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Campeão paulista de 35, Perigo Loiro aposta no 10
Único vivo da 1ª taça estadual do Santos, Mário Pereira faz analogia entre times
Ex-meia cita ter jogado final
fora da Vila e a presença de
um atleta extraordinário na
equipe, Araken Patuska, a
exemplo de Zé Roberto hoje
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Em sua casa no bairro do Boqueirão, em Santos, Mário Pereira, campeão em 1935, olha foto da época em que era jogador de futebol |
DA ENVIADA A SANTOS
As pernas já não são mais tão
firmes e velozes como outrora.
Tampouco exibe a cabeleira
que lhe rendeu o apelido de Perigo Loiro. Mas Mário Pereira
carrega consigo uma particularidade. Aos 93 anos, o ex-meia-direita do Santos é o único campeão paulista de 1935 vivo.
E, apesar dos quase 72 anos
que o separam do dia da decisão
contra o Corinthians, Mário
ainda consegue se recordar
com facilidade de um determinado lance do jogo que rendeu
ao clube do litoral sul seu primeiro título estadual.
"Eu ia levantar a bola e vi o
Araken [Patuska]. Mandei para
ele, que chutou forte. Foi uma
patada. O José [goleiro corintiano] nem conseguiu reagir",
relembra Mário, detalhando o
segundo gol da vitória por 2 a 0,
com gols de Raul e Araken.
Naquele ano, como na atual
campanha santista, o time da
Baixada sofreu apenas uma
derrota em toda a competição,
para o Corinthians, por 2 a 0.
Em um total de 12 jogos, a equipe comandada por Virgilio Pinto de Oliveira, ou simplesmente Bilu, venceu nove vezes e
empatou outras duas partidas.
Também como na edição de
2007 do Paulista, o Santos decidiu o título fora da Vila Belmiro. Foi na casa dos corintianos,
o estádio Alfredo Schurig, que
Mário Pereira e companhia levantaram a primeira das 16 taças do clube no Estadual.
E não foi fácil. "A partida começou tensa, com ataques dos
dois lados", relata o ex-ponta.
Mário lembra que o receio da
torcida em perder a final para o
rival da capital era tanto que os
fãs resolveram se "precaver",
caso o Santos fosse "garfado"
pelo árbitro Heitor Marcelino
Domingues. Levaram até garrafas de gasolina para o estádio.
Mas não foi preciso medidas
drásticas, pois a taça desceu a
serra do Mar de trem com os
santistas. "O time deles era
muito bom, com Teleco e Carlito, mas o nosso não ficava atrás.
A gente tinha o Araken."
O atacante de apurada técnica e habilidade, aliás, foi o primeiro grande ídolo da torcida
do Santos e o único jogador
paulista a ir para a Copa de
1930, no Uruguai. Teria Araken
sido melhor que Pelé?
"Ele [Araken] dizia que era. E
não duvido. Era um atacante
extraordinário", diz Mário, que
teve carreira abreviada aos 23
anos, após ser atingindo no joelho em jogo com o São Paulo.
Mas, para o possível 17º título
paulista do alvinegro, quem pode ser o craque do jogo contra o
São Caetano? A resposta vem
com velocidade. "O Zé Roberto!
Ele também é extraordinário."0
(JULYANA TRAVAGLIA)
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