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Protesto contra ingresso a R$ 20 une até arqui-rivais
Após boicote de torcidas no Paulista, atletas palmeirenses e corintianos articulam ação conjunta
DA REPORTAGEM LOCAL
Os jogadores dos arqui-rivais
Corinthians e Palmeiras abraçaram a causa de seus torcedores e
articulam um movimento contra
os ingressos de arquibancada a R$
20, como estipula o regulamento
do Paulista-04. O valor representa
um aumento de 100% em relação
ao Estadual do ano passado.
"É uma questão que diz respeito
a todos. Precisamos usar o sindicado para reunir os atletas", afirmou Fábio Costa, goleiro do Corinthians. "Também estou do lado da torcida", disse Marcos. "Vamos ver se conversamos com outros atletas e com a diretoria sobre
isso", afirmou o palmeirense.
O volante Magrão também está
disposto a tentar convencer jogadores de outros times a participar
do movimento, que não tem uma
forma de protesto definida.
Se depender do capitão do São
Paulo, o goleiro Rogério, não haverá a união dos três grandes da
capital. "Não é a minha área, o
meu departamento, prefiro que as
pessoas envolvidas diretamente
nisso resolvam a questão", disse.
Na primeira partida de seus times em casa na competição, torcedores de Palmeiras e Corinthians fizeram protestos.
A maior parte das organizadas
não entrou nos estádios. No Pacaembu, os corintianos chamaram os dirigentes de mercenários
e exibiram faixas com mensagens
como "a burguesia fede". Os são-paulinos não organizaram nenhum manifesto no Morumbi.
A primeira atitude dos atletas
corintianos, segundo Rogério, capitão do time, será pedir à diretoria que tente a redução com a FPF.
"Primeiro, vamos ter uma conversa só entre nós. Depois, falaremos com os dirigentes, são eles
que estão mais próximos da federação", afirmou Rogério.
O plano coloca a equipe em rota
de colisão com a diretoria. Para o
vice de futebol do Corinthians,
Antonio Roque Citadini, o aumento não foi abusivo. "O preço
não é alto se levarmos em conta os
custos do futebol. O problema é
que a renda do brasileiro é baixa",
disse o dirigente ontem.
Preocupado em evitar confronto com os cartolas, Fábio Costa
tem sugestões para negociar com
a federação. Uma delas é dar um
bilhete de graça a cada três jogos
que o torcedor acompanhar.
"Com R$ 20 dá para comprar
carne para uma família de três
pessoas comer a semana inteira.
Quem fez isso não enfrenta dificuldade, vai ao estádio com batedor na frente do carro e fica na tribuna", completou o goleiro.
Alguns jogadores do Palmeiras,
entre eles o volante Magrão, procuraram a Mancha Alviverde,
principal organizada do clube, e
ofereceram bancar ingressos do
próprio bolso para que a torcida
comparecesse. "Não aceitamos as
entradas, porque queremos que
todos possam estar no estádio",
afirmou Jânio Carvalho Santos,
presidente da organizada.
Ao tomar conhecimento do fato
de que jogadores estão se organizando para levar o problema à
FPF, o presidente da entidade,
Marco Polo Del Nero explicou,
por meio de sua assessoria de imprensa, que somente conversaria
com os presidentes dos clubes.
Em um contato anterior, porém, o dirigente afirmou que estaria aberto a conversas com representantes das organizadas.
"Em um Estado de Direito as
pessoas podem concordar ou discordar do que quiserem. Mas por
enquanto o preço continua como
está", disse Del Nero.
Ao mesmo tempo em que estipulou o ingresso de R$ 20, a federação criou um bilhete de valor
igual para famílias (um casal e três
crianças até 12 anos). Segundo
Del Nero, a medida visa diminuir
a violência nos estádios. "Preço
alto não afasta bandido. Achar
que afasta é um pensamento medíocre", declarou Fábio Costa.
As organizadas de Palmeiras e
Santos, que farão o primeiro clássico do Paulista no domingo, no
Morumbi, anunciaram um protesto do lado de fora. "Teremos
carro de som e panfletos", disse o
presidente da Mancha Alviverde.
Ao justificarem o interesse em
tentar a redução de preço, os jogadores dizem que não gostam de
atuar com o estádio vazio.
Porém a situação pode refletir
nos bolsos dos atletas, já que, se os
boicotes continuarem, as receitas
dos clubes, em crise financeira,
diminuirão ainda mais.
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