|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BEISEBOL
Pela 1ª vez em 40 anos, um time profissional norte-americano rompe embargo e vai à ilha para amistoso, hoje
Cuba recebe EUA em confronto histórico
da Reportagem Local
O estádio Latinoamericano em
Havana recebe hoje um jogo histórico. Pela primeira vez em 40 anos,
um time profissional norte-americano de beisebol vai a Cuba.
O confronto entre o Baltimore
Orioles e a seleção nacional da ilha,
no entanto, é cercado de críticas,
positivas e negativas.
Os fãs, logicamente, estão na expectativa de ver representantes das
duas principais potências do mundo do beisebol se chocarem.
Os EUA possuem o campeonato
profissional mais poderoso, competitivo e rico do planeta, e Cuba
detém a supremacia olímpica e nos
Campeonatos Mundiais -até o
ano passado, os profissionais não
podiam disputar esses torneios.
No lado político, concentram-se
os principais protestos. Na quarta-feira, congressistas norte-americanos de origem cubana criticaram a
realização do confronto.
"Permitir que essa partida se celebre em um momento em que (Fidel) Castro promove uma brutal
onda repressiva contra a dissidência interna ajuda o tirano a desviar
a atenção sobre os casos de infração dos direitos humanos na ilha e
mostrar uma (imagem) de normalidade", disse a deputada republicana Ileana Ros-Lehtinen.
O jogo é considerado uma tentativa de aproximar os países, cujas
relações foram rompidas em 1961.
Um alto funcionário da Casa
Branca, que não quis se identificar,
no entanto, afirmou que o jogo não
faz parte de uma "diplomacia do
beisebol" -a exemplo do que
aconteceu com torneios de tênis de
mesa na China, nos anos 70.
Mas o próprio dono dos Orioles,
Peter Angelos, confirmou que o jogo tem objetivo diplomático.
A afirmação foi fortemente criticada por grupos contrários ao governo de Fidel, que fizeram várias
manifestações em frente ao centro
de treinamento do time.
A última vez que Cuba viu jogadores profissionais norte-americanos foi em março de 1959, quando
o Cincinnati Reds e o Los Angeles
Dodgers se enfrentaram.
Os Orioles também disputarão
uma segunda partida em Havana,
no dia 3 de maio.
Exclusividade
"Finalmente vamos ver um jogo
duro. Tenho esperado um bom
tempo por isso." Apesar da expectativa de Miguel Marquez, um torcedor de 65 anos, a maioria dos
moradores de Cuba, cujo esporte
mais popular do país é o beisebol,
não poderá estar presente no confronto histórico.
Somente convidados do governo
local poderão entrar no estádio Latinoamericano, cuja capacidade é
de 50 mil pessoas.
"Não haverá ingressos à venda.
Quando há um evento com tamanho interesse público, só é possível
ser realizado por meio de convites", disse Reinaldo Calviac, diretor do Centro de Imprensa Internacional de Havana.
Uma filial da rede ABC em Miami vai transmitir a partida. A emissora WPLG exibirá o jogo pela TV
a cabo ESPN, mas deve ser transmitido em sistema aberto.
Muitas das programações de
Miami, no entanto, são assistidas
em Cuba, por meio de antenas parabólicas clandestinas.
Deserção
O dono do Florida Marlins, Jonh
Henry, acusou o Baltimore Orioles
de atrair desertores de Cuba.
"O problema é a ignorância. Ninguém sabe direito como é a opressão lá", disse Henry, dando a entender que a ida do rival incitaria
os cubanos a deixar o país.
O dono dos Orioles, Peter Angelos, discorda da opinião. "Não há
segundas intenções. É simplesmente um intercâmbio de povos."
"A noção de que esta iniciativa
recrutaria cubanos no futuro é
produto do cinismo de outras pessoas", disse.
(MARCILIO KIMURA)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|