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Competição, que teve realização ameaçada, começa hoje em meio a sucesso de atletas do país
Mundial testa redenção argentina em ano de crise
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que conheceu uma
das piores crises de sua história, a
Argentina busca a partir de hoje
coroar a redenção de sua imagem
pelo esporte com a organização
do Mundial masculino de vôlei.
As cenas de saques e protestos
no fim de 2001, que provocaram a
queda do presidente Fernando de
la Rúa e deixaram saldo de 30
mortos, somadas à grave crise financeira do país transformaram a
realização do Mundial na Argentina em uma incógnita.
No último ano, os argentinos
estiveram diversas vezes na iminência de perder o torneio, cujo
slogan é "Levantemos Argentina", em declarada alusão à crise
política e econômica do país.
No mesmo período, no entanto,
na contramão da seleção de futebol que teve atuação pífia na Copa
do Mundo, os atletas argentinos
voltaram a quebrar tabus nos chamados esportes amadores.
O maior feito foi obtido em Indianápolis pela equipe masculina
de basquete, no início deste mês.
Os argentinos não só acabaram
com a invencibilidade do "Dream
Team" norte-americano como
chegaram à uma inédita decisão
de Mundial -perderam o título
para a equipe da Iugoslávia.
Na natação, Jose Meolans conquistou o ouro nos 50 m livre e a
prata nos 100 m livre no Mundial
de Moscou, em abril. A última
grande conquista argentina havia
sido obtida por Luis Alberto Nicolao, que estabeleceu, no Rio, em
1962, o único recorde mundial do
país -57s nos 100 m borboleta.
Os tenistas argentinos também
quebraram tabus neste ano. David Nalbandian, em junho, tornou-se o primeiro finalista latino-americano de Wimbledon na
chamada era aberta (desde 1968).
Na Copa Davis, a equipe do país
voltou a jogar uma semifinal, o
que não ocorria desde 1990.
Em 2002, os argentinos conquistaram sete títulos da ATP
-Guillermo Cañas (Chennai e
Toronto), Nalbandian (Estoril),
Gaston Gaudio (Barcelona e Mallorca), Jose Acasuso (Sopot) e
Juan Ignacio Chela (Amersfoot).
No boxe, Pablo Chacón e Omar
Narvaez sagraram-se campeões.
Enquanto os atletas argentinos
obtinham bons resultados, a organização do Mundial enfrentava
dificuldades econômicas e a desconfiança da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Em março,
o presidente da entidade, Rubén
Acosta, ameaçou mudar a sede do
torneio por causa do atraso nas
obras do ginásio de Córdoba, único construído para a competição
e sede das partidas do Brasil.
No mesmo mês, os organizadores precisaram arrumar novas sedes para dois grupos, após a desistência de Catamarca e Rosario.
O Comvol (Comitê Organizador do Mundial) contou com ajuda de US$ 472 mil do governo.
Também é do poder público o
plano de segurança do torneio.
Há cinco dias do início do Mundial, os presidentes do Comvol e
da FIVB se desentenderam. O comitê reclamou ter recebido só
US$ 560 mil do US$ 1,15 milhão
prometido pela entidade que dirige o vôlei. Segundo a FIVB, a dívida argentina relativa à Liga deste
ano foi descontada da verba.
Para os organizadores, ainda é
cedo para prever se haverá sucesso de público. Os ingressos para o
jogo entre Argentina e Austrália,
hoje, em Buenos Aires, no entanto, estão praticamente esgotados.
Com agências internacionais
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