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Luxemburgo diz que vai sair, recua e acaba na rua
Por "incompatibilidade", Cruzeiro dispensa técnico, que montou time de maior sucesso no Brasil em 2003
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Após um ano e sete meses no
Cruzeiro, o técnico Wanderley
Luxemburgo, 51, foi demitido ontem à tarde pela diretoria da equipe mineira e lamentou a sua saída.
Pela manhã, ele próprio colocou
o cargo à disposição. Luxemburgo recuou dessa posição logo depois, mas os irmãos Perrella não
aceitaram e o demitiram.
A crise no Cruzeiro vem se arrastando há uma semana. Luxemburgo, único técnico quatro
vezes campeão brasileiro, dizia
que havia problemas de sintonia
no clube e que isso iria prejudicar
o Cruzeiro na Libertadores.
Na quarta-feira, após um empate pelo Mineiro, Luxemburgo
prosseguiu com as declarações indiretas: "Existe alguma coisa desconfortável neste momento".
E ganhou o apoio do meia Alex,
que pôs mais lenha na fogueira
cruzeirense. Disse o meia que "assuntos pendentes", sem esclarecer quais, estavam atrapalhando o
rendimento do time. Tal declaração foi interpretada como sendo a
falta do pagamento da premiação
pelo título do Brasileiro.
Irritado com as declarações de
Luxemburgo e Alex, o vice-presidente de futebol, Zezé Perrella,
também respondeu pela imprensa, anteontem. Disse que a premiação está sendo paga em seis
parcelas, conforme combinado
com os atletas, e que ele não aceitava esse argumento.
Zezé foi além. Disse que técnico
e atletas são pagos para resolver
os problemas, que ele alegou desconhecer, e desafiou: "Para os que
não estiverem satisfeitos, a porta
da rua é a serventia da casa".
Ontem, a "lavanderia do Cruzeiro", expressão de Zezé, continuou funcionando a todo o vapor. Consumada a demissão, Luxemburgo, em entrevista, disse:
"Eu queria continuar no Cruzeiro. Mas o Zezé e o Alvimar [Perrella, presidente] entenderam que
não. Fica o sentimento de deixar
no meio do caminho um trabalho
vitorioso." O treinador foi o responsável pelo único título do Cruzeiro em Brasileiros, no ano passado, quando venceu também a
Copa do Brasil e o Mineiro.
Luxemburgo, na entrevista, não
foi claro sobre o seu pedido de demissão pela manhã. Disse apenas
que procurou a diretoria [Eduardo Maluf, diretor de futebol] em
razão do contrato, mas que depois conversou com sua família e
com a comissão técnica e que resolveu que tinha "condições de
reverter a situação" do time.
Na reunião da tarde com os irmãos Perrella houve discussões,
"normais", segundo Luxemburgo. "Chegamos a uma incompatibilidade. Discussões existem em
qualquer clube, em qualquer empresa, mas não quiseram continuar comigo, mesmo eu falando
que queria continuar", declarou,
acrescentando que "respeita a posição" dos dirigentes.
Foi Zezé Perrella quem esclareceu que, pela manhã, Luxemburgo procurou o diretor de futebol
para dizer que "estava sem alegria" para continuar comandando o Cruzeiro. Por esse motivo,
colocou o cargo à disposição.
"Nós nos reunimos e resolvemos
aceitar. Se não tem alegria, não
tem como continuar."
O Cruzeiro entende que a rescisão contratual foi amigável, não
cabendo indenização. O contrato
terminaria em 2005. Luxemburgo
não falou sobre isso. Apenas enfatizou sempre que não quiseram
que ele continuasse. O auxiliar
técnico de Luxemburgo, Paulo
César Gusmão, foi convidado para substituir o ex-chefe.
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