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FUTEBOL
Clube mineiro leva à CBF documentos sobre a polêmica em torno da transferência do goleiro para o Milan
Cruzeiro prepara sua defesa no caso Dida
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Cruzeiro vai enviar amanhã
para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) uma extensa documentação contando toda a polêmica envolvendo o clube italiano
Milan e o goleiro Dida, que está desaparecido há 18 dias da Toca da
Raposa, sem contrato.
Com a documentação, a CBF se
encarregará de fazer a defesa do
clube mineiro na Fifa (entidade
máxima do futebol mundial).
Cruzeiro e Milan, que tem interesse no goleiro do time mineiro e
da seleção brasileira, entraram em
rota de colisão e pararam de se comunicar.
Anteontem, a CBF recebeu um
fax da federação suíça pedindo esclarecimentos se há objeção na
transferência do jogador. O clube
interessado na informação não é
revelado no documento, e nem o
preço do passe é solicitado.
O Cruzeiro suspeita que o clube
interessado seja o Lugano, um time da Suíça no qual o Milan sempre colocou jogadores.
"Esse é o primeiro caminho para
o litígio. O Cruzeiro vai responder
e aguardar. O caso pode chegar à
Fifa", disse o assessor do Cruzeiro,
Valdir Barbosa.
A polêmica teve início quando o
jogador comunicou ao clube que
estava se transferindo para o Milan. O Cruzeiro fixou o passe do jogador em R$ 11,2 milhões na Federação Mineira de Futebol, mas o
clube italiano reclamou do preço,
que julgou ser muito caro.
O Cruzeiro pensou em ir à Fifa
pedir que o órgão intercedesse em
sua defesa, mas acabou não levando a idéia adiante porque oficialmente não há, até o momento, nenhuma irregularidade que justifique tal atitude.
Dida está sem contrato e, portanto, sem jogar. É um direito do jogador, nessa situação, não aparecer
para treinar no clube.
Desavenças
O Milan enviou fax para o Cruzeiro para se informar sobre a venda do jogador e depois outro para
questionar o valor do passe. O
Cruzeiro justificou o valor afirmando que investiu muito no atleta, que chegou à seleção brasileira
e, por isso, foi valorizado. Ele recebia do clube R$ 65 mil por mês e
tem 25% do passe -para renovar
com o jogador, o Cruzeiro havia
oferecido R$ 156 mil por mês.
O relacionamento entre os clubes piorou quando o Milan enviou
a Belo Horizonte o procurador italiano Fábio Parisi, no início do
mês.
Parisi ofereceu US$ 2 milhões
(cerca de R$ 4 milhões, ao câmbio
de sexta-feira) pelo passe de Dida e
-na versão do presidente do clube, José de Oliveira Costa, o Zezé
Perrela- disse que era uma "cortesia do Milan ao Cruzeiro".
Foi a gota d'água para o fim do
relacionamento. Perrela abriu a
porta da sua sala e chamou os jornalistas que estavam do lado de fora para ouvir o que o procurador
estava dizendo. Assustado com a
reação, ele foi embora.
Depois disso, Cruzeiro e Milan
trocaram mais um fax e nada
mais. O clube italiano não depositou o dinheiro, e Dida continua
desaparecido. Segundo informação passada por sua mulher ao
Cruzeiro, ele está na Itália treinando em vários clubes.
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