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BOXE
No Iraque e nos EUA
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O tratamento do conflito
no Oriente Médio pelas TVs,
que o encara como um verdadeiro espetáculo, provocou tal nível
de insensibilidade que o tema foi
incorporado até pelo pugilismo
na promoção de programações.
"Na segunda, haverá duas guerras, uma no Golfo [sic] e outra aqui [no Arkansas]", disse Rosendo Alvarez ontem a esta coluna, durante teleconferência cujo tema era sua defesa do cinturão
dos moscas-ligeiros da Associação
Mundial de Boxe. O comentário
gerou risos da parte dos participantes, que provavelmente acharam que foi uma ótima tirada.
Mas o fato é que não era necessário o nicaraguense Alvarez fazê-lo para atrair atenção à sua
defesa de título contra o desafiante colombiano Beibis Mendonza
(na próxima segunda-feira, o canal a cabo HBO 2 exibe a programação, ao vivo, a partir das 22h).
Alvarez, tido pela "The Ring"
como o 20º melhor lutador da
atualidade, independentemente
da categoria de peso, e Mendonza, 51º, são bons e têm uma história que os une. Essa é a terceira
luta (cada um tem uma vitória).
Também é uma chance de conferir como ficou a categoria dos
moscas-ligeiros depois da aposentadoria do mexicano Ricardo "Finito" Lopez, que reinava absoluto
nas categorias mais leves.
Alvarez, por sinal, foi o responsável pela interrupção da série de
vitórias consecutivas de Lopez,
que à época de seu combate, em
98, registrava 20 defesas do título
dos palhas do Conselho Mundial
de Boxe -eles empataram.
Uma curiosidade ligada a Alvarez-Mendonza: o primeiro duelo,
em 2000, foi o último no qual
Mitch Halpern, um dos mais promissores árbitros do passado recente, atuou. Depois dele, por motivos pessoais, suicidou-se.
Outra curiosidade é que um ex-oponente de Maguila e Mike
Tyson luta na programação (sem
TV). Trata-se de Lorenzo Boyd,
que caiu em dois assaltos contra
ambos. Adivinhe qual seu cartel.
Desiste? São 27 vitórias, 16 nocautes, 54 derrotas e 1 empate.
Se tal programação não é top do
top, é atraente o suficiente para
ser comercializada nos EUA por
meio do sistema pay-per-view, o
que nos conduz a uma deprimente conclusão: é das camadas mais
pobres da população que o boxe
recruta suas estrelas, mas este, como entretenimento, restringe-se à
elite no que se refere às TVs.
Exemplos de tal contraste?
Na terça da última semana, o
"Programa do Ratinho", no SBT,
exibiu luta que teve a qualidade
questionada pelo apresentador.
Fora isso, na TV aberta, só apresentações de Popó na Globo e boxe amador na Bandeirantes.
A mensagem é clara: quem quiser assistir ao pugilismo de alto
nível terá de desembolsar um dinheiro extra, pois ele está confinado majoritariamente às TVs a
cabo (é uma opção infinitamente
melhor do que não ter boxe).
Tal cenário não é exclusividade
daqui. Nos EUA, o privilégio de
assistir é de quem o faz via HBO,
Showtime, ESPN, pay-per-view.
Ou quase. O boxe retornará à
TV aberta nos EUA em maio, graças a um acordo entre a empresa
Main Events e a rede de TV NBC,
que não exibia lutas desde 1992.
Brasil 1
O superpesado Raphael Zumbano, primo do ex-bicampeão mundial
Eder Jofre (que anteontem completou 67 anos) e neto de Ralph Zumbano, luta na próxima terça-feira no tradicional torneio de estreantes
Forja de Campeões, contra Fernando Gustavo. A competição será
realizada no ginásio Baby Barione (rua Germaine Burchard, 451, na
Água Branca), a partir das 19h25, com entrada franca.
Brasil 2
Giovano Andrade e Antonio Carlos Santos disputam o título paulista
dos supergalos em dez assaltos amanhã, em programação que tem
início a partir das 19h, no Centro Esportivo Thomas Malzzoni (praça
Jânio da Silva Quadros, 150, Vila Maria), com entrada franca. Na preliminar, o pesado Marcelino Novaes enfrenta Silvano de Castro.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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