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de herói a vilão
Doping faz vitória épica virar a maior farsa da Volta da França
Floyd Landis nega fraude após divulgação de que seu exame apresentou altos níveis de testosterona
Ciclista norte-americano, que chegou a desmaiar e perder a liderança, choca o esporte com triunfo posto em xeque no laboratório
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A vitória de Floyd Landis na
Volta da França, encerrada domingo, teve momentos épicos.
Ontem, foi descoberto que sua
conquista esteve longe do heroísmo. Era uma farsa.
Na última semana de disputa
da prova, o norte-americano
desmaiou na desgastante subida de La Toussuire e perdeu a
liderança da prova para o espanhol Oscar Pereiro.
Não desanimou. No dia seguinte, seguiu conselho do mítico Eddy Merckx, pentacampeão da Volta da França, foi
agressivo, empreendeu fuga
por 130 km, ganhou a etapa até
Morzine e recuperou a ponta.
No mesmo dia em que mostrou quem era o novo dono da
mais tradicional prova do ciclismo, Landis recolheu urina
para exame antidoping.
O teste constatou níveis
anormais de testosterona, hormônio masculino também encontrado na forma sintética.
Anteontem, a UCI (União Ciclística Internacional) havia
anunciado que um teste apresentara níveis irregulares. Não
divulgou, porém, o nome do
atleta nem qual seu país.
Foi quando o cerco começou
a se fechar em torno de Landis.
França, Espanha, Itália, Bélgica
e Alemanha, principais federações européias, se apressaram
em dizer que não haviam recebido comunicado da UCI.
Landis, então, sumiu de cena.
Não se apresentou em prova de
exibição na Holanda. Robert
Hunter e Koos Moerenhout,
seus colegas na equipe Phonak,
justificaram a ausência dizendo
que ele se ressentia de dores no
quadril, problema que o fará ser
submetido a uma cirurgia.
Poucas horas depois, a revelação do mistério: a Phonak admitiu que seu atleta é que fora
flagrado. É a primeira vez que a
Volta da França pode alterar
seu campeão por causa de uso
de drogas. O espanhol Oscar
Pereiro deve herdar o título.
No final da tarde, Landis negou, em entrevista à "Sports
Illustrated", o uso de drogas.
A direção da Volta da França,
assolada por escândalos nos últimos anos, afirmou que isso
"mostra que o combate ao doping ganha terreno de maneira
irreversível". Greg LeMond,
único americano ao lado de
Lance Armstrong e Landis a
triunfar em Paris, disse estar
"aniquilado" com a notícia, mas
eximiu o conterrâneo de culpa.
"Floyd é bom garoto vítima
de um esporte corrompido."
Patrick Lefévère, presidente
da Associação das Equipes de
Ciclistas Profissionais, não foi
tão condescendente. "Essas
pessoas matam o ciclismo."
Luc Leblanc, ex-campeão
mundial, sentenciou: "Landis é
só um capítulo que será apagado da história do ciclismo".
Com agências internacionais
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