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TÊNIS
Essa coisa chamada saibro
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Saibro? Que horror!
Enquanto os amigos-adversários, maravilhados, descobriam
aquele piso mágico, eu, impaciente já do alto dos 13 anos, xingava
em pensamento quase alto o sujeito que mandou construir aquelas duas novas quadras no clube.
"Agora", imaginava então, recém-avisado pelo professor de
que ali a bola iria perder velocidade, "até aqueles gordinhos chatos vão conseguir chegar e rebater
todas as bolas".
A resistência ao piso aumentava a cada dia. Lógico: naquele
chão lentíssimo, o garotão que se
julgava o sucessor de Stefan Edberg apanhava até dos simpáticos
senhores septuagenários que, depois das cinco da tarde, tinham
prioridade no uso das quadras do
clube. Só por causa do piso, imaginava, esses velhinhos conseguem rebater as bolas, erguer todas elas, irritar.
Nem a descoberta de que o problema não era o excesso de pó de
tijolo no piso, mas a falta de talento, fez o saibro ganhar a simpatia deste colunista. Ainda parecia ser um terreno feio, sujo, pantanoso, literalmente.
Longos anos depois, finalmente
visto de fora, esse piso começou a
parecer um pouco interessante.
Foi na época em que sujeitos sem
graça como Michael Chang, Andrés Gomez, Sergi Bruguera e
Thomas Muster deram lugar a
um garotão brasileiro simpático.
O fato é que ter um compatriota
ganhando títulos e títulos no saibro fez deste o piso nacional.
Começou a trazer para os meses
de abril e maio uma expectativa
boa, geralmente acompanhados
de resultados bacanas. Ainda assim, pensava, faltava um pouco
para a luta no saibro se igualar às
emocionante batalhas que Andre
Agassi, Patrick Rafter e Pete Sampras, entre vários outros, travavam nos pisos rápidos.
Eis que, em um agradável e
tranqüilo fim de tarde no litoral
baiano, em meio a um turbulento
confronto de Copa Davis, o papo,
despretensioso e à mesa de um
bar, vai para as particularidades
de cada tipo de piso no tênis.
E eis que, sem saber das preferências deste colunista, o técnico
gente boa Marcelo Meyer passa a
discorrer com empolgação sobre o
maldito saibro.
"O saibro é um piso vivo! No cimento, no carpete, o piso é uma
coisa morta. No saibro, não! O tenista, além de enfrentar um rival,
precisa superar esse monstro que
é o piso. Sim, porque um dia ele
está lá, imóvel, molhado, lento,
ideal para ele. Mas, dali a 24 horas, o mesmo piso se transformou:
está mais seco, não mais tão lento, indócil."
"Só no saibro o piso é um aliado
e um adversário. Pode ser um
aliado no sábado e um tremendo
adversário no domingo. Roland
Garros pode começar a ser disputado sob aquele tempo seco de Paris e, de um dia para o outro, debaixo de chuva, com um piso totalmente diferente."
"Quando o torneio é no carpete,
você tem um torneio do começo
ao fim. Quando o torneio é no saibro, você vê um torneio por dia.
Porque nunca o piso está igual! O
tenista precisa domar esse piso,
precisa conter essa coisa.""
Taí. Confesso: pois não é que essa coisa é legal mesmo?
Fed Cup
Maria Fernanda Alves, Carla Tiene, Larissa Carvalho e Letícia Sobral
colocaram o Brasil nos playoffs do Grupo Mundial.
Circuitos infanto-juvenis
Rodrigo Starling, Bruna Cunha (18 anos), Nicolas Santos, Paula Pereira (16), André Stabile, Paula Gonçalves (14), Matheus Junqueira e
Vivian Pietraroia (12) foram os campeões da segunda etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup, em Ribeirão Preto. Nesta semana, o
Circuito Banco do Brasil tem sua primeira etapa em Belo Horizonte.
Muso
Patrick Rafter tornou oficial sua relação com a modelo Lara Feltham.
No sábado, fez uma cerimônia de casamento nas Ilhas Fiji.
E-mail randaku@uol.com.br
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