|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Por Copa, hotéis recorrem ao governo
Único setor basicamente privado envolvido no Mundial-2014 reivindica crédito estatal para ampliar sua rede no Brasil
Hotelaria tem que crescer em capitais menores para atingir exigência da Fifa, que quer ao menos 55 mil quartos no país para evento
RODRIGO MATTOS
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Único setor essencialmente
privado da Copa do Mundo de
2014, a hotelaria só conseguirá
a expansão necessária para o
evento caso tenha apoio do governo. É o que pede a entidade
representante do setor sobre a
expansão exigida pela Fifa.
Pelo relatório da entidade
que dirige o futebol, o Mundial
requer 55 mil quartos do país-
-sede. A marca não é problema
para o Brasil. A dificuldade está
na distribuição: determinadas
cidades têm deficiências nos
patamares para o evento.
Segundo dados das próprias
cidades candidatas, a Fifa pede
que cada uma tenha número de
leitos que represente 20% dos
assentos dos estádios. Por esse
critério, cinco delas não atingem hoje o exigido pela entidade: Belém, Rio Branco, Manaus, Campo Grande e Cuiabá.
"A participação do governo
para alavancar o número de hotéis é necessária. Temos que saber se os problemas orçamentários vão afetar. O governo vai
ter que tomar uma decisão", diz
o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis
(ABIH), Alexandre Sampaio.
Segundo ele, a principal reivindicação do setor é o aumento do crédito da Caixa Econômica Federal para a expansão
de hotéis. Já existe um programa com esse objetivo, mas teria
de ser três vezes maior.
Com o financiamento, a
ABIH estima que haverá interesse de expansão das grandes
redes de hotéis em todas as cidades escolhidas pela Fifa. Sem
o dinheiro público, não há condições de obter recursos em
bancos privados, mais caros e
lentos, segundo Sampaio.
O Ministério do Turismo diz
que já trabalha junto a instituições de crédito e ao Ministério
da Fazenda para que as cidades
anunciadas no próximo domingo possam desenvolver projetos no setor de hotelaria.
Nas negociações sobre as cidades-sede, a Fifa já admitiu a
autoridades brasileiras flexibilizar regras para a distância dos
hotéis. Ou seja, seria permitido
que os estabelecimentos ficassem a mais de 50 km do estádio.
Assim, hotéis em áreas de turismo rural, como nos arredores
de Campo Grande e Goiânia,
poderiam ser utilizados.
Duas cidades, que sediarão os
jogos de abertura e final, terão
exigências maiores de número
mínimo de quartos. Mas as favoritas para esses eventos já
possuem grande rede.
São Paulo dispõe hoje de 42
mil quartos. Em Belo Horizonte, são 19 mil. No Rio de Janeiro, 28 mil -a capital fluminense precisaria ter um mínimo de
25 mil para receber a final,
anúncio já tratado como certo.
A expansão da rede hoteleira
não é o único problema.
A ABIH também diz que o
governo tem que investir na
formação de mão de obra, com
cursos de inglês e espanhol, reivindicação que o Ministério do
Turismo diz estar atendendo.
Além disso, aproveita o assunto para mais um pedido de
ajuda aos cofres públicos: a entidade também reivindica a
isenção de vários tributos.
Texto Anterior: Juca Kfouri: "Més que un club" Próximo Texto: Centro-Oeste e Norte apelam para "jeitinho" Índice
|