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Distrito Federal não tem verba para arena
Tribunal afrouxa exigências para que
estádio da Copa possa ser viabilizado
Licitação será realizada sem
governo contar com R$ 23
milhões para a 1ª etapa e
mesmo com a suspeita de
a obra estar superfaturada
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tribunal de Contas do Distrito Federal decidiu ontem
afrouxar as exigências para que
o governo faça a licitação de R$
740 milhões do estádio Mané
Garrincha, mesmo sem ter dinheiro para a reforma da arena
que disputa com o Morumbi a
abertura da Copa-2014.
O TCDF decidiu liberar a licitação após pressão do governo
do Distrito Federal e de empresários, que temiam que Brasília
ficasse fora do segundo Mundial no Brasil. O prazo para que
a obra comece é 3 de maio.
A solução encontrada foi permitir que o governo do DF faça
a licitação na próxima semana,
enquanto se desdobra para
conseguir o dinheiro até a assinatura do contrato.
Segundo o TCDF, o governo
ainda não tem R$ 23 milhões
para a primeira etapa da obra,
que custará R$ 103 milhões até
o fim do ano. O problema é que
o governo fica engessado em
época de eleição, pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
A decisão de ontem foi criticada pelo relator do processo,
conselheiro Ronaldo Costa
Couto, que defendeu que a licitação continuasse suspensa.
No relatório, Couto disse que as
irregularidades poderiam fazer
"sangrar" dinheiro público.
"Essa avaliação deve garantir
que não venhamos a sangrar recursos de segurança, saúde e
educação para concluirmos a
obra no prazo", diz o texto.
No final, venceu o argumento
da conselheira Marli Vinhadeli.
Ela reconheceu as irregularidades no orçamento, mas sugeriu
que o TCDF fosse mais "ameno" nessa etapa, a fim de conseguir se adequar ao prazo da Fifa. "Ainda estamos na pré-qualificação, os requisitos têm uma
leitura mais amena", afirmou.
A decisão foi tomada logo
após o advogado Herman Barbosa, representante de uma das
empreiteiras interessadas nos
R$ 740 milhões, pressionar o
TCDF. "A gente pede que as
providências sejam tomadas
com a licitação, senão Brasília
pode ficar de fora da Copa",
afirmou ele na tribuna.
A obra de R$ 740 milhões deveria ser custeada por um convênio do governo do DF. O problema, segundo o TCDF, é que
nenhum dos órgãos da parceria
tem dinheiro para fazê-la. A
Novacap, estatal responsável
pela licitação, garante apenas
R$ 80 milhões dos R$ 103 milhões previstos para 2010. A Secretaria de Obras reservou R$ 1
milhão. O resto seria bancado
pela Terracap, estatal que cuida
dos loteamentos de Brasília.
A Terracap, porém, só comprometeu um terço do previsto
- para um projeto "acessório"
à função da estatal. "Temos dúvidas sobre a real capacidade da
Terracap", diz o relatório.
No documento, o TCDF afirma ainda que a falta de dinheiro
é "agravada" porque não há no
orçamento as obras na cobertura fixa, cadeiras, gramado e
sistema de radiodifusão. Ou seja, não se sabe o valor final.
A licitação estava suspensa
desde fevereiro. O TCDF decidiu ontem que o governo deve
fazer testes para reaproveitar
concreto e usar materiais agregados para adequar o preço.
A ampliação do Mané Garrincha levará três anos, e os estádios da Copa devem ficar
prontos até o fim de 2012. A
arena disputa com Morumbi e
Mineirão a abertura do evento.
A capacidade atual é de 45
mil torcedores e deverá ser ampliada para 71 mil lugares. O governador Rogério Rosso
(PMDB) disse que vai se "esforçar" para resolver a situação.
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