São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

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JUCA KFOURI

Na rede de ouro

O VÔLEI é o único esporte praticado no Brasil que não vive na base da geração espontânea. O único. Prova disso são as sucessivas vitórias nas últimas duas décadas em todas as categorias, no masculino e no feminino, na quadra e na praia. Justiça seja feita, em trabalho iniciado por Carlos Arthur Nuzman, o atual, e decepcionante, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.
Jogadores e jogadoras de vôlei aparecem do dia para noite porque há trabalho permanente e competente como em nenhuma outra modalidade esportiva no país. Ontem, por exemplo, foi mais um dia do vôlei.
As meninas derrotaram a poderosa campeã olímpica China por 3 sets a 0, em Macau, e garantiram vaga na fase final do Grand Prix. Os rapazes viraram um jogo perdido para a França, na Rússia, com incrível força mental e capacidade técnica. E ganharam o hexacampeonato da Liga Mundial. Se não bastasse, as duplas masculina e feminina ganharam o Mundial sub-21 nas areias polonesas.
A CBV é o inverso da CBF, da CBB e de qualquer outra CB que exista, o COB, inclusive. Para ser verdadeiramente exemplar só falta ser mais transparente, tantas vezes tem sido objeto da desconfiança do Tribunal de Contas da União no trato com o dinheiro público que a abastece.
Ary Graça, seu presidente, poderia se distinguir de seus pares e revelar como e de que vivem os membros da cúpula da confederação de vôlei, porque não há pecado em ganhar dinheiro, ao contrário, desde que de maneira merecida e correta.
Mas talvez seja pedir demais e custasse a ele um alto preço junto aos seus pares de outros esportes. O fato é que dá gosto torcer pelo vôlei brasileiro e acreditar sempre que dá para vencer, mesmo quando tudo parece conspirar a favor da equipe adversária.
Homens e mulheres superam grandes adversários e erros de arbitragem, com as mãos e com a cabeça, também o membro mais importante no esporte e o mais em falta no Brasil. Cabeça que não criou um Guga, no tênis, nem soube aproveitar seu reinado para fazer do país uma potência como, veja lá, a Argentina.
Como não criou nem Pelé, nem Mané, nem os Ronaldos nem ninguém. Todos, como Guga, Adhemar Ferreira da Silva, Maria Esther Bueno, João do Pulo, Gustavo Borges, Aurélio Miguel, Hortência e Paula, Oscar e Marcel, Wlamir e Amaury Pasos (com um "s" só, pelo amor de Deus) - a lista é quase interminável - frutos de si mesmos, talentos extraordinários que simplesmente surgem, do nada.
E pensar que o governo Lula, a exemplo de todos os que o antecederam, desperdiçou mais quatro anos sem que se implantasse uma Política Esportiva no país, capaz de da massificação extrair e conduzir os talentos que se perdem por aí aos nossos centros de excelência. Qual o sertanejo de Euclides da Cunha, o atleta brasileiro é antes de tudo um forte.

E NA F-1...
Bem, não tenho o automobilismo, assim como o boxe, exatamente na conta de esporte. Se tivesse, acrescentaria o lendário Éder Jofre na lista acima, assim como Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello (vá lá...) e... Felipe Massa. Porque foi bonito vê-lo subir ao pódio e, em vez da miserável "sambadinha", chegar às lágrimas de emoção pela vitória inesperada no GP da Turquia. Num domingo que, enfim e como se vê, não deixou espaço para o futebol. Que o São Paulo lidera, apesar de Carlos Eugênio Simon.

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