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FUTEBOL
Times da capital reservam cotas de ingressos com desconto, irregularidade que gera confusão nas bilheterias
Clubes ferem lei que dá meia-entrada a estudantes de SP
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes clubes de São Paulo
não cumprem a lei que dá direito
aos estudantes ao pagamento da
meia-entrada em espetáculos esportivos, culturais e de lazer no
Campeonato Brasileiro.
Corinthians, Palmeiras e São
Paulo adotam uma cota de ingressos para satisfazer à demanda de
torcedores matriculados no primeiro, segundo ou terceiro graus.
Não é o suficiente. Segundo a
Promotoria do Consumidor do
Estado de São Paulo, a determinação de uma porcentagem de bilhetes para os estudantes fere a lei
estadual 7.844/1992.
O resultado é quase sempre
confusão nos guichês. Os estudantes que chegam à bilheterias
após o fim dos ingressos com desconto só têm uma alternativa se
quiserem entrar no estádio: pagam 100% do valor.
Os clubes não desconhecem a
legislação. Procurados pela Folha,
seus representantes foram unânimes em destacar que separam
uma parte da carga de ingressos
para suprir a necessidade de atender aos estudantes, mas divergem
em relação aos números.
O Corinthians, que manda as
suas partidas do Nacional no Pacaembu, separa 10% da cota total
das entradas para os torcedores
que portam carteira de estudante.
"Trabalhamos com essa taxa
porque, caso contrário, teríamos
que produzir duas cargas inteiras
de ingressos, sem saber quem
compraria um ou outro tipo. Tem
que partir do Ministério Público
ou do Procon uma determinação
da cota. Usamos um critério do
clube", disse Luis César Granieri,
vice de marketing do Corinthians.
Hoje, os torcedores-estudantes
que forem ao estádio assistir ao
jogo Corinthians x Cruzeiro terão
que disputar os 3.560 ingressos
"promocionais" -10% de 35.600,
a carga total colocada à venda.
O São Paulo reserva aos seus
torcedores a mesma taxa, 10%.
"Estamos conscientes de que existe a lei e fomos informados pelos
bilheteiros de que há problemas.
Mas temos todo o interesse em resolver essa questão", afirmou Luiz
Celso de Piratininga, diretor de
comunicação do clube.
Durval Colossi, diretor financeiro do Palmeiras, disse que destaca
25% dos ingressos disponíveis para os estudantes, mas que a arrecadação fica comprometida. O
palmeirense defende a adaptação
das carteiras de estudante a um
mesmo padrão, já que a Medida
Provisória 2.208/2001 regularizou
o uso de quaisquer identificações
de institutos de ensino.
"A renda diminui com os descontos para estudantes, menores,
aposentados, professores da rede
pública [os três últimos contemplados com benefício por causa de
outra lei], mas os salários dos jogadores continuam o mesmo.
Além do mais, é muito fácil a falsificação dessas carteiras, o que facilita o trabalho dos cambistas. As
carteirinhas deveriam ter um código de barra ou coisa do gênero."
A Federação Paulista, responsável pela confecção e distribuição
dos ingressos de jogos no Estado,
não respondeu à reportagem.
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