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POR QUÊ?
Crise econômica escancara violência e discriminação
DO ENVIADO A YOKOHAMA
A situação econômica do Japão, que se deteriorou sensivelmente a partir do início da década passada, é apontada como
um dos principais fatores para o
aumento no índice de criminalidade do país -e também para o
surgimento do que está sendo
chamado de ""máfia brasileira".
Depois da invasão de decasséguis, descendentes de japoneses
que deixaram o Brasil para tentar a sorte na terra de seus pais e
avós, vista durante os anos 80, o
número de brasileiros que se
mudam para o Japão estaria sofrendo um refluxo.
A situação, afinal, está mais difícil. Com a economia estagnada, o índice de desemprego, na
casa de 1,5% a 2% desde os anos
50, chegou aos 5,6% no final de
2001 -para os estrangeiros, estaria perto do dobro.
A renda média mensal no Japão também está caindo. Se um
operário fabril conseguia ganhar US$ 3.500 ou US$ 4.000
por mês em meados dos anos
90, agora tem dificuldades para
juntar US$ 2.500, especialmente
porque as empresas têm evitado
que o funcionário acumule muitas horas extras ou faça turnos
alternados, o que costumava aumentar seus ganhos.
""Hoje muitos brasileiros estão
desempregados, procurando
soluções alternativas. Alguns
abrem negócios, outros vendem
salgadinho e há quem viva de
arubaito [bico, em japonês"", diz
o consultor de marketing Alfredo Tanimoto, 29, que deixou o
Brasil há menos de dois anos para tentar a sorte no Japão.
"Antes havia quatro ou cinco
páginas de classificados em jornais oferecendo emprego.
Atualmente, se tem meia página, já é muito", diz ele.
Com a crise japonesa, uma pequena parte da comunidade
brasileira -""especialmente os
mais jovens"- teria partido para pequenos furtos no país, de
acordo com Tanimoto.
""Nos bairros com muitos brasileiros a situação é aquela: tem
que tomar cuidado, evitar deixar o carro aberto, agir como se
você estivesse no Brasil. Ainda
outro dia tentaram roubar uma
agência do Banco do Brasil em
Hamamatsu [Shizuoka" e dois
brasileiros foram presos", conta.
""O fato é que, bem ou mal, o
brasileiro está ficando pouco a
pouco, para o povo japonês,
com uma fama parecida com a
de coreanos e chineses, que
muitas vezes são discriminados
aqui."
(JCA)
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