São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Reunião da International Board hoje discute mudanças no regulamento

Por esporte e negócio, Fifa age para inchar intervalo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa já decidiu que o futebol precisa de um descanso maior.
Hoje, na reunião anual da International Board, entidade que regulamenta o futebol, Joseph Blatter e seus pares farão força para oficializar o aumento de cinco minutos no intervalo das partidas.
A idéia de aumentar o tempo entre a primeira e a segunda etapas de 15 para 20 minutos seria uma forma de atender a necessidades de jogadores, técnicos e o mercado do futebol. Os atletas teriam mais tempo para descansar, os treinadores mais tempo para orientar seus comandados, e os negócios que cercam o esporte ganhariam segundos preciosos.
Dirigentes alemães, alguns envolvidos na organização da Copa de 2006, foram os primeiros a sugerir o aumento do intervalo. O argumento maior usado por eles é financeiro: os torcedores nos estádios teriam mais tempo para consumir e gastar em 20 minutos.
As transmissões esportivas ficariam um pouco mais longas, mas seriam enriquecidas com mais espaço para anunciantes e patrocinadores. A questão esportiva, na verdade, pouco teria pesado para a cúpula da Fifa, que oficialmente não consultou associações de atletas e treinadores sobre o tema.
Na 118ª reunião da International Board, que acontecerá em Londres, serão discutidas mudanças em sete regras do futebol, porém a Fifa concentrará seus esforços em aprovar a alteração na sétima lei, que trata da duração do jogo.
Para uma regra ser alterada no futebol é preciso que seis dos oito envolvidos na reunião da Fifa e da International Board aprovem a mudança -quatro membros da Fifa e quatro representantes da International Board participam.
A federação inglesa também sugeriu neste ano uma mudança significativa nas leis do futebol.
Após fazer experiências em torneios amadores e de menor importância, a FA (Football Association) propõe o recuo da barreira em 9,15 m quando a cobrança da falta for atrapalhada, por exemplo, com o avanço da própria barreira -além de um jogador receber cartão amarelo, a falta ficaria mais próxima do gol.
Das sete mudanças em leis que podem feitas, seis são desejos da Fifa. A entidade presidida por Blatter quer, além do aumento do intervalo, a permissão oficial para o uso de grama sintética, a regulamentação da área técnica e a proibição do chamado "gol de prata", sistema de desempate de jogos usado hoje na Europa.
A Arena de Amsterdã, o estádio do Ajax, já está pronta para receber grama sintética (seria o primeiro estádio famoso do futebol mundial a usar esse piso).
Outras propostas que serão votadas hoje são a volta do veto às comemorações em que os atletas tiram as suas camisas (e não mostram o nome dos patrocinadores na hora do gol) e o limite de cinco substituições em jogos amistosos.
O inchaço do intervalo, ponto mais importante para a Fifa, teve no presidente da CBF, Ricardo Teixeira, um dos seus maiores defensores -o dirigente é um dos membros do Comitê Executivo da Fifa e o segundo nome mais forte no Comitê de Arbitragem.
Moraci Sant'Anna, preparador físico da seleção brasileira, disse que há mais vantagens técnicas do que físicas no aumento do tempo de descanso nos jogos.
"Em relação à parte física, esses minutos a mais não mudam muita coisa. Apenas há mais tempo para o treinador falar. Em alguns torneios em que não há multa por atraso, já demoram 20 minutos para recomeçar a partida."
Na reunião da International Board, entidade que tem representantes das quatro federações britânicas (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), também serão discutidos alguns pontos que podem no futuro fazer parte das regras do futebol, como a criação de um tempo mínimo de retorno para atletas contundidos e o uso de um sistema de rádio pelos árbitros nos jogos.
Para combater a "cera", a Fifa entende que seria uma boa idéia deixar um atleta que sai contundido de campo no mínimo dois minutos fora da partida. Isso porque muitos jogadores contundidos logo que saem de maca voltam como se nada tivesse acontecido.


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