Ah, tirei-os do livro "Datas do Futebol", da Panda Books.

blogdojuca@uol.com.br


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