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Europa quer vetar regra antidoping polêmica
UE defende que norma da Wada viola direito de esportistas à privacidade
Lei, que obriga atletas a avisar onde estarão todos os dias, gera controvérsia por ferir legislações locais sobre direito de proteção de dados
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate sobre a regra do
"whereabout" (paradeiro, em
inglês), na qual os atletas têm
que informar onde podem ser
encontrados para fazer teste
antidoping fora de competição,
chegou à esfera política.
"A regra do "whereabout" não
é proporcional às necessidades
do antidoping, é draconiana. Os
atletas devem ter direito à privacidade e a tirar férias", disse à
Folha Emine Bozkurt, deputada do Parlamento Europeu.
A holandesa quer que a
União Europeia aja para que a
norma, que entrou no Código
Mundial Antidoping neste ano,
seja derrubada. "A regra atual
da Wada [Agência Mundial Antidoping] trata os atletas como
criminosos, mesmo aqueles
que nunca tiveram teste positivo ou jamais foram punidos."
Na semana passada, Emine
encaminhou relatório neste
sentido, resultado de reuniões
de um comitê consultivo integrado pelos 27 países da UE.
O documento diz que os Estados europeus não são obrigados a obedecer o Código Mundial Antidoping, se ele entrar
em choque com a legislação nacional e comunitária de proteção de dados e privacidade.
"A conclusão mais importante é que partes do código da
Wada violam direitos civis dos
atletas, e os países são obrigados a garantir que os cidadãos
sejam protegidos contra transgressões à privacidade."
Por isso, ela pede que a UE
vete a regra do "whereabout",
que determina que os atletas
divulguem ao antidoping onde
podem ser achados, uma hora
por dia, durante todo o ano.
"Nem a Wada está acima da
lei. A UE pode tomar medidas
legais [contra a regra], e gostaria que a Comissão Europeia,
como poder executivo da UE,
siga essa linha", diz a deputada.
Vários esportistas já se pronunciaram contra a norma, como o tenista Rafael Nadal, número um do ranking, e Ielena
Isinbaieva, campeã mundial e
olímpica do salto com vara.
Para a deputada, que integra
o Partido Socialista Europeu,
só uma ação da UE pode brecar
a implementação da norma.
"A Wada é uma entidade poderosa, e nenhum país quer
correr o risco de ter seus esportistas excluídos das competições", pondera a holandesa.
"Mas, se um grande grupo de
países, como os que integram a
UE, decidir conjuntamente ir
de encontro à política da Wada,
será quase impossível que ela
não volte atrás", acrescenta.
Poder para isso, o grupo tem.
A Europa é responsável por
47,5% do orçamento da Wada.
Consultada, a agência nega
choque de legislação. Segundo
Frédéric Donzé, gerente de comunicações da agência, houve
reuniões com representantes
europeus em que foi acordado
que "as leis nacionais prevalecem desde que sejam tão rigorosas quanto as da Wada".
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