São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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FUTEBOL

Eu e o Eduardo Viana

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Confesso (vivo confessando alguma coisa) que nem esperei o novo calendário da CBF ficar pronto para desconfiar dele. Não gostei mesmo dos planos para 2002 e acabei ficando na companhia desconfortável de Eurico Miranda e Eduardo Viana (detesto concordar com eles).
Dizem que o futebol é popular no mundo todo por causa da simplicidade das suas regras; pena que essa simplicidade não se aplique ao novo calendário.
Os torneios regionais, como o Rio-São Paulo, serão disputados pelos clubes grandes. Voltamos ao velho problema: Quais são eles? Segundo quais critérios? Tamanho da torcida, do estádio, longevidade, títulos?
O Guarani, recém-rebaixado no Paulista, já garantiu seu lugar de novo na elite. Parece que o principal critério continua sendo a simpatia dos dirigentes.
Dos pequenos que jogarem no que sobrou do Campeonato Paulista (ou Estadual do Rio), só um vai disputar o Superestadual, que inclui os três grandes mais bem classificados no Rio-São Paulo. Aos outros pequenos restará o sonho de um dia, quem sabe, medir forças com um Corinthians, Palmeiras, Vasco ou Flamengo. Será difícil.
Os grandes, além de disputar o torneio regional, o Superestadual e a Copa do Brasil (formada, mais uma vez, por clubes convidados...), podem jogar também a Supercopa, em julho. Sem contar que alguns deles estarão na Libertadores.
Ou seja: aos grandes, uma panela de boca larga. Aos pequenos, um funil estreito.
Segundo o calendário novo, a Copa do Brasil termina no dia 15 de maio; o Superestadual, no dia 29. A Copa do Mundo, do outro lado do Globo (ops), começa no dia 31. Um calendário tão debatido não conseguiu garantir a presença dos jogadores mais importantes nas finais.
A Mercosul, boa fonte de renda e um belo aquecimento para o grande sonho de consumo, a Libertadores, para a qual todos os campeonatos apontam, foi condenada à morte para não atropelar o Brasileiro. Mas jogar duas vezes por semana viajando pelo Brasil já é um excesso, que não será corrigido agora.
Nas contas dos notáveis, os jogadores poderão ter 30 dias de férias e dez de pré-temporada. Vejamos uma hipótese maluca, porém possível: o Santos, como pior paulista no Rio-São Paulo, é rebaixado para disputar o Estadual em 2003. No segundo semestre, após recuperação fantástica, vence o Brasileiro, que termina no dia 15 de dezembro. No dia 18 de janeiro, ele já precisa entrar em campo de novo -pelo Estadual.
Mesmo que nada parecido aconteça, os times que disputam a Série B do Brasileiro terão esse mesmo intervalo (14 de dezembro a 18 de janeiro). Para que começar o campeonato no meio de janeiro, em vez de esperar o calor diminuir? Acaba de me ocorrer que talvez o Rio-São Paulo tenha tantos clubes (16) para tentar garantir, de qualquer maneira, que caia um "médio", nunca um "grande".
Que desça o Etti, não o Santos; o América, não o Botafogo.
Para encerrar o rosário de queixas: o calendário só falou em datas, não mencionou horários. Ao que tudo indica, o futebol continuará refém da novela, do Faustão e de outras prioridades da programação da TV. Um representante da Globo Esportes já tinha dito que encher estádios não é problema dele...

Experiência
Para quem ainda não sabe, foi Ricardo Teixeira, não Luiz Felipe Scolari, que falou em "seleção bandida". O autor da frase explicou: quis dizer "experiente". Entendi: para ele, são sinônimos.

Estilo Felipão?
Scolari quer atacar o Uruguai desde o começo. Pelé acha que o Brasil deve segurar o 0x0 no primeiro tempo, deixar que a torcida uruguaia se irrite e surpreender nos contra-ataques. Não parece que os nomes estão trocados?

Prato cheio
Quem quiser ameaçar, blefar, causar horror e demonstrar poder terá grandes oportunidades durante a Copa América. Já mataram um colombiano, em 94, porque perdeu um pênalti! Jogadores da seleção brasileira podem não sofrer nada, mas muitas outras pessoas estarão correndo perigo.

E-mail: soninha.folha@uol.com.br



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