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JUCA KFOURI
Crise e oportunidade
Para os chineses, crise é oportunidade. Mas o que
dirão os nossos cartolas
sobre esta crise mundial?
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A CRISE está aí, e não adianta
fingir que não está.
E temos, no mínimo, uma
Copa do Mundo para fazer em 2014,
além de jogar dinheiro fora com
uma campanha para sediar os Jogos
Olímpicos de 2016.
E os cartolas de nosso futebol, o
que têm a dizer a respeito?
Por enquanto, ao menos, não disseram nada, ou quase nada. E provavelmente, não têm mesmo o que dizer, porque continuarão a fazer o
que sempre fizeram, nos momentos
de bonança, inclusive: mendigar dinheiro público.
Se a Timemania já é um retumbante fracasso e se tornará um problema gigantesco no ano que vem,
como ficam alguns projetos, de novas arenas, por exemplo, com as
construtoras em busca de socorro
no BNDES?
E os bancos, que precisam deixar
de emprestar, para não falar daqueles em vias de quebrar, alguns até associados justamente com construtoras com arenas a levantar?
Quem tem, afinal, patrocinadores
não alcançados pela crise financeira
mundial? Como falar em aumento
de cotas?
No plano externo, estamos vendo
que a AIG, do Manchester United,
quebrou. Que o russo bilionário Roman Abramovic perdeu US$ 20 bilhões nos últimos dias, motivo de
óbvia preocupação para o Chelsea.
Nem os mais otimistas observadores afastam a inevitabilidade de
uma recessão, o que significa desemprego, que tem a ver diretamente com menos gente nos estádios.
Ou não?
Há quem argumente que o mundo
não irá acabar e que o contrato do
futebol com a TV está assinado, e é
verdade que está.
Verdade que, no entanto, de acordo com o andar da carruagem em direção ao brejo, pode mudar.
Porque catástrofes mundiais levam às renegociações, como aliás, os
clubes brasileiros já viram, sem até
que a crise fosse mundial, mas apenas da TV.
Para quem, há anos, vive de exportar pé-de-obra, são sombrios os próximos tempos. Como fechar o balanço sem os dólares de fora?
Ora, estes já vinham rareando e a
perspectiva é a de que rareiem ainda
mais. O que fazer?
Fazer da crise, oportunidade, do
limão, limonada.
Para tanto, no entanto, é preciso
ser criativo e ter os pés no chão.
Quem for capaz de transformar
uma provável estabilidade de jogadores no país, a ponto de permitir
que as escalações dos times de grandes clubes sejam novamente conhecidas de cor e salteado, poderá se
sair bem, se andar de acordo com o
tamanho de suas pernas.
Porque a hora é a de distinguir as
crianças dos homens. Pena que tenhamos tão poucos, se é que os temos, em nosso maltratado futebol.
Quem sabe se a crise não os engole
e vira parteira de uma nova classe dirigente para o nosso esporte?
Aí, ao menos, teria valido a pena.
Kirrata
"Vacilo ou pegadinha?", me perguntam sobre o time de outubro,
com 12, ontem aqui. "Vacilo que
transformarei em pegadinha". Ou
alguém acha que com tantos craques dava para escolher apenas 11?
Ah, tirei-os do livro "Datas do Futebol", da Panda Books.
blogdojuca@uol.com.br
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