São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2000


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FUTEBOL
Algumas notas sobre notas

JOSÉ ROBERTO TORERO

A vida de cronista esportivo me dá a chance de fazer algumas coisas que sempre quis, como entrar de graça nos jogos, dizer que estou trabalhando enquanto tomo uma cerveja e assisto a um jogo pela TV e, principalmente, dar notas.
Dar notas confere ao julgador uma sensação de poder e superioridade difícil de explicar. Trata-se de julgar, em poucas palavras e com um número, o resultado de um esforço e uma preparação que custou sangue, suor e calmantes. Os professores, que devem experimentar isso ao corrigir provas dos alunos, hão de concordar comigo.
Sendo assim, vamos às notas sobre alguns jogadores e jogadas.
Dida: como dizem os passageiros nos ônibus apertados, "um passinho para trás", 5.
Cafu: o lateral-preservativo, dá segurança e busca a penetração, 6.
Antônio Carlos: não teve muito trabalho, mas fez um gol, 5.
Aldair: sem o mesmo molejo de outros tempos, 5.
Roberto Carlos: é um Ciro Gomes. Apresenta-se para as jogadas de ataque, mas não consegue produzir nada de extraordinário, 6.
César Sampaio: competente, mas poderia ter dado mais cobertura ao pessoal de trás, 5.
Vampeta: tentou ser opção de ataque, mas só tentou, 5.
Rivaldo: futebol nota 5, eficiência nota 10, média, 7,5.
Zé Roberto: como marcador, preguiçoso, como articulador, sonolento, 3.
Amoroso: reclamou muito das faltas. Está mais para dengoso, 5.
Edílson: veloz, mas fominha, 6.
Aguinaga: pelo lindo gol e por ter se contundido, nos poupando de mais agonias, 10.
Festa dos 500 anos: muita pompa para esconder a circunstância. Um fiasco, 0,05.
Daniel (o cantor): lembra o Cafu, para onde você olha, ele está lá. E, às vezes, de cueca, zero.
Pizza que comi durante o jogo: parece o César Sampaio, bom volume, mas falhou na cobertura, 4.
"Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago: para encher os olhos, 10.
Nicéia Pitta: começou entrando de carrinho e dando cotoveladas, mas depois sumiu no jogo e não disse a que veio, 4.
Câmara Municipal de SP: salvo honrosas exceções, sempre joga com má vontade, má fé e despreza a torcida. Seria bom pensar em substituições para a próxima temporada, 1. Violência em SP: é o tipo de atleta que, quanto mais apanha, mais cresce, 7.
"As Cidades", de Chico Buarque: a categoria, a serenidade e a classe de sempre, 10.
Galvão Bueno: não foi tão ufanista dessa vez, 6.
Luciano do Valle: animado e preciso, mas cisma de falar de Vinhedo, Foz do Iguaçu, Porto de Galinhas e outros assuntos mais turísticos que futebolísticos, 6.
Animação da Band com Tiazinha e Feiticeira: doravante torcerei por substituições e cartões, 10.
ACM: gosta de bater da medalhinha pra cima, mas não tem o mesmo fôlego de outros tempos, 3.
Governo FHC: fala muito, gesticula e faz jogadinhas de efeito, mas, na verdade, produz pouco. Parece gostar mais de bancos do que do jogo propriamente dito, 3.
Rafael Greca: quando viu a plaquinha de substituição, se fingiu de morto, 2.
Salário mínimo: apático, mirrado e sem fôlego, cansou logo nos primeiros minutos. E o pior é que teve que continuar jogando, 1,51.
Armínio Fraga: se valesse o que pensa que vale, 10. Fica no 2.
Pitta: é o tipo do jogador que você olha e diz para o torcedor do lado "não é possível, ele deve ter tido um caso com o técnico", zero.

E-mail torero@uol.com.br


José Roberto Torero escreve às sextas-feiras e às quartas-feiras

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