|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Indisciplina faz técnico cortar o goleiro Marcos do jogo com a Ponte Preta e acirrar conflitos no time
Palmeiras de Scolari se afunda na crise
FERNANDO MELLO
da Reportagem Local
Passados dois meses da conquista da Taça Libertadores, o
Palmeiras vive a maior crise da
era Scolari, que teve início em 97.
Sem vencer há cinco jogos, ocupando a 19ª colocação no Brasileiro e com problemas de relacionamento entre jogadores, comissão
técnica e diretoria, o time tenta se
reerguer hoje à tarde, contra a
Ponte Preta, em Campinas.
Ontem, um problema envolvendo Scolari e Marcos acabou
resultando no corte do goleiro para a partida de hoje.
Marcos saiu do treinamento da
tarde reclamando da atitude de
Scolari de relacioná-lo para o jogo. Com o tornozelo esquerdo enfaixado, o goleiro mal conseguia
andar normalmente.
A contusão ocorreu após um
choque com o atacante Alex Alves, no empate de 2 a 2 com o
Cruzeiro, anteontem à noite, pela
Copa Mercosul.
Visivelmente irritado, o jogador
afirmou que queria ficar em São
Paulo para fazer treinamento intensivo no fim-de-semana. Na segunda, Marcos se apresenta à seleção brasileira, que enfrenta a
Argentina no dia 4 de setembro.
"Queria me cuidar melhor. Não
tenho a menor condição de jogar
contra a Ponte Preta. Estou todo
ferrado. Como vou pôr o pé de
apoio no chão para chutar? Vou a
Campinas apenas para ser mais
um torcedor do Palmeiras", disse
Marcos, antes de ser cortado.
Andando devagar e cabisbaixo,
o goleiro foi até seu carro pegar o
material para a partida. Enquanto
isso, os demais jogadores aguardavam no ônibus que levaria a delegação a Campinas.
Nesse intervalo, o teor da entrevista de Marcos chegou aos ouvidos de Scolari. Imediatamente, o
treinador ordenou que todos descessem do ônibus para uma reunião nos vestiários do Centro de
Treinamento do clube.
Cinco minutos depois, Marcos
saiu em direção a seu carro, com a
bolsa com material esportivo a tiracolo. Scolari havia cortado o goleiro por indisciplina. Revoltado,
o jogador comentou: "O tratamento aqui é diferente."
Scolari e os jogadores palmeirenses entraram no ônibus e partiram rumo a Campinas.
Essa foi a segunda polêmica que
envolve Marcos em apenas uma
semana. No jogo de domingo passado, diante do Gama, o goleiro
reclamou que a união existente na
equipe na campanha da Libertadores havia sido perdida. "Alguns
estão correndo mais do que outros", dissera o jogador.
A declaração irritou os companheiros de grupo, que o interpelaram. Zinho e Júnior acharam que
Marcos havia se referido a uma
discussão ocorrida entre o meia e
o lateral no último treino para o
jogo com o Gama. "Reconheço
que falei demais", disse Marcos,
na quarta-feira.
Dois dias antes, o técnico Scolari havia convocado uma reunião
entre os jogadores para que "a
roupa suja" fosse lavada.
A relação entre o técnico palmeirense e os demais jogadores
também não anda bem. "Muitas
vezes somos mal compreendidos
por nossas atitudes. Na hora em
que eles (os jogadores) acharem
que precisam de alguém gritando,
apoiando, cobrando à beira do
gramado, vou voltar a ser como
era antes", afirmou Scolari ontem, sobre sua mudança de perfil
durante os jogos do Palmeiras.
É esse Palmeiras conturbado
que entra em campo hoje para reverter a péssima situação no Brasileiro. "Estamos enforcados. Temos que trabalhar muito para
voltar a ser o time que conquistou
a Libertadores", disse Scolari.
NA TV - Globo e Bandeirantes
(menos para as cidades de
São Paulo e Santos), ao vivo, às 16h
Texto Anterior: Técnicos são novos astros Próximo Texto: Confronto tem inversão de papéis Índice
|