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FUTEBOL
Fluminense e União, rebaixados da Série A do Brasileiro, querem 'cultivar' jogadores para a temporada de 98
Rebaixados investem agora em juniores
MAÉRCIO SANTAMARINA
enviado especial ao Rio
As duas equipes com pior campanha no Campeonato Brasileiro
deste ano, Fluminense e União São
João, decidiram investir na formação de atletas em 98, ano em que
disputarão a Série B, para obter recursos com a revelação de craques
e evitar vexames no futuro.
O União (15 pontos) foi o último
colocado no torneio, com apenas 2
vitórias em 25 jogos. O time de
Araras perdeu 14 partidas e empatou 9. O Fluminense (22) ficou em
penúltimo lugar, com 4 vitórias, 11
derrotas e 10 empates. Foram rebaixados ainda Criciúma (25) e
Bahia (26).
"O jogador formado nas divisões de base do clube tem mais
amor à sua camisa. É lógico que ele
também se torna profissional e
quer ganhar, mas muitas vezes a
gratidão supera o dinheiro", afirmou ontem o gerente do departamento de futebol do Fluminense,
Roberto Alvarenga, 60.
O primeiro passo do Fluminense
para a reativação de sua "fábrica
de craques" é a total reformulação
de seu departamento de futebol.
Além da contratação de Edinho
para treinar o time profissional, a
diretoria do Flumimense contratou o ex-zagueiro Pinheiro, 65,
que disputou a Copa de 1954, para
coordenar as divisões de base.
Detalhe: os dois foram formados
pelo próprio clube, assim como a
maioria dos demais integrantes da
nova comissão, como Rubens Galaxe, que vai auxiliar Edinho.
Pinheiro foi revelado em 1950, ao
lado de Telê Santana, Píndaro,
Valdo, Tite, João Carlos e Larry,
entre outros craques.
Segundo o gerente de futebol do
clube, o Fluminense foi um dos
pioneiros na formação de craques
no país, mas esse trabalho foi interrompido em 1985. "É um desperdício diante do excelente centro de treinamento que temos em
Xerém", disse Alvarenga.
Além do campo para treino, o
centro, localizado na Baixada Fluminense, possui 16 alojamentos
com capacidade para 64 atletas,
restaurante, lavanderia, sala de palestras, caixa de areia, paredão para correção de chutes e passes e balizas para cobrança de pênalti.
Pinheiro já dirigir as categorias
inferiores do Fluminense e conquistou três dos quatro títulos que
o time infanto-juvenil obteve em
66, 67 (sob o comando de Telê Santana), 68 e 69.
Ele dirigiu também o time júnior
na conquista da Taça São Paulo de
71 e de outros dois campeonatos,
em 73 e 77, antes de se tornar treinador de profissionais -inclusive
do próprio Fluminense, em 94.
A falta desse trabalho de formação de jogadores vinha sendo a
principal crítica de Telê Santana à
equipe após o rebaixamento.
O presidente Álvaro Barcelos,
que determinou a reformulação
após dois anos consecutivos de
fracasso -o Fluminense já havia
sido rebaixado no ano passado,
mas foi beneficiado pelo escândalo
da arbitragem na Conaf-, vai indicar novos diretores de futebol
"após a arrumação total da casa".
Dos 33 jogadores usados pelo time carioca no Brasileiro-97, pouco mais de 15% foram formados
no próprio clube.
A última revelação que proporcionou recursos ao caixa do Fluminense foi o zagueiro Ricardo
Gomes, vendido em 89 ao Benfica
por US$ 1,05 milhão.
"Além do amor à camisa na defesa do clube, precisamos também
ter 'patrimônios' dos quais poderíamos lançar mão nos momentos
de dificuldade", disse Alvarenga.
O principal investimento do
União nas categorias de base foi a
contratação de dois treinadores
para trabalhar com os juniores.
Um deles ficará responsável pelos treinamentos dos jogadores
que disputam competições. O outro vai avaliar novos talentos e
acumular a função de olheiro.
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