São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2010

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TOSTÃO

Começou a bajulação


Depois do tosco e grosseiro Dunga, todos estão encantados com a simpatia de Mano Menezes


DEPOIS DE tentar colocar Muricy Ramalho como defensor da moralidade, pois teria recusado o convite da CBF, o que não aconteceu, a imprensa está encantada com a inteligência racional de Mano Menezes. Depois do tosco e grosseiro Dunga, tudo ficou maravilhoso. Temos de esperar a bola rolar para saber se haverá mudanças de conceitos na maneira de jogar da seleção.
Logo após o primeiro gol do Corinthians no domingo contra o Guarani, idêntico ao segundo da Holanda diante do Brasil na Copa do Mundo, o comentarista disse que a partir de agora a seleção brasileira terá jogadas ensaiadas. Começou a bajulação.
Eficiência nas bolas aéreas, no ataque e na defesa, era uma das virtudes da seleção. Quando um jogador desvia a bola com um toque de cabeça, só o acaso vai determinar se ela vai cair para um defensor ou para um atacante.
Mano Menezes, desde 2006, quando dirigiu o Grêmio, já adotava o esquema da moda na Europa, com quatro defensores, dois volantes, um meia de ligação, um centroavante e um jogador de cada lado, que ataca e defende. Assim deve atuar a seleção brasileira. Como ocorre na Europa, os dois volantes jogam no meio de campo. Não existe o volante-zagueiro. Isso é bom.
Mano disse estar preocupado com o fato de que poucos titulares das seleções de base se tornem titulares de seus clubes. Isso ocorre porque o Brasil é agora um produtor em série, em grande número, para a exportação. Com isso, estão desaparecendo os grandes jogadores, principalmente do meio para a frente, e mais ainda do meio-campo. Não existe um craque nesse setor.
Trocar passes, comandar a partida e jogar bonito não significa, necessariamente, atacar demais e fragilizar a defesa. Além da troca de passes, o forte da Espanha era a marcação. O time pressionava quem estava com a bola e não deixava o adversário chegar ao gol. Se a Espanha tivesse um grande atacante, teria vencido a Copa com facilidade.
Ao ver os jogos do fim de semana pelo Brasileirão, constatei, mais uma vez, que os jogadores não gostam da bola. Gostam de competir. São as imagens de seus treinadores.
Dominam a bola e jogam na área adversária ou tentam um passe longo para um companheiro marcado. O outro time recupera a bola e faz o mesmo. A bola vai e volta rapidamente. É o estilo pingue-pongue, vibrante, feio e ineficiente.
Muito mais importante do que renovar jogadores é renovar conceitos e a maneira de jogar da seleção e dos times brasileiros.


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