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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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BOXE

No Iraque e nos EUA

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O tratamento do conflito no Oriente Médio pelas TVs, que o encara como um verdadeiro espetáculo, provocou tal nível de insensibilidade que o tema foi incorporado até pelo pugilismo na promoção de programações.
"Na segunda, haverá duas guerras, uma no Golfo [sic] e outra aqui [no Arkansas]", disse Rosendo Alvarez ontem a esta coluna, durante teleconferência cujo tema era sua defesa do cinturão dos moscas-ligeiros da Associação Mundial de Boxe. O comentário gerou risos da parte dos participantes, que provavelmente acharam que foi uma ótima tirada.
Mas o fato é que não era necessário o nicaraguense Alvarez fazê-lo para atrair atenção à sua defesa de título contra o desafiante colombiano Beibis Mendonza (na próxima segunda-feira, o canal a cabo HBO 2 exibe a programação, ao vivo, a partir das 22h).
Alvarez, tido pela "The Ring" como o 20º melhor lutador da atualidade, independentemente da categoria de peso, e Mendonza, 51º, são bons e têm uma história que os une. Essa é a terceira luta (cada um tem uma vitória).
Também é uma chance de conferir como ficou a categoria dos moscas-ligeiros depois da aposentadoria do mexicano Ricardo "Finito" Lopez, que reinava absoluto nas categorias mais leves.
Alvarez, por sinal, foi o responsável pela interrupção da série de vitórias consecutivas de Lopez, que à época de seu combate, em 98, registrava 20 defesas do título dos palhas do Conselho Mundial de Boxe -eles empataram.
Uma curiosidade ligada a Alvarez-Mendonza: o primeiro duelo, em 2000, foi o último no qual Mitch Halpern, um dos mais promissores árbitros do passado recente, atuou. Depois dele, por motivos pessoais, suicidou-se.
Outra curiosidade é que um ex-oponente de Maguila e Mike Tyson luta na programação (sem TV). Trata-se de Lorenzo Boyd, que caiu em dois assaltos contra ambos. Adivinhe qual seu cartel. Desiste? São 27 vitórias, 16 nocautes, 54 derrotas e 1 empate.
Se tal programação não é top do top, é atraente o suficiente para ser comercializada nos EUA por meio do sistema pay-per-view, o que nos conduz a uma deprimente conclusão: é das camadas mais pobres da população que o boxe recruta suas estrelas, mas este, como entretenimento, restringe-se à elite no que se refere às TVs.
Exemplos de tal contraste?
Na terça da última semana, o "Programa do Ratinho", no SBT, exibiu luta que teve a qualidade questionada pelo apresentador. Fora isso, na TV aberta, só apresentações de Popó na Globo e boxe amador na Bandeirantes.
A mensagem é clara: quem quiser assistir ao pugilismo de alto nível terá de desembolsar um dinheiro extra, pois ele está confinado majoritariamente às TVs a cabo (é uma opção infinitamente melhor do que não ter boxe).
Tal cenário não é exclusividade daqui. Nos EUA, o privilégio de assistir é de quem o faz via HBO, Showtime, ESPN, pay-per-view.
Ou quase. O boxe retornará à TV aberta nos EUA em maio, graças a um acordo entre a empresa Main Events e a rede de TV NBC, que não exibia lutas desde 1992.

Brasil 1
O superpesado Raphael Zumbano, primo do ex-bicampeão mundial Eder Jofre (que anteontem completou 67 anos) e neto de Ralph Zumbano, luta na próxima terça-feira no tradicional torneio de estreantes Forja de Campeões, contra Fernando Gustavo. A competição será realizada no ginásio Baby Barione (rua Germaine Burchard, 451, na Água Branca), a partir das 19h25, com entrada franca.

Brasil 2
Giovano Andrade e Antonio Carlos Santos disputam o título paulista dos supergalos em dez assaltos amanhã, em programação que tem início a partir das 19h, no Centro Esportivo Thomas Malzzoni (praça Jânio da Silva Quadros, 150, Vila Maria), com entrada franca. Na preliminar, o pesado Marcelino Novaes enfrenta Silvano de Castro.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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