São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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Brasil "encolhe" e contraria tendência mundial

DA REPORTAGEM LOCAL

Contrariando a tendência do vôlei masculino mundial, de equipes cada vez mais altas e que privilegiam a força, o Brasil chega ao Mundial da Argentina com um time que possui média de altura inferior ao do que participou da última edição do campeonato.
Em Tóquio-1998, a seleção tinha média de altura de 1,97 m, a mais alta desde que o país entrou para a elite do vôlei com a geração de prata no Mundial-1982, que possuía média de 1,92 m.
Neste ano, os jogadores têm 1,94 m -mesma medida da equipe do Mundial de 1994 e um centímetro a menos do que a de 1990.
A baixa estatura é apontada pelo técnico Bernardinho como umas das deficiências da seleção em relação às demais potências, como Rússia, Itália e Iugoslávia. Tanto que a principal aposta do treinador no Mundial é o meio Rodrigão, de 23 anos e 2,05 m, o mais alto brasileiro na Argentina.
Como vários titulares sofreram contusões na última semana, Bernardinho pretendia estrear com o jogador. No entanto, Rodrigão esqueceu o passaporte ontem e não pôde viajar para Córdoba. Sua chegada está prevista para hoje. Com isso, amanhã a seleção deve ter Gustavo e Henrique no meio.
Para Bernardinho, por contar com ponteiros baixos porém habilidosos (Giba, por exemplo, tem 1,92 m), sua seleção é extremamente dependente do passe.
Se não recebe o passe nas mãos, o levantador Maurício tem dificuldade para armar as jogadas, facilitando o bloqueio do rival.
"Nosso saque também tem que funcionar muito bem. Só se quebrarmos o passe dos adversários teremos chances de bloqueá-los", completou Bernardinho.
Nas três semanas de treinamentos realizados no Rio após o vice-campeonato da Liga Mundial, o técnico deu especial atenção ao bloqueio e à defesa da seleção.
"Nossas falhas estavam nas bolas fáceis, por causa de erros de posicionamento. Com o bloqueio melhor, a defesa também está melhor", declarou Rodrigão.
Ontem, após a chegada, a seleção treinou em Córdoba. Bernardinho só deve anunciar o time momentos antes da estréia, contra a Venezuela.
Se não tem altura ideal, o time que busca o inédito título na Argentina é o com maior média de idade dos últimos 20 anos (26,5).
A equipe medalha de prata em 1982 tinha média de 22,9 anos. Quatro anos depois, com a mesma base e apenas três novidades no time, subiu para 26 anos.
Em 1990, com a ascensão de jogadores novatos que formariam a seleção campeã olímpica em Barcelona-1992, a equipe rejuvenesceu -22,7 anos. Em 1994, com a mesma base, chegou a 25 anos.
Nos últimos anos, o Brasil passou por uma renovação gradual.
Com a chegada de Gustavo, Giba e Nalbert, o time manteve média parecida em 1998 -24,5 anos. O time atual sofreu o mesmo processo, com a mescla de novatos como Dante, 22, e André Nascimento, 23, com experientes como Maurício, 34, e Giovane, 32. (ML)


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