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BASQUETE
Bola (fora) de cristal
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Quem podia imaginar que a
ida de Michael Jordan a um
All-Star Game dependeria da piedade dos técnicos que cansou de
humilhar? Que, na temporada do
adeus definitivo às quadras, prestes a completar 40 anos, ele seria
abandonado pelos fãs? Que estes
prefeririam indicar outros armadores para o jogo que festeja os
melhores da NBA? Que Jordan
não ostentaria números nem
campanha para postular agora
uma vaga entre os reservas?
Quem podia imaginar que o time mais estrelado da liga norte-americana chegaria tão trôpego à
metade da temporada? Que, 23
derrotas em 42 rodadas, o Los Angeles Lakers amargaria a décima
posição na Conferência Oeste, a
duas da zona de classificação?
Quem podia imaginar que um
saco de pancadas como o Golden
State Warriors, há nove anos longe dos playoffs, estaria à frente
dos tricampeões na tabela? E que
o responsável pela virada seria
um armador dispensado por quatro clubes e que mede 1,65 m apenas, o mais baixo de todo o campeonato? (Com 11,3 pontos e 4,2
assistências por jogo, Earl Boykins prova que velocidade e astúcia sempre terão lugar nos ginásios e já é candidato ao troféu de
melhor reserva da competição.)
Quem podia imaginar que o
Utah Jazz (25 vitórias e 18 derrotas) seguiria tão competitivo? E
que isso se deveria a coadjuvantes, e não mais aos veteranos protagonistas Karl Malone e John
Stockton? (A ressurreição dos rodados armadores Mark Jackson e
Calbert Cheaney e a evolução dos
alas Matt Harpring e Andrei Kirilenko comprovam a competência
do treinador Jerry Sloan.)
Quem podia imaginar que, aos
37 anos, o hexacampeão Scottie
Pippen voltaria a brilhar na NBA
como... armador? Que, três cirurgias depois, o ala se reinventaria,
apaziguaria o ímpeto dos colegas
e recolocaria o Portland (27v e
15d) na lista dos grandes times?
Quem podia imaginar que o
Phoenix (26v e 19d) também voltaria à elite? E que isso ocorreria
pelas mãos não de uma estrela,
mas de um recém-saído do colegial, o ala-pivô Amare Stoudamire, 19 aninhos, médias de 12,9
pontos e 9,2 rebotes, o grande adversário do badalado Yao Ming
pelo prêmio de melhor calouro?
Aliás, quem podia imaginar
que o pivô novato desbancaria o
todo-poderoso Shaquille O'Neal
na eleição para o All-Star Game?
Que Yao receberia 1,286 milhão
de menções, quase 240 mil a mais
do que o gigante angeleno? Que,
ao contrário do que se comentava
na imprensa, não haveria uma
avalanche de votos pela internet
de torcedores na China? Que
O'Neal perderia também nas cédulas norte-americanas?
E quem podia imaginar que, logo em sua temporada de estréia, o
brasileiro Nenê Hilário ostentaria
médias de 11,8 pontos e 7,4 rebotes
como titular do Denver?
Quem podia imaginar que, um
anos depois de fechar o time da cidade, por falta de apoio popular,
a NBA anunciaria sua volta a
Charlotte? E que, do processo de
concorrência, sairia o primeiro
dono de time negro da história da
liga norte-americana?
Quem podia imaginar que,
mesmo devastado pelas contusões, o Sacramento Kings arrasaria, em menos de um mês, os três
adversários mais badalados da
pré-temporada (LA Lakers, Dal-las e New Jersey) e despontaria
como favorito ao título?
Está claro, agora. A NBA anda
além da imaginação.
Barbada 1
O patrocínio não saiu, o projeto da CBB de manter as estrelas em
território nacional neste semestre não decolou, e a diáspora de jogadoras já começou. As irmãs Helen e Silvinha acertaram contratos na Espanha. A pivô Érika deve engatar o Paulista com a WNBA.
Barbada 2
Como a Folha antecipou em novembro, o México atropelou o Brasil para sediar o Pré-Olímpico. Em jogo, uma vaga para Atenas-04.
Barbada 3
A sacada histórica é do esperto site pbf.blogspot.com. O Brasil,
que ganhara o direito de abrigar o Mundial de 1983, não conseguiu
se classificar aos Jogos Olímpicos de 1980. A mesma maldição recaiu sobre Rússia (Mundial de 1986/Olimpíada de 1984), Malásia
(1990/1988), Austrália (1994/1992), Alemanha (1998/1996) e China
(2002/2000). Como o Brasil organizará o Mundial de 2006...
E-mail melk@uol.com.br
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