São Paulo, quinta, 27 de novembro de 1997.



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VÔLEI
Boa conduta e respeito vão superar habilidade no critério de convocação dos jogadores para a seleção masculina
Lattari adota estilo Zagallo de disciplina

MARCILIO KIMURA
da Reportagem Local

Quem é Nome: Radamés Lattari Filho
Idade: 40
Estado civil: casado, uma filha
Jogos pelo masculino: 37
Títulos em 97: 3

O técnico Radamés Lattari, da seleção masculina de vôlei, decidiu adotar o mesmo critério de Mario Jorge Zagallo, da seleção de futebol, para convocação dos jogadores.
Por mais habilidade que o atleta tenha e por melhor que seja sua fase, não será convocado para a equipe se não for disciplinado.
"Sem disciplina e respeito uma equipe não vai a lugar nenhum. Se alguém ficar mascarado ou preguiçoso não tem vez na seleção", garantiu Lattari.
O treinador compara sua posição à de Zagallo em relação ao atacante Edmundo, que vive uma de suas melhores fases de sua carreira. "Um jogador que tem uma vida fora dos campos como ele não pode ser convocado."
Lattari diz que não é nenhum recado para Marcelo Negrão, com quem se desentendeu na Liga Mundial deste ano.
Na ocasião, ele havia tirado o atacante de sua posição original -saída de rede- para atuar na ponta. Negrão não gostou e acabou deixando a seleção durante a competição.
"Aquilo foi uma experiência. Queria ter os melhores na quadra, o Max e o Marcelo Negrão (
que jogam na mesma posição)."
Segundo ele, o fato não vai se repetir. "Se o Negrão for o melhor na saída, ele vai ser convocado e vou mantê-lo na posição. Aí, resta ele aceitar ou não o convite."
Supervisão
Para garantir a boa conduta dos jogadores que podem ser convocados, Radamés Lattari fará visitas constantes aos clubes.
"É para ter certeza de que estão se aplicando, tendo uma vida profissional saudável. E também para melhorar o diálogo entre clubes e seleção", disse.
Ele usou Nalbert, como exemplo. Ser o jogador mais eficiente na recepção não o permite somente manter a forma. "Ele tem que melhorar, pedir mais treino e motivar o resto do grupo."
O técnico afirmou que essa supervisão não significa uma influência no trabalho das comissões técnicas dos times.
"Cada clube tem profissionais muito competentes. A intenção é apenas motivar os jogadores e mantê-los em boa forma."
Desabafo
O título da Copa dos Campeões, segunda-feira, no Japão, serviu como prova de competência para Lattari.
"Desde que assumiu, o Radamés foi motivo de críticas e brincadeiras. Agora mostrou que é capaz de fazer uma grande equipe", afirmou Ary da Graça Filho, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
O técnico reclama que as críticas têm influenciado até em seu relacionamento familiar. "Minha filha (Juliana, 9) às vezes lê essas coisas sobre mim e vai chateada para escola."
"Agora vou poder falar para ela que, além de bom caráter, o pai tem o mínimo de competência."
Campeonato Mundial
O presidente da CBV disse que a conquista no Japão vem a antecipar em um ano o planejamento do vôlei brasileiro.
"Esperávamos o pódio somente no ano que vem, no Mundial", disse o dirigente.
Mas isso não muda as expectativas para o campeonato, ano que vem, também no Japão. "Ainda é cedo para ter um grande resultado. O Brasil é favorito, mas o pódio é o grande objetivo", afirmou Lattari.



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