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TÁTICA
Maioria dos treinadores foge à regra de profissionais que brilharam dentro de campo
Perna-de-pau vira craque da prancheta no Mundial
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Pelo menos no banco de reservas, a Copa-2002 será um espetáculo menos glamouroso do que
em edições passadas.
Com o brasileiro Luiz Felipe
Scolari na "comissão de frente", a
competição terá uma maioria esmagadora de treinadores que fogem do perfil de craque que encerra a carreira no campo e parte
para a profissão de técnico.
Dos 34 homens da prancheta
que vão disputar o Mundial da
Ásia -Suécia e Tunísia têm comando duplo-, só oito sentiram
o gosto de estar no certame mais
desejado do futebol como jogadores. Os outros 26 variam de carreiras pífias, caso de Scolari, a situações intermediárias, como o francês Roger Lamerre.
Entre os oito agraciados com a
condição de inscrito em uma Copa como jogador e treinador, o
único que foi estrela de primeira
grandeza como atleta foi o alemão
Rudi Voeller (leia texto nesta página). Os demais foram razoavelmente famosos ou inexpressivos.
Na Copa passada, realizada na
França, os bancos de reservas
eram mais estrelados.
Naquela competição, 11 treinadores tinham em seus currículos
passagens pela competição como
atletas, sendo que três eram da
primeiríssima linha do futebol
-o brasileiro Zagallo, o argentino Passarella e o alemão Vogts.
Agora, na Ásia, o que se vê é um
forte domínio entre os técnicos de
gente que não conheceu os holofotes como jogador.
Scolari fez quase toda a sua carreira no interior gaúcho, onde era
conhecido pela falta de técnica.
Encerrou a carreira no CSA de
Alagoas, onde partiu para a fama
ao assumir o cargo de treinador.
A América do Sul, terra de Scolari, tem uma das maiores concentrações de técnicos que foram
inexpressivos como jogadores.
Além do Brasil, Argentina,
Equador e Uruguai levaram à
Ásia selecionadores que só alcançaram a verdadeira fama depois
da carreira modestas jogando.
O argentino Marcelo Bielsa, que
faz incrível sucesso hoje, tem um
currículo ainda mais fraco do que
o de Scolari. Dividindo as atividades de jogador com um curso universitário de agronomia, sua carreira profissional foi efêmera.
Hernán Darío Gómez, do Equador, teve o auge da sua carreira de
futebolista quando jogou por
uma seleção da Colômbia, onde
nasceu, nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe de 1978.
No Uruguai, Victor Púa só ficou
famoso no futebol pelo seu trabalho com amadores. Antes, era um
zagueiro do modesto Progresso.
Mas não é só a América do Sul
que ex-craques perderam a vez.
Bora Milutinovic, que vai disputar seu quinto Mundial como treinador, não foi o melhor jogador
nem da sua família na Iugoslávia.
Dois de seus irmãos jogaram a
edição disputada em 1950, no
Brasil. Já ele nunca teve o gosto de
disputar uma Copa do Mundo.
Na Europa, as seleções, em sua
maioria, são comandadas por homens que sempre estiveram ligados a clubes pequenos. O hoje badalado Sven-Goran Eriksson, que
dirige a Inglaterra, teve sua curta
carreira no pequeno Degersfors
terminada abruptamente após
uma contusão no joelho.
Os dois comandantes da Suécia
-Lars Lagerback e Tommy Sodeberg- têm origem inusitada
para o futebol. O primeiro é cientista político que arriscou ser treinador (cuida da parte tática). Já
Sodeberg, que fez curso superior
na área esportiva, toma conta dos
fundamentos.
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