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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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BASQUETE

Bola (fora) de cristal

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Quem podia imaginar que a ida de Michael Jordan a um All-Star Game dependeria da piedade dos técnicos que cansou de humilhar? Que, na temporada do adeus definitivo às quadras, prestes a completar 40 anos, ele seria abandonado pelos fãs? Que estes prefeririam indicar outros armadores para o jogo que festeja os melhores da NBA? Que Jordan não ostentaria números nem campanha para postular agora uma vaga entre os reservas?
Quem podia imaginar que o time mais estrelado da liga norte-americana chegaria tão trôpego à metade da temporada? Que, 23 derrotas em 42 rodadas, o Los Angeles Lakers amargaria a décima posição na Conferência Oeste, a duas da zona de classificação?
Quem podia imaginar que um saco de pancadas como o Golden State Warriors, há nove anos longe dos playoffs, estaria à frente dos tricampeões na tabela? E que o responsável pela virada seria um armador dispensado por quatro clubes e que mede 1,65 m apenas, o mais baixo de todo o campeonato? (Com 11,3 pontos e 4,2 assistências por jogo, Earl Boykins prova que velocidade e astúcia sempre terão lugar nos ginásios e já é candidato ao troféu de melhor reserva da competição.)
Quem podia imaginar que o Utah Jazz (25 vitórias e 18 derrotas) seguiria tão competitivo? E que isso se deveria a coadjuvantes, e não mais aos veteranos protagonistas Karl Malone e John Stockton? (A ressurreição dos rodados armadores Mark Jackson e Calbert Cheaney e a evolução dos alas Matt Harpring e Andrei Kirilenko comprovam a competência do treinador Jerry Sloan.)
Quem podia imaginar que, aos 37 anos, o hexacampeão Scottie Pippen voltaria a brilhar na NBA como... armador? Que, três cirurgias depois, o ala se reinventaria, apaziguaria o ímpeto dos colegas e recolocaria o Portland (27v e 15d) na lista dos grandes times?
Quem podia imaginar que o Phoenix (26v e 19d) também voltaria à elite? E que isso ocorreria pelas mãos não de uma estrela, mas de um recém-saído do colegial, o ala-pivô Amare Stoudamire, 19 aninhos, médias de 12,9 pontos e 9,2 rebotes, o grande adversário do badalado Yao Ming pelo prêmio de melhor calouro?
Aliás, quem podia imaginar que o pivô novato desbancaria o todo-poderoso Shaquille O'Neal na eleição para o All-Star Game? Que Yao receberia 1,286 milhão de menções, quase 240 mil a mais do que o gigante angeleno? Que, ao contrário do que se comentava na imprensa, não haveria uma avalanche de votos pela internet de torcedores na China? Que O'Neal perderia também nas cédulas norte-americanas?
E quem podia imaginar que, logo em sua temporada de estréia, o brasileiro Nenê Hilário ostentaria médias de 11,8 pontos e 7,4 rebotes como titular do Denver?
Quem podia imaginar que, um anos depois de fechar o time da cidade, por falta de apoio popular, a NBA anunciaria sua volta a Charlotte? E que, do processo de concorrência, sairia o primeiro dono de time negro da história da liga norte-americana?
Quem podia imaginar que, mesmo devastado pelas contusões, o Sacramento Kings arrasaria, em menos de um mês, os três adversários mais badalados da pré-temporada (LA Lakers, Dal-las e New Jersey) e despontaria como favorito ao título?
Está claro, agora. A NBA anda além da imaginação.

Barbada 1
O patrocínio não saiu, o projeto da CBB de manter as estrelas em território nacional neste semestre não decolou, e a diáspora de jogadoras já começou. As irmãs Helen e Silvinha acertaram contratos na Espanha. A pivô Érika deve engatar o Paulista com a WNBA.

Barbada 2
Como a Folha antecipou em novembro, o México atropelou o Brasil para sediar o Pré-Olímpico. Em jogo, uma vaga para Atenas-04.

Barbada 3
A sacada histórica é do esperto site pbf.blogspot.com. O Brasil, que ganhara o direito de abrigar o Mundial de 1983, não conseguiu se classificar aos Jogos Olímpicos de 1980. A mesma maldição recaiu sobre Rússia (Mundial de 1986/Olimpíada de 1984), Malásia (1990/1988), Austrália (1994/1992), Alemanha (1998/1996) e China (2002/2000). Como o Brasil organizará o Mundial de 2006...

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