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FUTEBOL
Anuncie aqui você também!
JOSÉ ROBERTO TORERO
Hoje em dia, arrumar um patrocinador se tornou uma questão
vital para os clubes; tão vital
quanto ter chuteiras, bolas ou 11
jogadores para entrar em campo.
Talvez até mais.
Sendo assim, é bom nos acostumarmos à idéia de que os nossos
times acabarão como departamentos de marketing das grandes
empresas. Logo, os atletas terão
que fazer as coreografias exigidas
para divulgar produtos: os do
Vasco, patrocinados por um sabão em pó, terão que fingir que estão lavando roupa no tanque; os
do Palmeiras farão de conta que
estão tirando leite de vaca; e os do
Botafogo, patrocinados pela
TAM, depois de cada gol farão um
aviãozinho e depois se esborracharão na grama.
Já que não há como resistir ao
avanço da propaganda, gostaria
de propor uma idéia: a de que os
jogadores também pudessem ter
acesso a uma fatia desse bolo.
Assim como os pilotos de F-1
têm direito a explorar seus capacetes, os jogadores de futebol teriam direito a um modesto espaço
(a parte de trás do calção ou a sola
da chuteira) para ganhar uns trocados por fora. E essas propagandas pessoais obedeceriam às peculiaridades de cada posição.
Os goleiros, por exemplo, dariam ótimos garotos-propaganda
para carros com airbag.
Imagino um comercial mostrando os pênaltis defendidos por
Dida, e o narrador, em off, dizendo: ""É sempre bom contar com
um último recurso"."
Os laterais, como Serginho, Júnior e Cafu, com sua velocidade e
resistência poderiam divulgar o
trabalho dos Correios e os serviços
de pronta entrega.
Os zagueiros, como Odvan, Cléber, Galván e Paulão, e os volantes, como Claudiomiro, Gallo, Galeano, Dunga, Gilmar e Luís Carlos Goiano, seriam ideais para divulgar empresas de demolição.
Que imagem melhor para ilustrar
esse trabalho do que seus carrinhos e empurrões?
Já os armadores pertencem a
um grupo diferenciado, que pode
fazer seu trabalho individualmente. Nesse caso, a propaganda
seria feita não de acordo com a
posição, mas de acordo com as características do jogador.
Por exemplo: Alex, que José Simão chamou de Alexotan, anunciaria calmantes; Ronaldinho, o
gaúcho, poderia divulgar serviços
de ortodontia; Marcelinho poderia fazer comerciais de igrejas;
Valdo, de tratamentos para a juventude; e Zinho, claro, de enceradeiras.
Com os atacantes, a coisa também teria que ser caso a caso. Edmundo, que já divulgou inseticida, poderia falar sobre algo como
freios. Imagino que a frase em
suas costas teria o logotipo da empresa e os dizeres: ""Escolher seu
freio é como bater um pênalti. Você não pode falhar".
E também há Dinei, que não se
negou a fazer institucionais contra o uso de drogas e que agora
poderia fazer propaganda de tintura para cabelo. Ou até juntar as
duas coisas. E o slogan seria: ""Para ficar de cabeça feita, não use
drogas, use Loirax"."
Romário poderia falar das virtudes da água de coco, de protetor
solar ou de creme hidratante,
qualquer coisa relacionada à
praia. Evair poderia trazer na
barriga o slogan ""Restaurante Bola de Ouro, onde os garçons servem tão bem quanto eu".
Viola seria o homem certo para
falar de empresas de mudanças. E
Ronaldo, o da Milene, poderia fazer propaganda de preservativos:
""Não faça como eu, use Jontex".
Não sei como o Olivetto ainda
não pensou nisso.
E-mail torero@uol.com.br
José Roberto Torero escreve às sextas e
terças-feiras
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