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VÔLEI
Nova regra do esporte favorece revelações, que obtêm melhor desempenho que alguns jogadores consagrados
Calouros ameaçam "figurões" da Superliga
da Reportagem Local
Tidos como indispensáveis, os
chamados ""definidores" da Superliga masculina de vôlei estão sob a
ameaça de ter que repartir atenções -ou ver rebaixados seus ganhos- por conta da performance
de um grupo de novatos.
Lilico, 22, do Barão Ceval, André,
19, do Telemig-Minas, Dante Amaral, 18, e Luciano Bozko, 21, estes
do Unincor, figuram entre os dez
mais efetivos atacantes do torneio.
Reserva de Marcelo Negrão na
campanha que rendeu o vice-campeonato da temporada 97/98, Lilico -ou melhor, Luís Cláudio-
assinalou em 16 partidas 322 pontos (média de 20,1 pontos). Lidera
oito pontos à frente de Eduardo
Pezão, 29, do SOS, numa relação
em que Max, 29, do Report-Nipomed, o titular da seleção brasileira
no Mundial do Japão, em novembro, nem aparece.
Para os técnicos, deixado de lado
o item "talento", um outro fator
sustenta essa ascensão: favorecidos pela força física, os novatos
não tiveram problemas para se
adaptar à nova regra (na qual cada
disputa de bola resulta em ponto).
"A coisa é simples: tem que dar a
bola para o sujeito que marca ponto. Lilico e toda essa molecada fazem isso. Eles atacam 15 bolas por
set, pelo menos 12 são pontos. Se
errarem três ou tomarem um ou
dois bloqueios, ainda saem no lucro", diz Ricardo Navajas, treinador do Report-Nipomed.
"Um bom atacante pode fazer a
diferença. Mas não joga somente
um, o time tem que ganhar com os
seis", diz Mauro Grasso, do Banespa, no qual atua Joel, 23, reserva no
Mundial e terceiro entre os batedores da liga (com 287 pontos).
No ano em que a seleção terá a
disputa da Liga Mundial, do Pan e
do Sul-Americano e ainda da Copa
do Mundo, o treinador Radamés
Lattari faz elogios a Bozkinho e
Dante, mas deixa claro que não está acenando com convocação. "Há
bons jogadores, mas a seleção tem
uma base que é bastante jovem e
que deve ser mantida."
Para os dirigentes, a discussão,
em breve, descambará em outra
via: a econômica. Ou, como explica Roberto Osíres Silva, gerente do
Report, "com mais gente no mercado, que pode dar resultados para
o time, espera-se uma queda nos
valores pagos a algumas estrelas".
Não declarados, os rendimentos
de um atleta de primeira linha, como Max, oscilam entre R$ 200 mil
e R$ 250 mil por temporada. Dante, do Unincor, ainda recebe
-ajuda de custo- como juvenil.
Mais explícito, Jérson Cunha, do
Ulbra-Pepsi, afirma que Gílson,
eleito o melhor atacante -e maior
responsável pela conquista do título- da temporada passada, terá
que se adaptar quando retornar do
Japão (defende o Suntory).
""Não retiro o mérito dele, é um
jogador fabuloso. O fato é que hoje
temos exemplos de que não é só
um time que custa rios de dinheiro
que resolve. Basta ver o que ocorreu com o Suzano nesses últimos
dias", disse em alusão às duas derrotas seguidas dos paulistas.
""O que não pode acontecer é
queimarmos etapas. O Dante, por
exemplo, vai ter que cumprir todo
o rito de um juvenil, inclusive disputar o Mundial este ano, na Tailândia", diz Felipe Ximenez, diretor do Unincor, de Três Corações
(MG).
(JOSÉ ALAN DIAS)
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