São Paulo, Domingo, 28 de Fevereiro de 1999
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VÔLEI
Nova regra do esporte favorece revelações, que obtêm melhor desempenho que alguns jogadores consagrados
Calouros ameaçam "figurões" da Superliga

da Reportagem Local

Tidos como indispensáveis, os chamados ""definidores" da Superliga masculina de vôlei estão sob a ameaça de ter que repartir atenções -ou ver rebaixados seus ganhos- por conta da performance de um grupo de novatos.
Lilico, 22, do Barão Ceval, André, 19, do Telemig-Minas, Dante Amaral, 18, e Luciano Bozko, 21, estes do Unincor, figuram entre os dez mais efetivos atacantes do torneio.
Reserva de Marcelo Negrão na campanha que rendeu o vice-campeonato da temporada 97/98, Lilico -ou melhor, Luís Cláudio- assinalou em 16 partidas 322 pontos (média de 20,1 pontos). Lidera oito pontos à frente de Eduardo Pezão, 29, do SOS, numa relação em que Max, 29, do Report-Nipomed, o titular da seleção brasileira no Mundial do Japão, em novembro, nem aparece.
Para os técnicos, deixado de lado o item "talento", um outro fator sustenta essa ascensão: favorecidos pela força física, os novatos não tiveram problemas para se adaptar à nova regra (na qual cada disputa de bola resulta em ponto).
"A coisa é simples: tem que dar a bola para o sujeito que marca ponto. Lilico e toda essa molecada fazem isso. Eles atacam 15 bolas por set, pelo menos 12 são pontos. Se errarem três ou tomarem um ou dois bloqueios, ainda saem no lucro", diz Ricardo Navajas, treinador do Report-Nipomed.
"Um bom atacante pode fazer a diferença. Mas não joga somente um, o time tem que ganhar com os seis", diz Mauro Grasso, do Banespa, no qual atua Joel, 23, reserva no Mundial e terceiro entre os batedores da liga (com 287 pontos).
No ano em que a seleção terá a disputa da Liga Mundial, do Pan e do Sul-Americano e ainda da Copa do Mundo, o treinador Radamés Lattari faz elogios a Bozkinho e Dante, mas deixa claro que não está acenando com convocação. "Há bons jogadores, mas a seleção tem uma base que é bastante jovem e que deve ser mantida."
Para os dirigentes, a discussão, em breve, descambará em outra via: a econômica. Ou, como explica Roberto Osíres Silva, gerente do Report, "com mais gente no mercado, que pode dar resultados para o time, espera-se uma queda nos valores pagos a algumas estrelas".
Não declarados, os rendimentos de um atleta de primeira linha, como Max, oscilam entre R$ 200 mil e R$ 250 mil por temporada. Dante, do Unincor, ainda recebe -ajuda de custo- como juvenil.
Mais explícito, Jérson Cunha, do Ulbra-Pepsi, afirma que Gílson, eleito o melhor atacante -e maior responsável pela conquista do título- da temporada passada, terá que se adaptar quando retornar do Japão (defende o Suntory).
""Não retiro o mérito dele, é um jogador fabuloso. O fato é que hoje temos exemplos de que não é só um time que custa rios de dinheiro que resolve. Basta ver o que ocorreu com o Suzano nesses últimos dias", disse em alusão às duas derrotas seguidas dos paulistas.
""O que não pode acontecer é queimarmos etapas. O Dante, por exemplo, vai ter que cumprir todo o rito de um juvenil, inclusive disputar o Mundial este ano, na Tailândia", diz Felipe Ximenez, diretor do Unincor, de Três Corações (MG). (JOSÉ ALAN DIAS)


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