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FUTEBOL
Um a zero foi pouco
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Deu a lógica no "Majestoso". O São Paulo jogou mais,
criou mais, atacou mais e acabou
vencendo. Um a zero foi até pouco em vista da superioridade tricolor.
O clássico foi marcado mais pelo calor da disputa do que pela
qualidade do futebol jogado. Praticamente metade dos atletas em
campo tomaram cartão amarelo.
Houve choques, cabeças rachadas, empurrões e brigas. E poucos
lances trabalhados, raras jogadas
de habilidade, escassos momentos
de beleza.
Mas o fato é que o São Paulo
tem sido de uma eficiência impecável, que tem como peças mais
móveis e criativas seus dois alas,
Cicinho e Júnior, liberados para o
ataque graças ao bom esquema
defensivo, com três zagueiros e
dois volantes. Não é por acaso que
o São Paulo até agora só deixou
de vencer uma partida.
O surpreendente, ontem, foi ver
a defesa menos vazada do campeonato, a do Corinthians, ser envolvida com tanta facilidade pelos atacantes tricolores, em especial Grafite. Em alguns momentos, os zagueiros alvinegros pareciam cones de sinalização, caindo
de maduros e dando passagem livre ao adversário.
O que acontece? Os zagueiros
Anderson e Sebá, individualmente, são bons. Será falta de entrosamento? É provável.
Do meio de campo para a frente, a situação corintiana é ainda
pior, no que diz respeito ao entrosamento. São raríssimas as trocas
de passe, as tabelas, as triangulações. As poucas jogadas que acontecem são fruto do acaso ou de
lampejos individuais. Tite ainda
vai ter muito trabalho para transformar esse ajuntamento de jogadores num time.
Claro que se trata, como eu
mesmo já disse, de uma equipe
em formação. Mas os adversários
não querem saber disso. E a paciência da torcida também tem limites.
Apesar de fora de ritmo, Roger,
que entrou no segundo tempo,
mostrou que pode melhorar muito a distribuição de jogo e a armação de ações ofensivas.
Mas isso leva tempo, e o tempo é
implacável. O Campeonato Paulista já era para o alvinegro. A Copa do Brasil é um mata-mata medonho, no qual não dá para o time "ir se acertando aos poucos".
O Corinthians de Kia faz lembrar a piada do caipira que chega
a São Paulo, toma um táxi na rodoviária e vai olhando, espantado, aquele monte de tapumes, andaimes, obras viárias, prédios em
construção. O taxista percebe seu
deslumbramento e pergunta: "Está gostando de São Paulo?" E o
caipira: "Ô, se tô. Quando ficar
pronta vai ficar uma beleza". O
Timão também.
Quanto ao tricolor, o único risco
que corre agora é o do relaxamento, também conhecido como
"salto alto".
Há três motivos para que isso
não aconteça: o técnico linha-dura Leão; a pressão da torcida; a
ausência de estrelas no elenco.
Se mantiver a vibração e a pegada, o São Paulo é o grande favorito ao título, mesmo sem jogar
um futebol muito vistoso ou criativo.
Fenômeno em xeque
O habitualmente discreto Carlos Alberto Parreira deu munição aos críticos de Ronaldo ao
dizer que o craque "perdeu o
foco" no futebol. O Fenômeno
que abra o olho. Se, no Real Madrid, Luxemburgo pega no seu
pé e Michael Owen está de olho
na sua vaga, Parreira já dá sinais de que também na seleção
o posto de Ronaldo não é intocável.
O cartola e o Coelho
Um mistério tão grande quanto
o da vida pregressa de Kia, rastreada ontem neste caderno em
excelente reportagem de Fábio
Seixas: por que o Corinthians
gasta milhões de dólares na
contratação de estrelas internacionais e, na hora do pênalti decisivo, escala para a cobrança o
garoto Coelho, que já tinha batido mal duas faltas seguidas?
E-mail: melk@uol.com.br
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