São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Times da capital reservam cotas de ingressos com desconto, irregularidade que gera confusão nas bilheterias

Clubes ferem lei que dá meia-entrada a estudantes de SP

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes clubes de São Paulo não cumprem a lei que dá direito aos estudantes ao pagamento da meia-entrada em espetáculos esportivos, culturais e de lazer no Campeonato Brasileiro.
Corinthians, Palmeiras e São Paulo adotam uma cota de ingressos para satisfazer à demanda de torcedores matriculados no primeiro, segundo ou terceiro graus.
Não é o suficiente. Segundo a Promotoria do Consumidor do Estado de São Paulo, a determinação de uma porcentagem de bilhetes para os estudantes fere a lei estadual 7.844/1992.
O resultado é quase sempre confusão nos guichês. Os estudantes que chegam à bilheterias após o fim dos ingressos com desconto só têm uma alternativa se quiserem entrar no estádio: pagam 100% do valor.
Os clubes não desconhecem a legislação. Procurados pela Folha, seus representantes foram unânimes em destacar que separam uma parte da carga de ingressos para suprir a necessidade de atender aos estudantes, mas divergem em relação aos números.
O Corinthians, que manda as suas partidas do Nacional no Pacaembu, separa 10% da cota total das entradas para os torcedores que portam carteira de estudante.
"Trabalhamos com essa taxa porque, caso contrário, teríamos que produzir duas cargas inteiras de ingressos, sem saber quem compraria um ou outro tipo. Tem que partir do Ministério Público ou do Procon uma determinação da cota. Usamos um critério do clube", disse Luis César Granieri, vice de marketing do Corinthians.
Hoje, os torcedores-estudantes que forem ao estádio assistir ao jogo Corinthians x Cruzeiro terão que disputar os 3.560 ingressos "promocionais" -10% de 35.600, a carga total colocada à venda.
O São Paulo reserva aos seus torcedores a mesma taxa, 10%. "Estamos conscientes de que existe a lei e fomos informados pelos bilheteiros de que há problemas. Mas temos todo o interesse em resolver essa questão", afirmou Luiz Celso de Piratininga, diretor de comunicação do clube.
Durval Colossi, diretor financeiro do Palmeiras, disse que destaca 25% dos ingressos disponíveis para os estudantes, mas que a arrecadação fica comprometida. O palmeirense defende a adaptação das carteiras de estudante a um mesmo padrão, já que a Medida Provisória 2.208/2001 regularizou o uso de quaisquer identificações de institutos de ensino.
"A renda diminui com os descontos para estudantes, menores, aposentados, professores da rede pública [os três últimos contemplados com benefício por causa de outra lei], mas os salários dos jogadores continuam o mesmo. Além do mais, é muito fácil a falsificação dessas carteiras, o que facilita o trabalho dos cambistas. As carteirinhas deveriam ter um código de barra ou coisa do gênero."
A Federação Paulista, responsável pela confecção e distribuição dos ingressos de jogos no Estado, não respondeu à reportagem.



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