São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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de herói a vilão

Doping faz vitória épica virar a maior farsa da Volta da França

Floyd Landis nega fraude após divulgação de que seu exame apresentou altos níveis de testosterona

Ciclista norte-americano, que chegou a desmaiar e perder a liderança, choca o esporte com triunfo posto em xeque no laboratório


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória de Floyd Landis na Volta da França, encerrada domingo, teve momentos épicos. Ontem, foi descoberto que sua conquista esteve longe do heroísmo. Era uma farsa.
Na última semana de disputa da prova, o norte-americano desmaiou na desgastante subida de La Toussuire e perdeu a liderança da prova para o espanhol Oscar Pereiro.
Não desanimou. No dia seguinte, seguiu conselho do mítico Eddy Merckx, pentacampeão da Volta da França, foi agressivo, empreendeu fuga por 130 km, ganhou a etapa até Morzine e recuperou a ponta.
No mesmo dia em que mostrou quem era o novo dono da mais tradicional prova do ciclismo, Landis recolheu urina para exame antidoping.
O teste constatou níveis anormais de testosterona, hormônio masculino também encontrado na forma sintética.
Anteontem, a UCI (União Ciclística Internacional) havia anunciado que um teste apresentara níveis irregulares. Não divulgou, porém, o nome do atleta nem qual seu país.
Foi quando o cerco começou a se fechar em torno de Landis. França, Espanha, Itália, Bélgica e Alemanha, principais federações européias, se apressaram em dizer que não haviam recebido comunicado da UCI.
Landis, então, sumiu de cena. Não se apresentou em prova de exibição na Holanda. Robert Hunter e Koos Moerenhout, seus colegas na equipe Phonak, justificaram a ausência dizendo que ele se ressentia de dores no quadril, problema que o fará ser submetido a uma cirurgia.
Poucas horas depois, a revelação do mistério: a Phonak admitiu que seu atleta é que fora flagrado. É a primeira vez que a Volta da França pode alterar seu campeão por causa de uso de drogas. O espanhol Oscar Pereiro deve herdar o título.
No final da tarde, Landis negou, em entrevista à "Sports Illustrated", o uso de drogas.
A direção da Volta da França, assolada por escândalos nos últimos anos, afirmou que isso "mostra que o combate ao doping ganha terreno de maneira irreversível". Greg LeMond, único americano ao lado de Lance Armstrong e Landis a triunfar em Paris, disse estar "aniquilado" com a notícia, mas eximiu o conterrâneo de culpa.
"Floyd é bom garoto vítima de um esporte corrompido."
Patrick Lefévère, presidente da Associação das Equipes de Ciclistas Profissionais, não foi tão condescendente. "Essas pessoas matam o ciclismo."
Luc Leblanc, ex-campeão mundial, sentenciou: "Landis é só um capítulo que será apagado da história do ciclismo".


Com agências internacionais

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