São Paulo, Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2000


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FUTEBOL
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JOSÉ ROBERTO TORERO

Hoje em dia, arrumar um patrocinador se tornou uma questão vital para os clubes; tão vital quanto ter chuteiras, bolas ou 11 jogadores para entrar em campo.
Talvez até mais.
Sendo assim, é bom nos acostumarmos à idéia de que os nossos times acabarão como departamentos de marketing das grandes empresas. Logo, os atletas terão que fazer as coreografias exigidas para divulgar produtos: os do Vasco, patrocinados por um sabão em pó, terão que fingir que estão lavando roupa no tanque; os do Palmeiras farão de conta que estão tirando leite de vaca; e os do Botafogo, patrocinados pela TAM, depois de cada gol farão um aviãozinho e depois se esborracharão na grama.
Já que não há como resistir ao avanço da propaganda, gostaria de propor uma idéia: a de que os jogadores também pudessem ter acesso a uma fatia desse bolo.
Assim como os pilotos de F-1 têm direito a explorar seus capacetes, os jogadores de futebol teriam direito a um modesto espaço (a parte de trás do calção ou a sola da chuteira) para ganhar uns trocados por fora. E essas propagandas pessoais obedeceriam às peculiaridades de cada posição.
Os goleiros, por exemplo, dariam ótimos garotos-propaganda para carros com airbag.
Imagino um comercial mostrando os pênaltis defendidos por Dida, e o narrador, em off, dizendo: ""É sempre bom contar com um último recurso"."
Os laterais, como Serginho, Júnior e Cafu, com sua velocidade e resistência poderiam divulgar o trabalho dos Correios e os serviços de pronta entrega.
Os zagueiros, como Odvan, Cléber, Galván e Paulão, e os volantes, como Claudiomiro, Gallo, Galeano, Dunga, Gilmar e Luís Carlos Goiano, seriam ideais para divulgar empresas de demolição. Que imagem melhor para ilustrar esse trabalho do que seus carrinhos e empurrões?
Já os armadores pertencem a um grupo diferenciado, que pode fazer seu trabalho individualmente. Nesse caso, a propaganda seria feita não de acordo com a posição, mas de acordo com as características do jogador.
Por exemplo: Alex, que José Simão chamou de Alexotan, anunciaria calmantes; Ronaldinho, o gaúcho, poderia divulgar serviços de ortodontia; Marcelinho poderia fazer comerciais de igrejas; Valdo, de tratamentos para a juventude; e Zinho, claro, de enceradeiras.
Com os atacantes, a coisa também teria que ser caso a caso. Edmundo, que já divulgou inseticida, poderia falar sobre algo como freios. Imagino que a frase em suas costas teria o logotipo da empresa e os dizeres: ""Escolher seu freio é como bater um pênalti. Você não pode falhar".
E também há Dinei, que não se negou a fazer institucionais contra o uso de drogas e que agora poderia fazer propaganda de tintura para cabelo. Ou até juntar as duas coisas. E o slogan seria: ""Para ficar de cabeça feita, não use drogas, use Loirax"."
Romário poderia falar das virtudes da água de coco, de protetor solar ou de creme hidratante, qualquer coisa relacionada à praia. Evair poderia trazer na barriga o slogan ""Restaurante Bola de Ouro, onde os garçons servem tão bem quanto eu".
Viola seria o homem certo para falar de empresas de mudanças. E Ronaldo, o da Milene, poderia fazer propaganda de preservativos: ""Não faça como eu, use Jontex".
Não sei como o Olivetto ainda não pensou nisso.

E-mail torero@uol.com.br


José Roberto Torero escreve às sextas e terças-feiras

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