São Paulo, quinta, 27 de novembro de 1997.



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FUTEBOL
Fluminense e União, rebaixados da Série A do Brasileiro, querem 'cultivar' jogadores para a temporada de 98
Rebaixados investem agora em juniores

MAÉRCIO SANTAMARINA
enviado especial ao Rio

As duas equipes com pior campanha no Campeonato Brasileiro deste ano, Fluminense e União São João, decidiram investir na formação de atletas em 98, ano em que disputarão a Série B, para obter recursos com a revelação de craques e evitar vexames no futuro.
O União (15 pontos) foi o último colocado no torneio, com apenas 2 vitórias em 25 jogos. O time de Araras perdeu 14 partidas e empatou 9. O Fluminense (22) ficou em penúltimo lugar, com 4 vitórias, 11 derrotas e 10 empates. Foram rebaixados ainda Criciúma (25) e Bahia (26).
"O jogador formado nas divisões de base do clube tem mais amor à sua camisa. É lógico que ele também se torna profissional e quer ganhar, mas muitas vezes a gratidão supera o dinheiro", afirmou ontem o gerente do departamento de futebol do Fluminense, Roberto Alvarenga, 60.
O primeiro passo do Fluminense para a reativação de sua "fábrica de craques" é a total reformulação de seu departamento de futebol.
Além da contratação de Edinho para treinar o time profissional, a diretoria do Flumimense contratou o ex-zagueiro Pinheiro, 65, que disputou a Copa de 1954, para coordenar as divisões de base.
Detalhe: os dois foram formados pelo próprio clube, assim como a maioria dos demais integrantes da nova comissão, como Rubens Galaxe, que vai auxiliar Edinho.
Pinheiro foi revelado em 1950, ao lado de Telê Santana, Píndaro, Valdo, Tite, João Carlos e Larry, entre outros craques.
Segundo o gerente de futebol do clube, o Fluminense foi um dos pioneiros na formação de craques no país, mas esse trabalho foi interrompido em 1985. "É um desperdício diante do excelente centro de treinamento que temos em Xerém", disse Alvarenga.
Além do campo para treino, o centro, localizado na Baixada Fluminense, possui 16 alojamentos com capacidade para 64 atletas, restaurante, lavanderia, sala de palestras, caixa de areia, paredão para correção de chutes e passes e balizas para cobrança de pênalti.
Pinheiro já dirigir as categorias inferiores do Fluminense e conquistou três dos quatro títulos que o time infanto-juvenil obteve em 66, 67 (sob o comando de Telê Santana), 68 e 69.
Ele dirigiu também o time júnior na conquista da Taça São Paulo de 71 e de outros dois campeonatos, em 73 e 77, antes de se tornar treinador de profissionais -inclusive do próprio Fluminense, em 94.
A falta desse trabalho de formação de jogadores vinha sendo a principal crítica de Telê Santana à equipe após o rebaixamento.
O presidente Álvaro Barcelos, que determinou a reformulação após dois anos consecutivos de fracasso -o Fluminense já havia sido rebaixado no ano passado, mas foi beneficiado pelo escândalo da arbitragem na Conaf-, vai indicar novos diretores de futebol "após a arrumação total da casa".
Dos 33 jogadores usados pelo time carioca no Brasileiro-97, pouco mais de 15% foram formados no próprio clube.
A última revelação que proporcionou recursos ao caixa do Fluminense foi o zagueiro Ricardo Gomes, vendido em 89 ao Benfica por US$ 1,05 milhão.
"Além do amor à camisa na defesa do clube, precisamos também ter 'patrimônios' dos quais poderíamos lançar mão nos momentos de dificuldade", disse Alvarenga.
O principal investimento do União nas categorias de base foi a contratação de dois treinadores para trabalhar com os juniores.
Um deles ficará responsável pelos treinamentos dos jogadores que disputam competições. O outro vai avaliar novos talentos e acumular a função de olheiro.



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