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OLIMPÍADA
Nuzman se disse surpreendido por procedimento em vigor há 4 anos
COB lançou Rio-2012 sem saber critério de escolha
ROBERTO DIAS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Olímpico Brasileiro
apontou como causa para a eliminação do Rio de Janeiro da disputa por 2012 o fato de ter sido surpreendido por um novo critério
de seleção utilizado pelo Comitê
Olímpico Internacional.
Só que o item que pegou de supetão os brasileiros, a capacidade
de viabilizar os projetos apresentados, não é novidade. Já foi usado em 2000, quando o COI escolheu a chinesa Pequim como sede
da Olimpíada de 2008.
Mesmo assim, Carlos Arthur
Nuzman, presidente do COB, na
entrevista para explicar a derrota
dos cariocas, afirmou: ""Não sabíamos que o COI basearia sua
avaliação em algo novo, chamado
poder de viabilidade. Todo o projeto do Rio foi aprovado com notas altas. A interferência foi o entendimento da viabilidade, que ficou em 0,6 [probabilidade moderada] na média, enquanto o projeto teve, em média, nota 8".
Em setembro de 2000, quando
foi eleito membro do COI e indicado como um dos 16 delegados
para analisar as candidaturas das
cinco cidades que disputavam o
direito de sediar os Jogos de 2008,
Nuzman declarara: "É bom estar
na comissão que vai fazer a avaliação até para entender todo o
procedimento, ver todo o trabalho que tem de ser feito para receber uma Olimpíada".
Em 18 de agosto de 2000, ao
apresentar o relatório do grupo
de trabalho que avaliou as concorrentes por 2008, o COI explicou que havia utilizado o chamado critério de viabilidade.
Ele representa a probabilidade
de o projeto apresentado ser realizado no prazo e na forma propostos, de acordo com a situação
financeira e política da cidade,
país ou região, localização, capacidade de crescimento e legado
das obras após a Olimpíada.
Para 2012, o COI teve o mesmo
procedimento. Para calcular a
viabilidade dos projetos apresentados, inclusive o do Rio, usou a
avaliação que uma agência de risco, a Moody's, faz das finanças
dos países envolvidos.
Assim como já havia ocorrido
para 2008, ao analisar os quesitos
do questionário de cada cidade
aspirante usou uma ferramenta
que é chamada de "lógica fuzzy"
(difusa). O que ela faz é considerar matematicamente o grau de
incerteza de uma informação.
O item da viabilidade, de fato,
prejudicou o projeto carioca. Rio
e Madri, por exemplo, apresentaram previsões parecidas para o
volume de recursos que iriam arrecadar com patrocínios e vendas
de ingressos e produtos.
O Rio falava em US$ 835 milhões, e Madri, em US$ 842 milhões. Mas devido ao relatório da
Moody's e às realidades diferentes de Brasil e Espanha, o COI
achou a previsão brasileira "otimista" e a espanhola "viável".
Na avaliação do projeto do Rio,
que previra consumir cerca de R$
16,5 milhões de recursos públicos
entre julho de 2003 até ser cortado pelo COI, foram considerados
pontos fracos transporte, segurança e acomodação.
A infra-estrutura urbana e o sistema de transportes do Rio foram
mais mal avaliados pelo grupo de
trabalho do COI do que a segurança da cidade.
Das nove aspirantes, o Rio ficou
em sétimo lugar, com nota máxima de 5,1. Levou vantagem apenas sobre Havana e Istambul -a
nota de corte era seis.
O informe técnico do grupo de
trabalho do COI foi apresentado a
dez membros do Comitê Executivo, que o aprovaram por consenso, definindo as cinco cidades que
seguem na disputa: Nova York,
Londres, Madri, Moscou e Paris.
A definição sobre a vencedora
acontecerá em 6 de julho de 2005,
mas antes disso qualquer uma
das candidatas poderá ser cortada se apresentar problemas.
Para 2016, quando os brasileiros
pensam em novamente concorrer, o COI também deve usar o
critério de viabilidade. Ele não foi
utilizado para 2004, quando ganhou Atenas, e o projeto dos gregos passa por sérios apuros para
ser concluído até 13 de agosto.
O Athoc, comitê organizador
grego, já foi advertido pelo menos
três vezes pelo COI, que ainda se
diz preocupado com o atraso nas
obras na capital grega.
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