São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Campeão paulista de 35, Perigo Loiro aposta no 10

Único vivo da 1ª taça estadual do Santos, Mário Pereira faz analogia entre times

Ex-meia cita ter jogado final fora da Vila e a presença de um atleta extraordinário na equipe, Araken Patuska, a exemplo de Zé Roberto hoje

Ricardo Nogueira/Folha Imagem
Em sua casa no bairro do Boqueirão, em Santos, Mário Pereira, campeão em 1935, olha foto da época em que era jogador de futebol


DA ENVIADA A SANTOS

As pernas já não são mais tão firmes e velozes como outrora. Tampouco exibe a cabeleira que lhe rendeu o apelido de Perigo Loiro. Mas Mário Pereira carrega consigo uma particularidade. Aos 93 anos, o ex-meia-direita do Santos é o único campeão paulista de 1935 vivo.
E, apesar dos quase 72 anos que o separam do dia da decisão contra o Corinthians, Mário ainda consegue se recordar com facilidade de um determinado lance do jogo que rendeu ao clube do litoral sul seu primeiro título estadual.
"Eu ia levantar a bola e vi o Araken [Patuska]. Mandei para ele, que chutou forte. Foi uma patada. O José [goleiro corintiano] nem conseguiu reagir", relembra Mário, detalhando o segundo gol da vitória por 2 a 0, com gols de Raul e Araken.
Naquele ano, como na atual campanha santista, o time da Baixada sofreu apenas uma derrota em toda a competição, para o Corinthians, por 2 a 0. Em um total de 12 jogos, a equipe comandada por Virgilio Pinto de Oliveira, ou simplesmente Bilu, venceu nove vezes e empatou outras duas partidas.
Também como na edição de 2007 do Paulista, o Santos decidiu o título fora da Vila Belmiro. Foi na casa dos corintianos, o estádio Alfredo Schurig, que Mário Pereira e companhia levantaram a primeira das 16 taças do clube no Estadual.
E não foi fácil. "A partida começou tensa, com ataques dos dois lados", relata o ex-ponta.
Mário lembra que o receio da torcida em perder a final para o rival da capital era tanto que os fãs resolveram se "precaver", caso o Santos fosse "garfado" pelo árbitro Heitor Marcelino Domingues. Levaram até garrafas de gasolina para o estádio.
Mas não foi preciso medidas drásticas, pois a taça desceu a serra do Mar de trem com os santistas. "O time deles era muito bom, com Teleco e Carlito, mas o nosso não ficava atrás. A gente tinha o Araken."
O atacante de apurada técnica e habilidade, aliás, foi o primeiro grande ídolo da torcida do Santos e o único jogador paulista a ir para a Copa de 1930, no Uruguai. Teria Araken sido melhor que Pelé?
"Ele [Araken] dizia que era. E não duvido. Era um atacante extraordinário", diz Mário, que teve carreira abreviada aos 23 anos, após ser atingindo no joelho em jogo com o São Paulo.
Mas, para o possível 17º título paulista do alvinegro, quem pode ser o craque do jogo contra o São Caetano? A resposta vem com velocidade. "O Zé Roberto! Ele também é extraordinário."0 (JULYANA TRAVAGLIA)


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