DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a pretensão de uma biografia, o livro "O Tigre do Futebol" traz uma sequência de histórias curtas sobre Arthur Friedenreich (1892-1969).
Mas do que o encantamento das jogadas do craque, o livro traz as memórias de um grande amigo do jogador, Geraldo Lunardelli, que resolveu contá-las para o jornalista Alexandre da Costa -autor do livro.
Companheiro do jogador por toda a vida, Lunardelli, 98, conta desde um episódio passado anos após a aposentadoria de Friedenreich -quando como representante comercial de uma companhia de cerveja participou de uma competição, em Presidente Prudente (SP), com uma conhecida "beberrona" da cidade, e venceu-, até o dia que, com um gol na segunda prorrogação em 1919, o jogador virou "El Tigre".
O apelido foi dado por jornalistas uruguaios depois de o Brasil derrotar a seleção daquele país na final da Copa América, disputada no Rio.
O livro também traz uma lista das partidas do atleta, que, com o reconhecimento não oficial Fifa -que não contabilizava os gols dos jogadores e, portanto não tem uma estatística oficial-, foi o maior artilheiro de todos os tempos. Friedenreich teria marcado 1.329 gols, enquanto Pelé marcou 1.279.
Filho de pai alemão e mãe negra, Fried -como ficou conhecido- não teve uma infância comum aos craques brasileiros.
Apesar de sua pele mulata, foi aluno do aristocrático colégio Mackenzie, em São Paulo, graças a seu germânico sobrenome. Mesmo com notas baixas, ele concluiu o segundo grau.
Mas as escapadas para os campos de várzea logo deixaram claro para o pai do menino -que achava que o "jogo inglês" não daria futuro e até furou uma bola para que o filho estudasse- que ele seria um doutor, mas dos gramados.
O pai, que era contra o futebol, foi o primeiro a se preocupar em anotar os gols do filho ídolo.
(MARÍLIA RUIZ)


FICHA
Livro: O Tigre do Futebol - Uma viagem nos tempos de Arthur Friedenreich
Autor: Alexandre da Costa
Número de páginas: 168
Preço recomendado: R$ 23
Editora: DBA
E-mail: dbabooks@uol.com.br
Telefone: 0/xx/11/852-1643

TRECHO
Os diretores do clube, que proibiam a entrada de qualquer jogador que não fosse branco, fingiam uma certa cegueira com a não tão clara cor de sua pele toda vez que Friedenreich fazia uma jogada

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