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FUTEBOL
Longos recessos e confronto com a agenda da seleção marcam projeto
Novo calendário nasce com
série de "bombas-relógio"
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Longas inatividades, semestres
desbalanceados e partidas decisivas nas vésperas de compromissos da seleção brasileira.
Criado para reformular o futebol no país, o calendário quadrienal anunciado anteontem, feito
pela CBF, pelo governo federal e
pelo Clube dos 13, promete muita
confusão para as próximas temporadas, especialmente em 2002.
Com competições curtas ou eliminatórias no primeiro semestre,
o risco de uma equipe "grande" ficar quatro meses sem atuar é
grande no próximo ano.
Para isso, basta que, por exemplo, uma equipe de São Paulo que
não vá jogar a Libertadores-2002
não fique entre os seis primeiros
de um campeonato regional e não
passe das rodadas iniciais da Copa do Brasil.
Assim, esse clube iria disputar
sua última partida oficial no primeiro semestre da próxima temporada em meados de abril.
Depois, o time só iria voltar a
atuar e faturar a partir do Campeonato Brasileiro-2002, que tem
seu início previsto pelo novo calendário para o dia 21 de agosto.
Nesse período, a única possibilidade de um clube inativo ganhar
algum dinheiro será com a realização de amistosos.
Planejado para diminuir o número de partidas para os clubes
"grandes", o novo calendário praticamente não terá esse efeito no
primeiro semestre dos próximos
quatro anos.
Em 2003, quando não haverá
interrupção pela realização da
Copa do Mundo, um time que jogue a Libertadores e dispute todas
as finais possíveis pode realizar 44
jogos no primeiro semestre, contra 31 do segundo.
Na atual temporada, o Palmeiras era o clube paulista que mais
poderia jogar nos seis primeiros
meses do ano caso triunfasse em
todas as competições possíveis
-47 vezes.
Mas não é só na matemática que
o novo calendário do futebol brasileiro nasce com problemas.
As promessas de férias de 30
dias e pré-temporadas com pelo
menos dez dias para todos não
podem ser cumpridas em 2002 e
2003 para os finalistas do Campeonato Brasileiro.
Neste ano, o Nacional tem seu
encerramento previsto para o dia
23 de dezembro. No calendário
quadrienal, o início da próxima
temporada está marcado para 19
de janeiro -apenas 27 dias depois da finalização das atividades
dos finalistas do Brasileiro.
Mesmo divulgada após meses
de estudo, a nova agenda do futebol do país marca decisões nas
vésperas de compromissos vitais
da seleção brasileira.
No próximo ano, os "Supercampeonatos", que vão ser disputados em cada Estado com os melhores dos regionais e os vencedores dos Estaduais -que irão reunir apenas os "pequenos"-, têm
seus finais previstos para o dia 29
de maio, apenas dois dias antes do
início da Copa do Mundo.
Como é difícil imaginar que a
CBF aceite liberar um convocado
para a disputa de um torneio que
nunca antes foi realizado, os tais
"Supercampeonatos" irão ser realizados sem os principais astros.
Em 2004, não está prevista nenhuma paralisação maior no futebol do país durante a disputa da
Olimpíada de Atenas.
No novo calendário quadrienal,
não existe nenhuma preocupação
em aproximar as atividades do
país com o que acontece na Europa, como já faz a Argentina, que
não tem campeonatos oficiais no
meio do ano, período de férias do
futebol europeu.
Assim, como acontece com o
atual grupo que está com Luiz Felipe Scolari se preparando para o
jogo do próximo domingo contra
o Uruguai pelas eliminatórias, a
seleção brasileira vai continuar
mesclando nos momentos decisivos jogadores no meio da temporada -os que jogam aqui- e outros em fim da temporada -os
que atuam no exterior.
O calendário quadrienal pode
ter transtornos nos Campeonatos
Brasileiros caso uma equipe do
país ganhe a Libertadores e vá disputa o Mundial interclubes do Japão com o campeão europeu.
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