São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Scolari de Yorkshire" tenta se firmar com a Inglaterra

Futuro técnico da seleção, assistente McClaren ofusca o atual treinador, Eriksson, e ajuda a comandar o time com estilo que inclui berros à beira do campo

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A BÜHLERTAL

Ele comanda a Inglaterra à beira do campo com a roupa esportiva do time, grita com os jogadores, gesticula e tem "feito" mais nome na Copa alemã. Não é Luiz Felipe Scolari, brasileiro que esteve a ponto de assumir o time da rainha. Nem Sven-Göran Eriksson, sueco que não larga o terno, os óculos e o seu lugar no banco de reservas.
"Vamos lidar com eles [portugueses] da melhor forma que pudermos, mas a chave está em nós. Se jogarmos com 100% de nossas forças, venceremos os jogos importantes", diz Steve McClaren, como se fosse o treinador do English Team.
E, pode-se dizer, ele é. Está definido que Eriksson deixa a equipe após a Copa, e McClaren, seu braço direito na seleção inglesa, assume o cobiçado cargo -Eriksson ganha cinco vezes mais que Scolari em Portugal (5 milhões de libras/ano, cerca de R$ 20,4 milhões).
Nos jogos da Inglaterra na Copa, McClaren tem se esforçado para aparecer -é o motivador do time, em pé, na chamada área técnica. Também tem lições sobre como lidar com a voraz imprensa inglesa e como amenizar seu sotaque de Yorkshire -Alf Ramsey, lendário treinador da Inglaterra, campeão mundial em 1966, também teve que aprimorar suas falas sem sotaque.
"Nossas performances têm que melhorar. Não temos feito o suficiente para ganhar grandes jogos, mas temos que melhorar passo a passo", diz.
"Ele está desesperado para impressionar os chefes da FA [a federação inglesa de futebol]. Está fazendo terapia para melhorar seu discurso. Até chamou um guru para cuidar das notícias sobre seu caso extraconjugal", conta Gay Payne, do diário britânico "The Sun".
A terceira batalha entre Scolari e Eriksson -o primeiro venceu pelo Brasil na Copa-02 e por Portugal na Euro-04- ganhou um escudeiro. "Será um jogo duro. Portugal tem bons jogadores e vive um bom momento. Às vezes, é preciso mudar formações e táticas para anular os pontos fortes do rival. É o que temos de fazer", diz o ainda número 2 inglês.
Eliminar o time de Scolari seria uma vitória pessoal para Eriksson e também para McClaren. "A FA tinha que escolher o homem certo para o cargo, e creio que escolheram", diz o homem que era "manager" do Middlesbrough e lutava contra a corrente que preferia um estrangeiro de renome.
Ontem, supostas declarações de Scolari -de que no sábado seria o último jogo de Eriksson- repercutiram na imprensa inglesa, mas não muito na equipe. "Não quero revanche. Quero ganhar de Scolari para ir às semifinais. Podemos ser campeões",disse o sueco, que, sem clima, agora parece ser só o braço esquerdo de McClaren.


Texto Anterior: Cristiano Ronaldo quer ser do Real
Próximo Texto: Sem polêmica: Scolari não joga, diz inglês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.