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FUTEBOL
Eu e o Eduardo Viana
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Confesso (vivo confessando alguma coisa) que nem
esperei o novo calendário da
CBF ficar pronto para desconfiar dele. Não gostei mesmo dos
planos para 2002 e acabei ficando na companhia desconfortável de Eurico Miranda e Eduardo Viana (detesto concordar
com eles).
Dizem que o futebol é popular
no mundo todo por causa da
simplicidade das suas regras;
pena que essa simplicidade não
se aplique ao novo calendário.
Os torneios regionais, como o
Rio-São Paulo, serão disputados
pelos clubes grandes. Voltamos
ao velho problema: Quais são
eles? Segundo quais critérios?
Tamanho da torcida, do estádio, longevidade, títulos?
O Guarani, recém-rebaixado
no Paulista, já garantiu seu lugar de novo na elite. Parece que
o principal critério continua
sendo a simpatia dos dirigentes.
Dos pequenos que jogarem no
que sobrou do Campeonato
Paulista (ou Estadual do Rio),
só um vai disputar o Superestadual, que inclui os três grandes
mais bem classificados no Rio-São Paulo. Aos outros pequenos
restará o sonho de um dia,
quem sabe, medir forças com
um Corinthians, Palmeiras,
Vasco ou Flamengo. Será difícil.
Os grandes, além de disputar o
torneio regional, o Superestadual e a Copa do Brasil (formada, mais uma vez, por clubes
convidados...), podem jogar
também a Supercopa, em julho.
Sem contar que alguns deles estarão na Libertadores.
Ou seja: aos grandes, uma panela de boca larga. Aos pequenos, um funil estreito.
Segundo o calendário novo, a
Copa do Brasil termina no dia
15 de maio; o Superestadual, no
dia 29. A Copa do Mundo, do
outro lado do Globo (ops), começa no dia 31. Um calendário
tão debatido não conseguiu garantir a presença dos jogadores
mais importantes nas finais.
A Mercosul, boa fonte de renda e um belo aquecimento para
o grande sonho de consumo, a
Libertadores, para a qual todos
os campeonatos apontam, foi
condenada à morte para não
atropelar o Brasileiro. Mas jogar duas vezes por semana viajando pelo Brasil já é um excesso, que não será corrigido agora.
Nas contas dos notáveis, os jogadores poderão ter 30 dias de
férias e dez de pré-temporada.
Vejamos uma hipótese maluca,
porém possível: o Santos, como
pior paulista no Rio-São Paulo,
é rebaixado para disputar o Estadual em 2003. No segundo semestre, após recuperação fantástica, vence o Brasileiro, que
termina no dia 15 de dezembro.
No dia 18 de janeiro, ele já precisa entrar em campo de novo
-pelo Estadual.
Mesmo que nada parecido
aconteça, os times que disputam
a Série B do Brasileiro terão esse
mesmo intervalo (14 de dezembro a 18 de janeiro). Para que
começar o campeonato no meio
de janeiro, em vez de esperar o
calor diminuir? Acaba de me
ocorrer que talvez o Rio-São
Paulo tenha tantos clubes (16)
para tentar garantir, de qualquer maneira, que caia um
"médio", nunca um "grande".
Que desça o Etti, não o Santos;
o América, não o Botafogo.
Para encerrar o rosário de
queixas: o calendário só falou
em datas, não mencionou horários. Ao que tudo indica, o futebol continuará refém da novela, do Faustão e de outras prioridades da programação da TV. Um
representante da Globo Esportes
já tinha dito que encher estádios
não é problema dele...
Experiência
Para quem ainda não sabe, foi Ricardo Teixeira, não Luiz Felipe
Scolari, que falou em "seleção bandida". O autor da frase explicou: quis dizer "experiente". Entendi: para ele, são sinônimos.
Estilo Felipão?
Scolari quer atacar o Uruguai desde o começo. Pelé acha que o
Brasil deve segurar o 0x0 no primeiro tempo, deixar que a torcida uruguaia se irrite e surpreender nos contra-ataques. Não parece que os nomes estão trocados?
Prato cheio
Quem quiser ameaçar, blefar, causar horror e demonstrar poder terá grandes oportunidades durante a Copa América. Já
mataram um colombiano, em 94, porque perdeu um pênalti!
Jogadores da seleção brasileira podem não sofrer nada, mas
muitas outras pessoas estarão correndo perigo.
E-mail: soninha.folha@uol.com.br
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