São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

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Irmãos Luz fixam recorde no basquete

Após Cíntia, Helen e Silvinha registrarem passagens na equipe nacional, família põe Rafael e Sully em seleção cadete

Façanha anterior pertencia à família Sobral, que já viu quatro de seu clã -Marta, Leila, Márcia e Jefferson-usarem a camisa amarela

Raimundo Pacco/Folha Imagem
O treinador Nelson Luz com os filhos Rafael e Sully, em Jundiaí


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O jogo estava equilibrado, e Rafael havia ganhado o rebote para o Brasil. Na disputa, porém, levou uma cotovelada do adversário venezuelano. Caiu e sofreu afundamento do dente.
"A partida só foi paralisada quando a bola saiu. O juiz nem marcou falta", espanta-se o armador, que viveu no Sul-Americano cadete do Uruguai sua primeira experiência internacional com a camisa do Brasil.
"Jogar na seleção é diferente. As partidas são mais disputadas. O jogo é mais rápido e intenso", diz o armador, que tem sido assediado por times da Europa -aos 14, já teve proposta de Barcelona e Real Madrid.
Sem saber, o armador contabilizou outra façanha: é o quinto integrante de sua linhagem a defender a seleção brasileira.
Anteriormente, a marca nacional no basquete era da família Sobral, com os irmãos Marta, Leila, Márcia e Jefferson.
Rafael é o caçula da família Luz, que já forneceu Cíntia, 35, Helen, 34, e Silvinha, 31, à seleção adulta. Outra irmã, Sully, 16, também faturou o Sul-Americano cadete neste ano.
"Minhas irmãs são o exemplo. Sempre que podem, assistem a nossos jogos e dão dicas", diz Sully, que atua na mesma posição e, segundo falam, possui estilo parecido ao de Helen.
"As comparações são inevitáveis. Eles terão que conviver com isso. Para o Rafa, será mais fácil. É o primeiro homem da família a jogar", acredita Helen, a última Luz na seleção adulta -jogou o Mundial deste ano.
"Acho que não vai dar para pegar a Helen na seleção", lamenta a irmã mais nova.
Nelson, o patriarca da trupe, atuou nos anos 70 pelo Araçatuba. Nunca jogou pela seleção. Sua maior glória foi conduzir a equipe às semifinais do Paulista. Seguidas lesões o fizeram parar. Passou para o banco.
"Provei que meus genes é que são bons", brinca, referindo-se ao fato de ser o elo entre os irmãos. Cíntia, Helen e Silvinha são fruto do primeiro casamento, com Cleonice. Sully e Rafael nasceram da união com Suely.
"Herdamos os genes do basquete do meu pai, mas a garra da minha mãe", devolve Helen.
As façanhas da família poderiam ser maiores. Em 2000, Cíntia, Helen e Silvinha treinavam para os Jogos de Sydney.
Surpreendentemente, a primogênita foi descartada do grupo no último corte do técnico Antonio Carlos Barbosa. Se tivesse integrado o elenco, as Luz formariam um inédito grupo de três irmãs medalhistas -o Brasil ficou com o bronze.
"A Hortência até disse que eu era uma das melhores jogadoras do Brasil e que não entendia por que não tinha ido para a Olimpíada. Mas foi opção do treinador na época", diz Cíntia.
Veteranas, elas planejam o fim da carreira. Cíntia quer desenvolver programa social em Louveira (SP), onde vive a mãe. Helen quer seguir no esporte de alguma forma. Silvinha pensa em atuar mais uns cinco anos, "até o joelho agüentar".
Em um momento conturbado do basquete nacional -há duas ligas em andamento-, todas apostam em luz no fim do túnel. E em ao menos um Luz na seleção. "A Sussu e o Rafa ainda têm muita coisa para mostrar no basquete. Aposto que eles serão o futuro da família nas quadras", diz Silvinha.


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