São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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FUTEBOL

Longos recessos e confronto com a agenda da seleção marcam projeto

Novo calendário nasce com série de "bombas-relógio"

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Longas inatividades, semestres desbalanceados e partidas decisivas nas vésperas de compromissos da seleção brasileira.
Criado para reformular o futebol no país, o calendário quadrienal anunciado anteontem, feito pela CBF, pelo governo federal e pelo Clube dos 13, promete muita confusão para as próximas temporadas, especialmente em 2002.
Com competições curtas ou eliminatórias no primeiro semestre, o risco de uma equipe "grande" ficar quatro meses sem atuar é grande no próximo ano.
Para isso, basta que, por exemplo, uma equipe de São Paulo que não vá jogar a Libertadores-2002 não fique entre os seis primeiros de um campeonato regional e não passe das rodadas iniciais da Copa do Brasil.
Assim, esse clube iria disputar sua última partida oficial no primeiro semestre da próxima temporada em meados de abril.
Depois, o time só iria voltar a atuar e faturar a partir do Campeonato Brasileiro-2002, que tem seu início previsto pelo novo calendário para o dia 21 de agosto.
Nesse período, a única possibilidade de um clube inativo ganhar algum dinheiro será com a realização de amistosos.
Planejado para diminuir o número de partidas para os clubes "grandes", o novo calendário praticamente não terá esse efeito no primeiro semestre dos próximos quatro anos.
Em 2003, quando não haverá interrupção pela realização da Copa do Mundo, um time que jogue a Libertadores e dispute todas as finais possíveis pode realizar 44 jogos no primeiro semestre, contra 31 do segundo.
Na atual temporada, o Palmeiras era o clube paulista que mais poderia jogar nos seis primeiros meses do ano caso triunfasse em todas as competições possíveis -47 vezes.
Mas não é só na matemática que o novo calendário do futebol brasileiro nasce com problemas.
As promessas de férias de 30 dias e pré-temporadas com pelo menos dez dias para todos não podem ser cumpridas em 2002 e 2003 para os finalistas do Campeonato Brasileiro.
Neste ano, o Nacional tem seu encerramento previsto para o dia 23 de dezembro. No calendário quadrienal, o início da próxima temporada está marcado para 19 de janeiro -apenas 27 dias depois da finalização das atividades dos finalistas do Brasileiro.
Mesmo divulgada após meses de estudo, a nova agenda do futebol do país marca decisões nas vésperas de compromissos vitais da seleção brasileira.
No próximo ano, os "Supercampeonatos", que vão ser disputados em cada Estado com os melhores dos regionais e os vencedores dos Estaduais -que irão reunir apenas os "pequenos"-, têm seus finais previstos para o dia 29 de maio, apenas dois dias antes do início da Copa do Mundo.
Como é difícil imaginar que a CBF aceite liberar um convocado para a disputa de um torneio que nunca antes foi realizado, os tais "Supercampeonatos" irão ser realizados sem os principais astros.
Em 2004, não está prevista nenhuma paralisação maior no futebol do país durante a disputa da Olimpíada de Atenas.
No novo calendário quadrienal, não existe nenhuma preocupação em aproximar as atividades do país com o que acontece na Europa, como já faz a Argentina, que não tem campeonatos oficiais no meio do ano, período de férias do futebol europeu.
Assim, como acontece com o atual grupo que está com Luiz Felipe Scolari se preparando para o jogo do próximo domingo contra o Uruguai pelas eliminatórias, a seleção brasileira vai continuar mesclando nos momentos decisivos jogadores no meio da temporada -os que jogam aqui- e outros em fim da temporada -os que atuam no exterior.
O calendário quadrienal pode ter transtornos nos Campeonatos Brasileiros caso uma equipe do país ganhe a Libertadores e vá disputa o Mundial interclubes do Japão com o campeão europeu.



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