São Paulo, Domingo, 28 de Fevereiro de 1999
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FUTEBOL
Clube mineiro leva à CBF documentos sobre a polêmica em torno da transferência do goleiro para o Milan
Cruzeiro prepara sua defesa no caso Dida

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O Cruzeiro vai enviar amanhã para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) uma extensa documentação contando toda a polêmica envolvendo o clube italiano Milan e o goleiro Dida, que está desaparecido há 18 dias da Toca da Raposa, sem contrato.
Com a documentação, a CBF se encarregará de fazer a defesa do clube mineiro na Fifa (entidade máxima do futebol mundial).
Cruzeiro e Milan, que tem interesse no goleiro do time mineiro e da seleção brasileira, entraram em rota de colisão e pararam de se comunicar.
Anteontem, a CBF recebeu um fax da federação suíça pedindo esclarecimentos se há objeção na transferência do jogador. O clube interessado na informação não é revelado no documento, e nem o preço do passe é solicitado.
O Cruzeiro suspeita que o clube interessado seja o Lugano, um time da Suíça no qual o Milan sempre colocou jogadores.
"Esse é o primeiro caminho para o litígio. O Cruzeiro vai responder e aguardar. O caso pode chegar à Fifa", disse o assessor do Cruzeiro, Valdir Barbosa.
A polêmica teve início quando o jogador comunicou ao clube que estava se transferindo para o Milan. O Cruzeiro fixou o passe do jogador em R$ 11,2 milhões na Federação Mineira de Futebol, mas o clube italiano reclamou do preço, que julgou ser muito caro.
O Cruzeiro pensou em ir à Fifa pedir que o órgão intercedesse em sua defesa, mas acabou não levando a idéia adiante porque oficialmente não há, até o momento, nenhuma irregularidade que justifique tal atitude.
Dida está sem contrato e, portanto, sem jogar. É um direito do jogador, nessa situação, não aparecer para treinar no clube.

Desavenças
O Milan enviou fax para o Cruzeiro para se informar sobre a venda do jogador e depois outro para questionar o valor do passe. O Cruzeiro justificou o valor afirmando que investiu muito no atleta, que chegou à seleção brasileira e, por isso, foi valorizado. Ele recebia do clube R$ 65 mil por mês e tem 25% do passe -para renovar com o jogador, o Cruzeiro havia oferecido R$ 156 mil por mês.
O relacionamento entre os clubes piorou quando o Milan enviou a Belo Horizonte o procurador italiano Fábio Parisi, no início do mês.
Parisi ofereceu US$ 2 milhões (cerca de R$ 4 milhões, ao câmbio de sexta-feira) pelo passe de Dida e -na versão do presidente do clube, José de Oliveira Costa, o Zezé Perrela- disse que era uma "cortesia do Milan ao Cruzeiro".
Foi a gota d'água para o fim do relacionamento. Perrela abriu a porta da sua sala e chamou os jornalistas que estavam do lado de fora para ouvir o que o procurador estava dizendo. Assustado com a reação, ele foi embora.
Depois disso, Cruzeiro e Milan trocaram mais um fax e nada mais. O clube italiano não depositou o dinheiro, e Dida continua desaparecido. Segundo informação passada por sua mulher ao Cruzeiro, ele está na Itália treinando em vários clubes.


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