|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO
A grande dúvida do Felipão
Cada dia que passa e
que a Copa se aproxima, Felipão tem mais
vontade de escalar o Denílson
desde o início da partida, mas
não sabe como fazer isso. Teria de tirar o Rivaldo ou um
de seus zagueiros.
Teoricamente, Rivaldo é um
jogador imprescindível, mas
não está em forma.
Com Denílson, o ataque ganha um jogador habilidoso e
veloz pela ponta. Os dois Ronaldos e Rivaldo atuam muito
pelo meio, driblando e tabelando. Com razão, Luiz Felipe
Scolari prefere as jogadas pelos flancos.
O técnico estava certo de iniciar a partida de estréia na
Copa do Mundo com o time
com três zagueiros, mais defensivo, mas, hoje, já não tem
tanta certeza disso.
Aí entraria o Denílson no lugar de um zagueiro. Nos últimos amistosos os gols saíram
no segundo tempo com a presença do atacante do Betis.
Com os jogadores atuais,
preferiria a equipe com dois
zagueiros. Recuaria ainda o
Rivaldo, para que se tornasse
o terceiro jogador de meio-campo, já que não foi convocado nenhum meia-amardor.
Dessa forma, para completar,
escalaria o Denílson na ponta
esquerda.
Teoria da complexidade
A seleção brasileira fez ontem os primeiros treinos em
Ulsan. Logo na entrada do
campo, havia uma faixa com
os dizeres: "Brasil, o melhor time do mundo". Perdemos o
primeiro lugar, mas não perdemos a fama.
Roberto Carlos afirmou que,
se o Brasil jogar 40% do que
sabe, ganha da Turquia. Não
perdemos também a pose.
Como escrevi ontem, estava
curioso para assistir aos treinos do Felipão. No primeiro
dia, porém, não houve nenhuma novidade.
Todos os treinadores fazem
a mesma coisa: as brincadeiras de "bobinho", o treino de
dois toques, o de fundamentos
técnicos e o de bolas cruzadas
das laterais. Enfim, tudo sem
adversário.
Os técnicos adoram treinos
de dois toques, sem posição, e
em campo pequeno. De todos
os tipos. Existem até especialistas no assunto. Para mim, eles
não adiantam e seriam descartáveis. É a teoria do quanto
mais complexo melhor. Treina-se o que não vai acontecer
em um jogo de Copa.
Com a sua irreverência, malandragem e sabedoria, Romário sempre treinou somente
o que iria fazer em campo.
Na Espanha, fui entrevistá-lo no campo do Valencia. Os
jogadores treinavam num
campo pequeno, passando a
bola com as mãos até jogar no
gol. Romário estava de fora,
com dores musculares. Ele me
disse: "Não vou treinar porque
futebol se joga com os pés".
Sei que os professores de educação física e os treinadores
modernos vão me contestar e
dar milhões de explicações
científicas para estes treinos,
mas nenhuma delas vai me
convencer.
Treinar é simplesmente repetir, simular, tudo o que pode
realmente acontecer numa
partida de futebol.
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Sina de contusões persegue camisa 10 Próximo Texto: Por Quê?: Inchaço de jogos na Europa desgasta astros do Mundial Índice
|