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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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Guga ganha...Guga perde...Guga perde...

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL À COSTA DO SAUÍPE

Foi um bom começo. Com discurso de recuperação, física e técnica, Gustavo Kuerten abriu a temporada 2003 em Auckland com cinco vitórias e um título. Mas foi apenas um bom começo.
Eliminado na segunda rodada do Aberto da Austrália, perdeu com o Brasil na Davis contra a Suécia, mas chegou à semifinal em Buenos Aires e Acapulco. Uma melhora? Sim, parecia. Tanto que, pouco depois, estava decidindo em Indian Wells o primeiro Masters Series do ano, a série inferior apenas ao Grand Slam. E contra o número um de então, o australiano Lleyton Hewitt. Era seu melhor momento desde a cirurgia no quadril direito. Perdeu.
E caiu. Eliminado na estréia em Miami, no quarto jogo em Barcelona, também na estréia em Roma, na terceira partida em Hamburgo. Roland Garros? Perdeu no quarto jogo. Para completar o primeiro semestre, não passou da segunda rodada em Wimbledon.
Houve um suspiro no cimento. Em Los Angeles, sobreviveu até a terceira rodada. Mas foi apenas um suspiro. Primeiro grande fiasco, foi derrotado pelo 314º do mundo em Montréal. Em Cincinatti, pelo 30º. Em Long Island, pelo 22º. E, finalmente em Nova York, novo vexame, na estréia contra o 173º, após cinco sets.
No início do mês, fez sua única defesa de título do ano e falhou na semifinal. Na Costa do Sauípe, no entanto, já estava com outro discurso, bem diferente daquele do começo da temporada, pretérito, retrospectivo, resignado. Guga se conforma em terminar o ano entre os 20 melhores do mundo?
Com mais de US$ 14 milhões no bolso, namoro firme e se dizendo "desencanado", aparentemente sim. Mas o público, uma legião formada do nada a partir de 1997, quando conquistou de forma surpreendente o primeiro de seus três títulos em Paris, não. Daí a verdadeira avalanche de análises e tentativas de explicação para a temporada atípica, para o pior ano do maior e mais premiado tenista brasileiro da história.
Guga não precisa mais do tênis? O tênis brasileiro não espera pela resposta e responde que ele, o esporte, precisa dele, seu melhor jogador. E de forma eloquente, desesperada, como ficou evidente na derrota para o Canadá, no último final da semana, o adeus ao Grupo Mundial da Davis pela primeira vez desde 1997 -ou desde que existe um Guga em quadra.
Se para Gustavo Kuerten a era Guga já lhe parece suficiente, o tênis, o público e o país não parecem preparados para tanto. Por mais que seja um feito manter um top 20 no circuito e quando não há nenhum candidato à sucessão.
Atrás de respostas, a Folha foi a Florianópolis e acompanhou o tenista na Bahia para desvendar o pequeno universo do tenista. Existem vários problemas. Na família, na relação com Larri Passos, com seu estado físico e com seu jogo. Há poucas soluções. O principal, no entanto, é a certeza de que nada disso o incomoda.


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