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Retrocesso
Luxemburgo, surpreendentemente, colocou a equipe brasileira, no primeiro tempo, contra a Alemanha (o que deve repetir hoje), jogando no mesmo
esquema tático da seleção de
94. Ele armou o time com dois
volantes (Emerson e Flávio
Conceição), um armador de cada lado
(Vampeta e Zé Roberto), com funções
mais defensivas do
que ofensivas.
Nesse esquema, a
defesa fica melhor
protegida pelos quatro armadores.
A deficiência principal, evidenciada
no primeiro tempo
contra a Alemanha,
é o isolamento dos
atacantes, já que não existe um
jogador de ligação entre o
meio-campo e o ataque.
Após o título da Copa-94 todos os times brasileiros passaram a jogar dessa maneira.
Com o tempo, para corrigir essa deficiência, os técnicos deslocaram o armador do lado direito para jogar livre, próximo
aos atacantes. Foi o que aconteceu na Copa América e no segundo tempo contra a Alemanha, após a entrada do Alex.
Atuando assim as equipes ficam mais ofensivas, mas também tortas. Essa é uma das
causas de não se ter bons laterais-direitos, já que não existe
uma dupla deste lado, como
acontece no lado esquerdo.
Uma das alternativas para
resolver os problemas dos dois
esquemas anteriores,
é o de escalar somente
um volante e um armador de cada lado,
formando um triângulo ou um losango,
com o jogador de ligação com os atacantes ocupando a outra
ponta.
O time fica mais
bem dividido na defesa e no ataque, desde
que os armadores defendam e ataquem
com a mesma eficiência.
Como se vê, não existe um esquema tático ideal. Todas as
opções têm qualidades e defeitos. Se o time repetir hoje, contra os EUA, o mesmo esquema
do primeiro tempo contra a
Alemanha e jogar bem, corre-se o risco desta formação se tornar uma regra e não uma opção.
Seria um retrocesso que não
combina bem com a história e
discurso moderno do técnico
Luxemburgo.
O futuro chegou
Os últimos trinta minutos da
seleção brasileira contra a Alemanha, após a formação da
dupla Alex e Ronaldinho e a
entrada do Warley no lugar do
Christian, foram excepcionais.
Foi o confronto entre o futuro
-que já é presente- desses jovens jogadores e o ocaso e o fim
da atual seleção alemã, personificado na lendária e decadente presença do Matthäus
em campo.
Alex é um jogador de poucas,
mas de decisivas jogadas. Ele
passa e finaliza bem nos momentos certos. Esta qualidade é
que define um ótimo jogador
dessa posição e não os dribles
repetitivos e ineficientes de
muitos pseudo-craques. Falta-lhe maior velocidade em curtos
e médios espaços.
Quando a bola chega ao Ronaldinho tudo se ilumina. O
que é difícil, complexo, escuro e
nebuloso, se torna transparente, brilhante, fácil e simples. O
seu olhar em campo é mais
profundo e extenso que o dos
outros. Ele consegue enxergar o
óbvio. No entanto, falta ao jogador maior rapidez na seqüência do drible com a finalização.
Nada muda se esses garotos
entrarem e não jogarem bem
hoje contra os EUA. A carreira
inicial de todos os jovens é
marcada pela irregularidade.
O futuro já chegou. A seleção
brasileira, com a associação da
inteligência, da visão e antevisão do jogo, do passe rápido e
correto na hora certa desses garotos, com a habilidade, velocidade, experiência e força física
da dupla Rivaldo e Ronaldo,
vai brilhar intensamente nos
próximos anos e na Copa-2002.
O time ainda tem a opção de
dois excepcionais jogadores
(Amoroso e Élber). Basta acertar o sistema defensivo. Estou
vendo o título mundial na minha frente.
O Grêmio colocou uma faixa
no seu estádio, em português e
em inglês, dizendo que o Ronaldinho não está à venda. O
clube sabe que o jogador pode
ser o condutor na formação de
um grande time. No entanto,
um grande jogador, para mostrar todo o seu talento, precisa
ter ao seu lado outros excepcionais atletas.
Quem não assistiu à partida
São Paulo 5x1 Atlético-MG
pensa que o time paulista fez
uma excepcional partida. Pelo
contrário, jogou mal. Com este
mesmo futebol, não tem chances de ganhar o título brasileiro. O Galo foi um desastre,
principalmente na defesa.
Cruzeiro e Botafogo começam hoje o sonho de vencer o
Brasileiro. O time mineiro
nunca ganhou esse título e será
mais difícil sem a presença do
Dida e do João Carlos. O clubecarioca tem tradição, mas não
tem qualidade individual.
Ronaldo é acusado de ser
cliente de uma agência de prostituição na Itália. Qual é o pecado e o crime para um jovem
rico e famoso, de 23 anos?
Woody Allen, no seu filme
"Descontruindo Harry", mostra uma cena em que seu amigo pergunta por que ele contrata prostitutas para ir ao seu
apartamento. Ele responde:
"Porque não preciso falar de
Proust nem de cinema". Ronaldo também não quer falar de
futebol nem de outras coisas.
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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